Nosso
Deus não tem máscara
Outro
dia uma jovem me parou na rua: "Padre Carlos não se lembra de mim? O
senhor até me batizou..." E eu: "Puxa um pouquinho a máscara", e
ela puxou. "Como você cresceu!"
Agora, de repente, é tudo ao contrário, como se os outros fossem inimigos, pois até viramos as costas... Apertávamos as mãos, porque apertar as mãos é um gesto de encontro da paz: as mãos livres de armas vão ao encontro do outro, sem medo. Antes desta pandemia, abraçávamos o irmão nas celebrações ou no dia-a-dia com alegria pelo reencontro ou chorando pelo luto ou antecipando a saudade pela despedida. Agora, não pode haver mais proximidade, o tal protocolo manda que mantemos certa distância, uns dos outros. Mas o que eu espero mesmo, no fundo do meu coração é que seja só a distância física, espero que a outra - a espiritual, a afetiva - se mantenha próxima e aprofunde cada vez mais.
Foi
preciso uma pandemia para tornar a afirmação de Sartre inválida: "O
inferno são os outros." No entanto descobrimos que na verdade é o contrário:
a falta dos outros na minha vida é que é o inferno, a solidão é um inferno
neste confinamento.
E o que é o essencial? Talvez já
tivéssemos esquecido, mas o Natal é, antes de qualquer coisa, a
celebração deste acontecimento determinante da história: o nascimento
de Jesus.
Que o
espírito do Natal e do Ano Novo, ilumine a humanidade, mas que não esqueçamos
que o amor é o verbo divino.
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