Uma Democracia de Três Vinténs
Quem teve a oportunidade de ler a “Ópera dos
Três Vinténs”, de Bertold Brecht, pode traçar um paralelo da “República de
Weimar”, na Alemanha dos anos 1920, com a atual democracia brasileira. Ambas
frágeis e dominadas por grupos nada republicano ameaçam nosso futuro. Quando chamo a atenção do leitor, para este
fato, quero expressar para o tipo de democracia que eu sempre lutei.
Tão grave quanto o Banco Central ter plena
autonomia (em relação ao governo) para assentir os quereres do mercado, é ter
um Estado que usa sua pesada mão (para o bem e para mal) sem considerar nada
mais. Daí, a democracia ser o melhor sistema, pois é o único que tem mecanismos
para contrabalancear os interesses do Estado, da sociedade e do mercado - uma
democracia consolidada, plena, pujante, não esse frágil arremendo que temos no
Brasil.
A autonomia absoluta do Banco Central, que
José Serra e sua turma defendiam, era na verdade uma forma de engabelar a
democracia e poderem instituir o mercado como fiel depositário da política
monetária. Democracia na verdade, pressupõe que o eleitor que escolheu seu
candidato e projeto político, (no Brasil chamado presidente da República), possa
tomar as decisões que julgue convenientes, entre elas o nível dos juros, o
câmbio, o déficit ou superávit fiscal adequado etc.
Nessa semana mais uma alta
no preço da gasolina, diesel e GLP nas refinarias. O litro da gasolina já está próximo
dos R$ 7,00 em uma escalada de preço nunca visto. A Petrobras reajustou várias
vezes os combustíveis no primeiro semestre de 2021. Esses aumentos impactaram
diretamente ou indiretamente em praticamente todos os segmentos da economia,
pois é a principal fonte de energia no transporte de mercadorias e de pessoas,
além do preparo diário das refeições – contribuindo significativamente no
descontrole da inflação.
Em
dois anos e meio de Governo, o Ministro da Economia foi perdendo a
credibilidade junto a seus pares, e também o respeito diante da falta de
sensibilidade para lidar com o cargo e o peso de suas palavras, principalmente
no que se refere à fome e a pobreza no país. “Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque
choveu menos?”, questionou nesta quarta-feira, 25 de agosto, desconsiderando
que a alta afeta famílias e produtores. “Não adianta ficar sentado
chorando”, afirmou um dia depois, no Senado. Não
foram as únicas falas da semana. “A inflação está subindo no mundo inteiro. A
nossa pode chegar a 7% ou 8%, que estaremos ainda dentro do jogo”, afirmou
alguns dias atas, este aumento que tanto afeta os mais pobres, e que também
representa um estouro da meta da inflação do Brasil.
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