A disputa pela prefeitura de Salvador em 2024 expõe
as divergências internas do PT na Bahia, onde o partido governa há cinco
mandatos consecutivos. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do PT no
Senado, Jaques Wagner, têm projetos políticos distintos e buscam influenciar a
escolha do candidato da base do governador Jerônimo Rodrigues.
Costa, que foi eleito governador em 2014 com o
apoio de Wagner, tentou emplacar um nome de sua confiança no PT, mas não teve
sucesso. Agora, aposta no deputado federal Pastor Sargento Isidório, do Avante,
um partido que está sob seu controle indireto. Isidório é um político polêmico,
que já se declarou ex-gay e defende pautas conservadoras. Ele tem um eleitorado
fiel na periferia de Salvador, mas enfrenta resistência de setores progressistas
da sociedade.
Wagner, por sua vez, declarou apoio ao deputado
estadual Robinson Almeida, do PT, mas não descarta uma aliança com o
vice-governador Geraldo Junior, do MDB. Junior é um político experiente, que já
foi presidente da Câmara Municipal de Salvador e tem bom trânsito com diversos
partidos. Ele também conta com a simpatia do ex-ministro Geddel Vieira Lima,
que ainda tem influência no MDB baiano.
A rivalidade entre Costa e Wagner pode prejudicar a
unidade da base governista e beneficiar o atual prefeito Bruno Reis, do União
Brasil. Reis é aliado do ex-prefeito ACM Neto, que foi derrotado por Jerônimo
na eleição estadual de 2022. Reis tem uma gestão bem avaliada e deve concorrer
à reeleição com o apoio de uma ampla coalizão de partidos.
O PT precisa definir uma estratégia clara para
disputar a prefeitura de Salvador, onde nunca venceu uma eleição. A capital
baiana é um importante polo político e econômico do Nordeste e tem uma
população majoritariamente negra e pobre, que historicamente se identifica com
as bandeiras do partido. No entanto, o PT enfrenta dificuldades para dialogar
com os novos movimentos sociais e culturais que emergiram na cidade nos últimos
anos.
O desafio do PT é apresentar um projeto que atenda
às demandas da população soteropolitana por mais inclusão social, participação
popular e respeito à diversidade. Para isso, é preciso superar as divergências
internas e construir uma candidatura que represente a unidade da base
governista e a renovação do partido. Caso contrário, o PT corre o risco de
perder mais uma vez a oportunidade de governar Salvador.
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