sábado, 21 de janeiro de 2023

ARTIGO - Terror e religião: foram os componentes dos atos extremistas no DF. (Padre Carlos)



Discurso religioso agiu como motivador ideológico



Avaliar os últimos acontecimentos que fizeram a Capital Federal ser invadidas por um grupo de fanático agindo como se estivessem em uma “guerra santa” ou lutando pela pátria, seria necessário mais que um simples cientista político, ele precisaria da ajuda de outros profissionais e em especial da teologia para interpretar tais fenômenos. Como teólogo podemos afirmar que o discurso religioso tem agido como  um grande motivador ideológico na política brasileiro. E quando falo isto não estou só me referindo  aos atos violentos vistos em Brasília, falo da capacidade destes pastores de pequenas e médias Igrejas conseguirem mobilizar a nível nacional, algumas pautas morais. Isto tem lavado cada vez mais a discursão a respeito da forma como a ultradireita tem buscado construir seu projeto, trazendo a bandeira do  conservadorismo na sociedade brasileira. Para potencializar estes discursos, os políticos destas igrejas contam no meio evangélicos, como simpatizantes de diversos movimento, podemos conferir figuras do universo gospel e pastores de igrejas locais, sem alcance nacional.


Não podemos negar que nos últimos anos temos presenciado nos cultos evangélicos, uma narrativa de embate que acionam um ideário de luta do bem contra o mal, esta visão maniqueísta de caráter escatológico têm sido propagadas por lideranças evangélicas bolsonaristas, capazes de mobilizar multidões de fiéis e com grande influência política.

É o caso do ex-senador Magno Malta, que postou um vídeo no qual aponta as manifestações como o “desespero de um povo que não foi ouvido” e do pastor e televangelista Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que tem pregado nos seus cultos que  a esquerda já tinha feito ocupação  em prédios públicos sem que fosse chamada de antidemocrática e tachou de antidemocráticos os inquéritos conduzidos pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, ressaltando que é “contra os excessos”, mas que a “paciência do povo tem limites”.

Essas lideranças podem não ter participado dos atos de depredação, mas pavimentaram o caminho, legitimando os acampamentos bolsonaristas há meses e atos dos extremistas. Eles têm propagado um discurso de legitimação da morte e da destruição, que é antibíblico e anticristão.

Não se trata de uma questão teológica e sim penal. Seus fieis talvez não saiba , mas estes pastores tem a obrigação de saberem  que , pelo Código Penal e pela Lei de Segurança Nacional (LSN), pedir intervenção militar é crime, Os artigos 22 e 23 da LSN punem, com reclusão de 1 a 4 anos, incitar à subversão da ordem política ou social e à animosidade entre as Forças Armadas e as instituições. Fora isso, o Código Penal pune, no artigo 287, a apologia ao crime. Cabe ao MP impedir esses movimentos que são, muitas vezes, capitaneados por políticos de utradireita que afrontam a todo o momento a nossa Constituição e o ordenamento jurídico.


O discurso religioso, descolado de uma formação de base, de conceitos de cidadania, gera o cenário ideal para cenas que a gente viu, com pessoas cantando louvores e orando, como se estivessem ganhando uma guerra.”

Pelo menos quatro pastores donos de igrejas foram presos pela Polícia Federal por terem participado dos atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro, esperamos que os outros espalhados por este país a fora sejam também responsabilizados.

 

 

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