“Uma coisa é certa: o homem não morre de todo, onde assistiu e amou.”
Memorial é resgatar a memória é lembrar um determinado dia é
fazer com que nós não esqueçamos jamais desta data. Assim, quando
tomei conhecimento da homenagem prestada a Dom. Timóteo, pelas entidades: Coordenadoria de
Serviço Ecumênico, Geração 68 e Tortura Nunca, que celebraram a
passagem dos 53 anos do
episódio quando Presidente do Diretório Central da UFBA foi abrigado,
juntamente com outros 30 estudantes, pelo recém eleito Abade Dom Timóteo no
Mosteiro de São Bento, em setembro de 1968, após uma passeata contra a Ditadura
Militar.
Seu abaciado coincidiu com a fase mais aguda da história
do Brasil, quando o país se viu mergulhado numa ditadura que utilizou
instrumentos discricionários para impor-se por vinte e um anos, de 1964 a 1985.
Em um cenário de repressão e medo, a sociedade civil enfrentou severas
restrições em sua liberdade de expressão e submergiu a toda sorte de arbítrio,
com prisões, torturas e mortes, além do cerceamento de suas representações
democráticas. Foi sob o manto sombrio do autoritarismo que figuras de proa como
Dom Timóteo exerceram papel essencial, tanto na denúncia dos crimes praticados
pelo regime de opressão, quanto no fortalecimento dos grupos de resistência que
confrontaram a situação adversa. Ao utilizar seu espaço de poder e seu
ministério para intervir no cotidiano dos acontecimentos, ele escreveu uma
página muito particular que influenciou não apenas a luta política, mas também
a vida cultural e religiosa da capital baiana. Foi um líder espiritual que se
distinguiu ainda pela abertura ao ecumenismo e ao diálogo com sacerdotes de
religiões afrodescendentes e judaicas, entre outros aspectos que sedimentaram o
pioneirismo e a importância de uma teologia que podemos vivenciar hoje.
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