segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

ARTIGO - Precisamos de uma Frente Democrática (Padre Carlos)

 


Precisamos de uma Frente Democrática

 


Quando nossa experiência de décadas vivida fala mais alto e a nossa análise aponta para uma frente democrática, queremos dizer que devemos ser cuidadosos e evitar o triunfalismo, como vem acontecendo com certos setores da esquerda. Fico preocupado quando vejo dirigentes partidário pregando ideias simplista e infundada de que nosso êxito está ali dobrando a esquina, que não precisamos de alianças com setores liberais e democrático e que o futuro já foi escrito na “estrela” que necessariamente nós seremos os vencedores. Sejam quais forem nossas vitórias, não podemos deixar de ver que nos últimos anos a maré de mudança política tem se movido rápida e impiedosamente contra nós.

            Nossas derrotas e reveses – demasiadamente numerosos para listá-los nesta breve artigo – impuseram por todos os lados
restrições à natureza de nossa resistência. Temos lutado não apenas contra a ascensão do bloco neoliberal e da direita reacionária, mas também contra nosso próprio pessimismo, o pessimismo que brota diante de tantas perdas de direitos e derrotas, causando no campo progressista uma falta de sonhos e utopias.

É necessário ter uma clara
convicção de que outro mundo é efetivamente possível e para isto precisamos de um grande pacto político, por isto, não justifica este comportamento por parte de alguns setores da esquerda de criticar e condenar todas as iniciativas que vão surgindo. As alianças no campo político não representa necessariamente um casamento com quem amamos e queremos ficar o resto das nossas vidas, mas de um projeto político que se possa abrir mão de algo para avançar em outros pontos. Desta forma, não podemos nos resignar à ideia de que é suficiente ganhar as eleições e tirar Bolsonaro, isto é, “realizar o bom comba-
te” e botar a culpa na oposição de não podermos realizar as mudanças necessárias. Não podemos nos eximir da responsabilidade de encontrar as maneiras de ir mais adiante. Só assim, poderemos perdoar nossa própria prática mesquinha e des-cuidada, de não saber governar para todos e com todos. O que a esquerda acadêmica esquece é que não foi fácil
garantir que cada brasileiro pudesse tomar café da manhã, almoçar e jantar e isto só foi possível devido às alianças com setores liberais e democráticos, para que os programas sociais fossem aprovados.

           

A luta contra este inimigo tem se revelado mais complicada do que pensávamos. Mesmo assim, confesso aos senhores que não tem sido fácil, mas o grande inimigo que temos que enfrentar se encontram na nossa luta interna contra a preocupante ideia de que nos resta unicamente uma resistência nobre, mas sem esperanças. Tenho certeza que podemos refazer nossa caminhada, mas para isto será necessário construirmos pontes e alianças com alguns setores da sociedade, para que possamos reverter o desmonte que fizeram no Estado brasileiro.


Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente temos que aceitar e ajustar as nossas diferenças.

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