Adalgisa Souto Maia , exemplos de vida
Grandes ações nunca são reconhecidas no seu
tempo, e muitas pessoas terminaram sendo influenciados com casos de santos,
artistas e cientistas como: Joana D'Arc, Teresa de Calcutá ou Irmã Dulce, Monet,
Van Gogh ou Galileu, que apenas tiveram o devido reconhecimento pelos seus
feitos e obras após a morte, vivendo a sua vida em miséria ou pobreza.
Mas afinal, o que esta Mulher tem de extraordinária?
Quando a conheci na segunda metade da década de setenta, me surpreendi com sua
capacidade de atrair pessoas para perto dela de conquistá-las, de cativar todos
ao seu redor! Sabe aquela pessoa que você gosta logo na primeira vez que vê?
Aquela que encanta no primeiro encontro, que tem um algo a mais, anima, alegra,
é fácil de conviver e torna o ambiente mais gostoso? Assim é Gisa! Seja através
de um sorriso, um jeito de falar, forma de tratar o seu próximo, simpatia,
empatia, enfim, tudo isso engloba a característica da sua forma de evangelizar
os jovens e leva-lo a um compromisso com os mais pobres e sofredores, era isto
que consistia o carisma desta dona de casa e Evangelizadora!
Em 2016,
quando o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres para ser celebrado
no 33º Domingo do Tempo Comum – me lembrei de Gisa Maia e do MFraC, de tudo que
vivi e aprendi com aqueles irmãos e Irmãs desta comunidade. Sabemos que a
atenção especial aos mais necessitados não é uma realidade recente na vida da
Igreja, embora admita que nos últimos anos tenham vistos poucas iniciativas
destes gestos de fé.
Foi assim que conheci Gisa Maia, na
paróquia de Nossa Senhora da Luz, em Salvador. Se D. Celso José foi um pai espiritual
para mim, esta serva de Deus tem um papel maternal na minha conversão. A irmãzinha sempre trabalhou ao lado do mais pobre.
Oferecendo tudo, inclusive a sua inteligência deslumbrante. Nada tem guardado
dos dons que recebeu. Com sua ação juntos aos jovens e aos mais pobres, a
paróquia ficava cada vez menor pra tanto amor e seu envolvimento com a defesa
dos mais necessitados levava a uma tomada de posição e ruptura com sua classe e
a família. Foi neste momento que toma consciência da necessidade de tornar
público aquele compromisso e desta decisão nasce o MFraC, O Movimento de
Fraternidade Cristã. Sua ação evangelizadora chamou a atenção de parte da
Igreja que via com bons olhos o trabalho desenvolvido por aquela mulher. Desta
forma, o bispo da cidade de Ilhéus, D. Tape, passa a oferecer uma orientação
espiritual a ela e aos jovens que a seguia. Venho ao longo da minha vida, testemunhando o seu
respeito, a lisura das suas observações, a inteligência invulgar da sua
reflexão, aliado a uma cultura humanística profunda que sempre discretamente
tem revelado, tanto no campo religioso como no profano.
Tudo isso me deixou um indizível sentido de respeito e ternura por
uma mulher inteiramente consagrada a Deus e aos outros.
A consagração é um
privilégio também de muitos leigos que se entregaram totalmente. O começo
da santidade é igual ao de todos os consagrados: o Batismo.
Padre Carlos