Discurso
religioso agiu como motivador ideológico
Avaliar os últimos acontecimentos que
fizeram a Capital Federal ser invadidas por um grupo de fanático agindo como se
estivessem em uma “guerra santa” ou lutando pela pátria, seria necessário mais
que um simples cientista político, ele precisaria da ajuda de outros profissionais
e em especial da teologia para interpretar tais fenômenos. Como teólogo podemos
afirmar que o discurso religioso tem agido como um grande motivador ideológico na política brasileiro.
E quando falo isto não estou só me referindo
aos atos violentos vistos em Brasília, falo da capacidade destes
pastores de pequenas e médias Igrejas conseguirem mobilizar a nível nacional,
algumas pautas morais. Isto tem lavado cada vez mais a discursão a respeito da
forma como a ultradireita tem buscado construir seu projeto, trazendo a
bandeira do conservadorismo na sociedade
brasileira. Para potencializar estes discursos, os políticos destas igrejas
contam no meio evangélicos, como simpatizantes de diversos movimento, podemos
conferir figuras do universo gospel e pastores de igrejas locais, sem alcance nacional.
Não podemos negar que nos últimos anos temos presenciado nos cultos evangélicos, uma narrativa de embate que acionam um ideário de luta do bem contra o mal, esta visão maniqueísta de caráter escatológico têm sido propagadas por lideranças evangélicas bolsonaristas, capazes de mobilizar multidões de fiéis e com grande influência política.
É o caso do ex-senador Magno Malta, que
postou um vídeo no qual aponta as manifestações como o “desespero de um povo
que não foi ouvido” e do pastor e televangelista Silas Malafaia, da Assembleia
de Deus Vitória em Cristo, que tem pregado nos seus cultos que a esquerda já tinha feito ocupação em prédios públicos sem que fosse chamada de
antidemocrática e tachou de antidemocráticos os inquéritos conduzidos pelo
ministro do STF, Alexandre de Moraes, ressaltando que é “contra os excessos”,
mas que a “paciência do povo tem limites”.
Essas lideranças podem não ter participado
dos atos de depredação, mas pavimentaram o caminho, legitimando os acampamentos
bolsonaristas há meses e atos dos extremistas. Eles têm propagado um discurso
de legitimação da morte e da destruição, que é antibíblico e anticristão.
Não se trata de uma questão teológica e sim
penal. Seus fieis talvez não saiba , mas estes pastores tem a obrigação de
saberem que , pelo Código Penal e pela
Lei de Segurança Nacional (LSN), pedir intervenção militar é crime, Os artigos
22 e 23 da LSN punem, com reclusão de 1 a 4 anos, incitar à subversão da ordem
política ou social e à animosidade entre as Forças Armadas e as instituições.
Fora isso, o Código Penal pune, no artigo 287, a apologia ao crime. Cabe ao MP
impedir esses movimentos que são, muitas vezes, capitaneados por políticos de
utradireita que afrontam a todo o momento a nossa Constituição e o ordenamento
jurídico.
O discurso religioso, descolado de uma formação de base, de conceitos de cidadania, gera o cenário ideal para cenas que a gente viu, com pessoas cantando louvores e orando, como se estivessem ganhando uma guerra.”
Pelo menos quatro pastores donos de igrejas
foram presos pela Polícia Federal por terem participado dos atos golpistas em
Brasília no dia 8 de janeiro, esperamos que os outros espalhados por este país
a fora sejam também responsabilizados.
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