domingo, 24 de outubro de 2021

ARTIGO - O problema de Lula não é o mel, são as abelhas (Padre Carlos)

O problema de Lula não é o mel, são as abelhas

 




Não podemos negar que Lula é um dos maiores estrategista político que este país já conheceu, mas isto não lhe credencia a brincar de roleta russa quando flerta com o centrão e as forças que entregaram o país ao capital estrangeiro e colocaram o Brasil nesta situação que se encontra. Peço licença ao estimado leitor para explicar através de uma analogia o que eu quero dizer: vocês sabem o que é que a colméia faz quando a rainha não está em condições de cumprir a sua função? Coloca-se toda em cima dela, fazendo aumentar insuportavelmente a temperatura, até que ela acabe sufocada. Qualquer semelhança entre as articulações de Lula e o Impeachment de Dilma Rousseff, não é mera coincidência nem tampouco uma repetição farsesca da história.

A direita está agonizando devido a suas escolhas e nesta agonia, o país assiste o candidato da esquerda entregar-se à sua Síndrome de Estocolmo: preferir o centrão e seus caciques regionais tem o simbolismo de identificar com seu raptor ou de conquistar a simpatia do seqüestrador. Por isto, podemos dizer que consideramos estas articulações como uma doença psicológica aleatória. Todas as sondagens mostram que a direita toda somada não chega sequer às intenções de voto da esquerda, por isto entendemos que estes acordos podem levar o país a reviver o consocio que se formou entre as estatais e o aparelho do governo.

É neste contexto que ressurge a vocação do PT e do centro esquerda: ser pragmática.  Mais uma vez estamos prestes a vê estas correntes adequar seus interesses em prol de um pacto e da governabilidade, defendido no calor do ativismo político e dos interesses dos profissionais que a “esquerda” formou ao longo destas duas décadas conciliar com o mercado e a burguesia nacional.

Sabemos que não será possível devido a correlações de força no Congresso, fazer tudo o que se deseja o que implica em, às vezes, ter que realizar o que não pretende. O que não sabemos neste período pré-eleitoral é o que teremos que abrir mão? Como diz o poeta: “Em tenebrosas transações.”

É o pleno exercício da renúncia, que seu líder está materializando em favor de uma sociedade menos turbulenta. E isto desculpe os militantes mais exaltados, num país cada vez mais pobre, cada vez mais corrupto, onde se morre cada vez mais (e não estou falando de mortes por Covid19) e onde se faz fila para receber ossos, é coisa que não se compreende. Ou melhor, compreende: prometendo distribui "privilégios" imediatos a um rol de clientelas que tem voto, o PT vai assegurando o seu retorno ao poder.

 

 

 

 


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