terça-feira, 11 de agosto de 2020

ARTIGO - Se é negro é suspeito, se é suspeito é negro (Padre Carlos)




Se é negro é suspeito, se é suspeito é negro

 

Quando o ator Will Smith disse que o racismo não aumentou, apenas está sendo filmado e despertando indignação, parece que ele estava falando da realidade que vivemos no Brasil. Podemos dizer que os dois grandes problemas que tem chocado a sociedade no último tempo, tem sido o preconceito racial e o social, estes ainda estão bem presente na sociedade, fruto de uma cultura de privilégios de uma elite escravocrata que insiste em continuar fazendo parte na nossa sociedade neste novo milénio.

Assim, ao assistir o jovem Matheus, sendo agredido e ameaçado, por ter entrado em uma loja para trocar um relógio que daria de presente para o pai, confesso aos senhores que comecei a chorar. Esta cena dos policiais fez com que, tomássemos consciência da gravidade dos fatos que vem ocorrendo e a amplitude do grau de apartheid que chegou nossa sociedade.

Não podemos negar que a mesma imprensa que ajudou abrir a caixa de pandora para dar um golpe na democracia, hoje ficam indignada como se não tivessem uma parte desta culpa por tudo que esta acontecendo. Para defender a saída do antigo projeto de governo, tiveram que recriar um discurso de classe e um tipo de supremacia de raça que tanto tem prejudicado a democracia e escancarado o preconceito racial e de classe no Brasil.
Outro fato que chamou a atenção de todo país, foram as cenas de supremacia social protagonizadas por um desembargador em uma praia na cidade de Santos.
Aquele encontro filmado não pode ser classificado como supremacia branca porque o guarda estava coberto de farda, quepe e máscara, mas é um retrato da supremacia social que impera no Brasil desde sempre.
O desembargador fez o que há séculos fazem os ricos instruídos diante de quem lhes parece pobre e analfabeto. Mesmo depois da abolição da escravidão e da proclamação da República, o Brasil continua aceitando a supremacia social.
As elites econômicas e uma certa classe média se sentem portadoras de uma nobreza medieval, que as põe em patamar que daria direito à superioridade social, quase sempre identificada, também, como supremacia racial em um país onde a riqueza é branca e a pobreza é negra.
Chamando o guarda de analfabeto e rasgando a notificação da infração, ou agredido, um jovem negro por ter entrado em uma loja para trocar um relógio simbolizam de forma explícita o sentimento de superioridade.

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