sábado, 19 de agosto de 2023

A Polarização Política em Vitória da Conquista: Maturidade Cidadã em Ação. (Padre Carlos)

 



A população conquistense



 

Vitória da Conquista, 19 de agosto de 2023 - Enquanto o Brasil se vê imerso em uma polarização política que parece não ter fim, um cenário peculiar emerge nas eleições municipais de Vitória da Conquista, na Bahia. A cidade, que outrora foi palco de intensos embates políticos durante a ditadura militar em prol da democracia, agora se destaca por uma polarização política que transcende o mero confronto entre esquerda e direita. Aqui, a polarização representa o amadurecimento do eleitorado local, que compreende os riscos da unanimidade e os benefícios de contar com dois grupos fortes na disputa pelo poder.

Ao longo de duas décadas, o Partido dos Trabalhadores (PT) exerceu seu domínio sobre Vitória da Conquista. No entanto, a renovação de lideranças nesse período foi escassa, e muitos quadros importantes abandonaram a política ou buscaram refúgio em outros partidos de esquerda e centro-esquerda. Esse fenômeno enfraqueceu significativamente o PT na região, deixando-o reduzido a dois grupos internos e alguns quadros independentes.

A população conquistense, atenta a esse cenário, enxerga com otimismo a emergência de uma polarização de forças entre a situação e a oposição. Os eleitores agora exigem que os candidatos "mostrem serviço" para não perderem votos. A atual prefeita, consciente dessa realidade, buscou empréstimos para acelerar obras que precisam ser concluídas e criar uma estrutura para as subprefeituras atenderem a área rural. Além disso, ela está empenhado em atrair investimentos da iniciativa privada, como o projeto de construção do polo têxtil na região.

Por outro lado, o governador, que apoia dois candidatos da oposição, prometeu vários investimentos para a cidade. Essa competição pelo apoio político só tende a beneficiar a população, que agora está no centro das atenções dos dois principais grupos políticos. Os eleitores de Vitória da Conquista demonstraram maturidade ao entender que a existência de duas forças políticas concorrendo obrigando diretamente os candidatos a entregar mais em prol da cidade, sob o risco de perderem apoio é vantajoso para o município.

Essa postura não nega a tradicional paixão política do povo conquistense, que remonta aos tempos da ditadura militar, quando a cidade se tornou uma trincheira da democracia. No entanto, ela reflete a sabedoria popular de extrair o melhor dos políticos por meio do equilíbrio de forças. Em um momento em que o Brasil parece dividido em extremos, Vitória da Conquista destaca-se como um exemplo de como a polarização não precisa ser reduzida a uma luta simples entre esquerda e direita, mas pode ser uma oportunidade para fortalecer o poder local.

Cada cidade tem suas particularidades, e em Vitória da Conquista, a polarização política é simbólica de poder local compartilhado. Isso, para o eleitor conquistense, representa a certeza de que sua voz será ouvida e de que seus interesses serão atendidos. É uma lição valiosa em um momento em que o país busca desesperadamente um caminho para superar as divisões e trabalhar em prol do bem comum. Vitória da Conquista nos mostra que a polarização pode ser, de fato, uma força construtiva quando bem gerida e direcionada para o progresso da comunidade.


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