sexta-feira, 13 de agosto de 2021

ARTIGO - À esquerda e a crise de utopias. (Padre Carlos)

 

 

A esquerda perdeu seu ideal utópico.

 


A emergência de forças conservadoras na nossa cidade coincidiu com um momento em que a esquerda encontrava-se “órfã” de utopias e, conseqüentemente, alheia a demandas sociais. O longo período em que esteve à frente do governo municipal, o Partido dos Trabalhadores e o bloco de esquerda que compunha a Frente Conquista Popular, não tiveram a percepção de entender o que estava acontecendo e como poderíamos enfrentar esta nova ordem.  Enquanto a esquerda não entender que boa parte do que tem acontecido tem haver com a falta de um projeto que encante esta nova geração, não conseguiremos avançar na luta para barrar o projeto liberal em curso. O que eu quero dizer com tudo isto, é que a falta de formação teórica, e utópica, fizeram com que estes quadros fossem se afastando das bases e dos movimentos populares, criando assim, um distanciamento entre as lideranças deste campo e à sociedade, ficando desta forma, difícil compreender seus sonhos e necessidades.  


Não podemos negar que a crise das esquerdas é também uma crise de utopias. O fundamental é constatar essa incapacidade da esquerda de formular e entender o momento pelo qual a cidade e o país estão passando. Perdemos o imaginário da política, que se deslocou para um campo mais conservador, mais pragmático. Quando digo isto, não me refiro apenas as duas ultimas derrotas sofridas por este campo na nossa cidade. Mas, chamo a atenção principalmente da esquerda democrática, que algo precisa ser feito, ela precisa pensar no significado desse descolamento, isto é, o que levou a sociedade a se afastar da ação política. É claro que não é uma crise só da esquerda, eu diria que é ampla e atinge todo o campo democrático. Um exemplo do que estou falando, é a forma e a facilidade com que as forças mais conservadoras da nossa cidade estão se reagrupando, mesmo fora governo e tentando construir um novo imaginário.

Mas o fundamental é constatar essa incapacidade das nossas lideranças de formular e entender o momento pelo qual  estamos passando. Esse é o grande desafio que temos pela frente. Enquanto a esquerda não entender o buraco teórico, utópico, o distanciamento em que ela acabou se metendo em relação à sociedade, fica difícil repensar o que fazer.


Não podemos abrir mão de nossos princípios, em nome de pragmatismo nenhum. Eu sei que o jogo político pressupõe alianças e negociações constantes, mas cabe à esquerda ter alicerçadas estas certezas. Só assim ela sai do labirinto, sendo possível analisar os impasses vividos nas alianças e criar uma nova pedagogia de ação política.

 

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