Vitória da Conquista e seu sino
O assunto que vou partilhar com
vocês hoje, me fez pensar uma frase de Guimarães Rosa, ela é de muita sabedoria
e diz assim: Deus nos dá pessoas e coisas para que possamos aprender a alegria.
Depois, Ele retira pessoas e coisas para ver se já somos capazes de ser alegre
sozinho. É esta alegria que Ele quer da gente, que sejamos capazes e
responsáveis pela nossa própria alegria.
O conquistense não se conformava com o silêncio do sino, chegando ao ponto
de reclamar com Hostenes, o secretário da paróquia sobre o transtorno que a
falta do tilintar daquelas batidas faziam na sua rotina. E assim, criou-se um clima de insatisfação entre os
católicos. Alguns diziam que o verdadeiro motivo seria a reclamação de
perturbação pelo toque do sino por parte de um morador daquela redondeza,
embora não exista nenhuma queixa por parte da vizinhança por cerca de 50 anos.
Até a década de sessenta
do século passado, podíamos presenciar no dia a dia da vida das pequenas e
médias cidades brasileira, as batidas dos sinos convidando a população para as
mais diversas ações litúrgicas, como missas, novenas de Semana Santa e
vias-sacras. Segundo o saudoso Irmão Pascoal do Mosteiro de São Bento, existia
uma melodia para cada momento da vida de uma pessoa:
– As badaladas soavam na hora do nascimento, do batismo, do Casamento e da
morte.
O
toque fúnebre não só informava da morte, mas passava a mensagem aos familiares
e aos amigos de que eles deveriam se preparar para as futuras homenagens.
Segundo o monge, poderia saber só pelo toque do sino se tratava de homem ou
mulher. Infelizmente, os toques foram se perdendo ao longo
do tempo porque o conhecimento do sineiro era transmitido oralmente
– explicava o religioso.
O certo, é que a música dos sinos era uma experiência de levitação espiritual.
Quando os fieis ouviam, algo dentro deles, se assustava e subia às alturas.
Poderias dizer que se tratava de uma sensação física de libertação e ao mesmo
tempo de espiritualidade e obediência.
2 comentários:
Muito bom o seu artigo meu "cumpadi" Padre Carlos, eu particularmente não sabia que existia um toque para cada solenidade. E falar de sino me remete a minha infância quando no natal em coro a gente cantava: 'bate o sino pequenino, sino de Belém..."
Obrigado compadre!
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