sábado, 20 de março de 2021

ARTIGO - Não existe vácuo de poder. (Padre Carlos)

 


Não existe vácuo de poder.

 


Quem está alguma década na política, sabe que o poder não aceita o vácuo: quem o detém, precisa ocupar todos os seus espaços, com esta implicação: todos os que contam com alguma parcela dele, disputam com os demais detentores a preponderância em cada um dos espaços.


    A falta de capacidade de governar e o despreparo do presidente para assumir tal tarefa vêm provocando um vácuo na política interna e externa brasileira. Esta conjuntura tem proporcionado o ex-presidente Lula a ocupar não só o centro da esquerda, mas um centro que transcende seus aliados de primeira hora, dentro do atual cenário político. Desta forma, estamos presenciando cada vez, mas o petista surfando dentro de um vazio deixado por Bolsonaro no combate a pandemia a crise econômica e a política internacional.

        Nesta semana dois fatos chamaram nossa atenção, a primeira foi à forma de discurso conciliador e buscando consolidar seu nome dentro de uma frente anti-fascismo que seus concorrentes estão construindo para isolá-lo na esquerda. O segundo foi às entrevistas aos jornais europeus e americanos, assumindo uma posição de oposição a utradireita. A capacidade de Lula se projetar internacionalmente é impressionante, através do seu carisma e da sua oratória que muitas vezes faz nos lembrar dos estadistas do pós-guerra. Assim, como toda astucia de um político experiente, aproveitou este espaço, para convocar as lideranças das maiores economias a tomarem uma posição política em relação às vacinas para os países mais pobres.

A estratégia petista tem como base dois discursos: um interno buscando ferir seu adversário na legitimidade do poder e um segundo, mostrando a Europa através do El País, Le Monde e aos Estados Unidos pela CNN internacional, o perigo que um genocida pode causar a uma nação e ao mundo

        Com relação ainda as articulações internas, o petista precisa formar uma frente que transcenda a bolha de esquerda e passe a deslocar o centro como fez em 2002 e assim possa não só ter chances reais de se eleger, mas de criar uma coalizão que lhe der garantias de governabilidade.


    Assim, aprendemos ao longo da vida que não existe vácuo na política. Quanto maior a debilidade do presidente, em tese a figura mais poderosa da República, maior o protagonismo de outras autoridades. É essa lógica que explica o sucesso que o ex-presidente vem alcançando nos últimos dias nos país do primeiro mundo, claro que se não existisse o prestígio de Lula no cenário mundial isto não estaria acontecendo. Com o agravamento da epidemia de coronavírus no Brasil e ao negar a gravidade da pandemia, Bolsonaro com sua visão negacionista ajudou muito para esta nova conjuntura. 

 


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