terça-feira, 9 de março de 2021

ARTIGO - O Padre Antônio Vieira e Flavio Bolsonaro (Padre Carlos)

 


O Padre Antônio Vieira e Flavio Bolsonaro



 

Quando tomei conhecimento da compra de uma mansão por parte do senador Flavio, ao custo aproximado de 6 milhões de reais (1,06 milhão de dólares),pensei na quantidade de imóveis que estes políticos tinham comprado com (dinheiro em espécie) e, como é tradição da família Bolsonaro realizar suas transações desta forma, imaginei o senador com varias sacolas de dinheiro para concretizar a compra.  Não sei por que veio à mente a imagem do Padre Antônio Vieira pregando em Lisboa em meados do século dezessete denunciando no seu célebre Sermão do Bom Ladrão como o reino lusitano estava corroído. Falava na sua pregação da roubalheira que era comum entre os agentes do governo e que se dava de diversas formas que ele pôde bem classificar.


Disse ele: “Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o mero e misto império, todos eles aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam, e, para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos”.

E continuou: “Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem e, gabando as coisas desejadas aos donos delas, por cortesia, sem vontade, as fazem suas. Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito, e basta só que ajuntem a sua graça, para serem quando menos meeiros na ganância. Furtam pelo modo potencial, porque, sem pretexto, nem cerimônia, usam de potência. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem o fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos”.

Quatro séculos depois se descobre que esse triste quadro se reproduz em terra brasileira. Com a chegada do baixo clero ao poder vamos presenciar as rachadinhas em todos os cantos da República e não sabemos ainda quando os brasileiros acordarão se dando conta que estamos a viver o furto em todas aquelas direções e dimensões. Como lá no Século XVII o Reino de Portugal estava podre, cá está podre no Século XXI a República do Brasil.


Nem o Padre Vieira nem este pobre articulista consegue entender como este jovem congressista não descobriu sua verdadeira vocação, corretor! Esse foi o 20º imóvel que ele negociou em 16 anos. Ainda assim, na sua declaração entregue à Justiça Eleitoral, em 2018, disse ter 1,74 milhão de reais em patrimônio. Seu salário líquido como senador é de 24.900 reais.

 


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