segunda-feira, 30 de agosto de 2021

ARTIGO - A atual democracia brasileira é frágil e dominadas por grupos nada republicano

 

Uma Democracia de Três Vinténs

 


Quem teve a oportunidade de ler a “Ópera dos Três Vinténs”, de Bertold Brecht, pode traçar um paralelo da “República de Weimar”, na Alemanha dos anos 1920, com a atual democracia brasileira. Ambas frágeis e dominadas por grupos nada republicano ameaçam nosso futuro.  Quando chamo a atenção do leitor, para este fato, quero expressar para o tipo de democracia que eu sempre lutei.


Assim, gostaria de afirmar, que queremos uma democracia que seja um sistema político capaz de controlar o mercado e não o contrário como vem acontecendo nos últimos tempos. Não podemos mais aceitar um regime meia-boca, como este do centrão e dos tais "neoliberais. Não estou pregando um regime onde o Estado baixe os seus tentáculos sobre tudo e todos, mas não podemos admitir a cesta básica o salário mínimo e o preço dos combustíveis não sendo encarado como prioridade para o bem está dos brasileiros.

Tão grave quanto o Banco Central ter plena autonomia (em relação ao governo) para assentir os quereres do mercado, é ter um Estado que usa sua pesada mão (para o bem e para mal) sem considerar nada mais. Daí, a democracia ser o melhor sistema, pois é o único que tem mecanismos para contrabalancear os interesses do Estado, da sociedade e do mercado - uma democracia consolidada, plena, pujante, não esse frágil arremendo que temos no Brasil.

A autonomia absoluta do Banco Central, que José Serra e sua turma defendiam, era na verdade uma forma de engabelar a democracia e poderem instituir o mercado como fiel depositário da política monetária. Democracia na verdade, pressupõe que o eleitor que escolheu seu candidato e projeto político, (no Brasil chamado presidente da República), possa tomar as decisões que julgue convenientes, entre elas o nível dos juros, o câmbio, o déficit ou superávit fiscal adequado etc.

Nessa semana mais uma alta no preço da gasolina, diesel e GLP nas refinarias. O litro da gasolina já está próximo dos R$ 7,00 em uma escalada de preço nunca visto. A Petrobras reajustou várias vezes os combustíveis no primeiro semestre de 2021. Esses aumentos impactaram diretamente ou indiretamente em praticamente todos os segmentos da economia, pois é a principal fonte de energia no transporte de mercadorias e de pessoas, além do preparo diário das refeições – contribuindo significativamente no descontrole da inflação.

Em dois anos e meio de Governo, o Ministro da Economia foi perdendo a credibilidade junto a seus pares, e também o respeito diante da falta de sensibilidade para lidar com o cargo e o peso de suas palavras, principalmente no que se refere à fome e a pobreza no país.  “Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”, questionou nesta quarta-feira, 25 de agosto, desconsiderando que a alta afeta famílias e produtores. “Não adianta ficar sentado chorando”, afirmou um dia depois, no Senado. Não foram as únicas falas da semana. “A inflação está subindo no mundo inteiro. A nossa pode chegar a 7% ou 8%, que estaremos ainda dentro do jogo”, afirmou alguns dias atas, este aumento que tanto afeta os mais pobres, e que também representa um estouro da meta da inflação do Brasil.


Diante de tudo isto que vem acontecendo no país, gostaria de afirmar, que a Democracia que eu defendo e espero deixar para minhas filhas, não é esta que estamos vivenciando, ela não permite que um ministro que é um cargo subalterno e não foi escolhido pelo povo, possa tomar tais decisões à revelia do presidente. É simples assim. O raciocínio subjacente à tese de que o Banco Central ou do super-ministro, pode fazer o que quiser e o presidente da República não tem que se meter, por incompetência ou por omissão é radicalmente antidemocrático.

 

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