domingo, 3 de outubro de 2021

ARTIGO - Um prumo para o centro! (Padre Carlos)

 

O centro é de fato um pendulo nesta arena?

 



Quando percebemos cada vez mais a dificuldade que os partidos de centro têm encontrado para construir uma terceira via, passamos a entender que ela está relacionada ao afastamento das massas com este seguimento político e o distanciamento das suas idéias originais. Como disse David Hume, a relação de causalidade ou a relação entre causa e efeito são inevitáveis, assim, entendemos que este é o resultado das escolhas que os partidos da social-democracia que nos dirigiram nestas três décadas fizeram.


A volta da pobreza e da desigualdade, a desagregação social, a violência generalizada, o desencanto dos jovens com a política e a tolerância com a corrupção, tem muito haver com a tomada de decisão que alguns políticos do centro fizeram.

Se o centro é de fato um pendulo nesta arena, ele se esqueceu de sintonizar com o “espírito do tempo”, perdendo assim o vigor transformador. Enquanto a realidade se transformava, nossos atores continuavam com as idéias do passado.

Para criar uma frente e formar um pacto político, precisamos entender que hoje a divisão entre presente e futuro é mais importante que entre capitalistas e trabalhadores. Quando o centro faz Opção pela disputa entre corporações, de capitalistas ou de trabalhadores, deixa de fazer seu papel moderador e passa a governar ou engrossar o bloco da oposição sem buscar coesão social e rumo histórico.

Os partidos de centro precisam atingir seus objetivos iniciais muito rapidamente se quiserem entrar no jogo e com o uso de poucos recursos, geralmente atribui-se esse sucesso todo a uma “sacada”, aquela ação ou idéia “genial” que mudou o rumo da política como um todo. A isso, damos o nome de “bala de prata” ou voltar as suas origens, ser de fato o centro político.

Não podemos substituí propostas de um mundo melhor para as futuras gerações, por promessas de maior consumo no presente; criamos consumidores sem consciência política, não cidadãos. Não podemos ceder à tentação de cair no oportunismo eleitoral, temos responsabilidade como agente político e precisamos ter coragem de dizer para a nação que a justiça social vem da aplicação correta e responsável dos resultados de uma economia eficiente; que no mundo global não há mais futuro para economias movidas por nacionalismos isolados.

Não podemos esquecer que educar está muito além de apenas levar informação e construir conhecimento, porque essa ação reflete em vários sentidos na vida de uma pessoa. Desta forma, a educação para todos é fundamental para sairmos desta situação de subdesenvolvimento. A democratização do saber passa pelos filhos de pobres e de ricos em escolas com a mesma qualidade é condição sem a qual não conseguiremos atingir nossos objetivos. Precisamos acreditar que a igualdade educacional com qualidade é a única forma de acabar com a Casa Grande.


Nesta trajetória de buscar traduzir a conjuntura e buscar construir elementos que possam nos levar a construção de um projeto de nação, nossos intelectuais precisam aprender que nem sempre colocamos no papel o que queremos. Porque nem sempre o que queremos reflete o verdadeiro sentido do objeto de estudo que é, e sempre será, ensinar o homem e a mulher, a pensar. Nossos intelectuais ficaram acomodados em idéias antigas, filiações partidárias, fascínio por líderes. Substituíram idéias por slogans, filósofos por marqueteiros.

Precisamos neste momento de uma bússola e uns prumos para encontrar nosso rumo e não  esquecer jamais, que não existe pacto se o povo não for convidado a sentar a mesa para participar desta festa democrática.

 

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