Criar dificuldades para vender facilidades.
A norma dos maus administradores, dos maus políticos, dos maus gestores públicos e daqueles a quem sequer de longe podemos chamar de exemplo de uma grande liderança é esta: Criar dificuldades para vender facilidades. Será que hoje ainda existem pessoas que criam dificuldades para vender o “seu peixe”? Com certeza sim. Mas não são estes que fazem sucesso. Estes são os medíocres que sobrevivem na esteira do sucesso dos outros. São estes que reclamam o tempo todo da antiga administração e só olham para o passado com o único intuito de esconder sua incompetência.
Mas o que me chamou a atenção para ligar os fatos sobre o conceito de criar dificuldades, foi o áudio atribuído a secretária de Governo, Geanne Oliveira, que foi veiculado nas redes sociais em que ela diz que os servidores com contratos temporários da Secretaria Municipal de Educação (SMED) seriam dispensados, em razão da crise econômica que passa o município provocada pela pandemia que se alastra pelo país. Assim, segundo o áudio, a Prefeitura pretende fazer um corte nos quase 2.200 contratos que a administração municipal vem estabelecendo, para sobrarem recursos a serem aplicados no enfrentamento da crise provocada pelo novo coronavírus.
Para os leigos em comunicação de massa, não passou de uma fatalidade o áudio vir a público, mas na verdade, a possibilidade do corte dos referidos contratos, supostamente admitida pela secretária em um primeiro momento e posteriormente abandonada pelo prefeito, ao menos por enquanto, é mais um episódio que denota uma estratégia política e de comunicação do governo municipal. O enredo é sempre o mesmo: o assunto vaza ou é colocado abertamente pelo governo e, diante das reações públicas, é enterrado. Além de acalmar as reações de seu eleitorado e testar seus limites, o prefeito ou seus aliados ainda aproveitam para tentar colocar na conta da crise eventual cortes de gratificação e eventual desfecho sobre uma possível medida provisória sobre redução de salário. Desta forma, tenta desfazer todo mal-estar inicialmente criado pela sua subordinada.
Não foi a primeira vez que o governo municipal usa esta estratégia, quando manteve por duas semanas a suspensão temporária de uma parte do comércio. Porém, ao sofrer uma forte pressão dos seus aliados que até a semana passada divulgava na imprensa sua posição: "em mensagem ao Prefeito, a CDL sugere a reabertura imediata do Comércio Varejista e Atacadista em Vitória da Conquista", no domingo Herzem assinou decreto autorizando o funcionamento das lojas de rua. Diante dos protestos do Conselho Municipal de Saúde, da Câmara de Vereadores e da população e um desgaste político de grande proporção, além do mal-estar provocado por este decreto que causou uma comoção em toda a comunidade, o prefeito em menos de 24 horas depois da decisão de autorizar o funcionamento das lojas, revogou o decreto e determinou o fechamento do comércio.
O prefeito, além de ser um admirador do Presidente Bolsonaro, tentou copiar suas ações em relação a crise instalada pelo coronaviros. Acredito que Herzem pensou que seria como a quatro anos atrás, quando surfou na onda do antipetismo em 2016, assim da mesma forma que este comportamento abalou a confiança do presidente diante da população, também atingiu a popularidade do prefeito que já não era boa mas dava sinais que poderia reverter o quadro.
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