Combater a pobreza: compaixão ou com paixão?
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Quando fiz a opção preferencial pelos pobres dentro da minha vocação
sacerdotal, tinha a certeza que a pobreza era fruto do pecado e a grande
responsável pela violação dos direitos humanos. Este foi o lema inspirador do
meu ministério e por isto dediquei minha vida e minha militância política na
luta pelo Combate à Pobreza e Exclusão Social.
Aceitar esta
situação de pobreza em que passa milhões de brasileiros como se fosse algo
normal ou numa atitude de passividade, estaria negando minha fé e o Deus
libertador que professo. Ter compaixão por estes irmãos e lutar com paixão para
mudar esta realidade passou a ser a minha vocação. Digo isto, porque a pobreza e a
extrema pobreza continuam, ano após ano, a ser uma grande ferida que não cicatriza
na sociedade brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, nosso país
tinha 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, de acordo com
critérios do Banco Mundial. Somadas aos que estão na linha da pobreza, chegam a
25% da população do país. O que eu quero dizer é que abdicar da luta dos
ideais de justiça social que fazem da nossa democracia o nosso ideal, seria
negar tudo o que minha geração combateu.
Por isso precisamos
sentir compaixão por esta gente e entender que não se combate a pobreza com
caridade e sim com justiça e esta é uma luta para ser travada com paixão.
Combater a pobreza é nesse sentido uma tarefa de cada dia, mobilizando todas as
energias de que pudermos dispor e percebendo que se o não fizermos é cada um de
nós que fica mais pobre a cada dia.
Chega de nos
escondermos no conforto da ideia de que individualmente não podemos fazer quase
nada. A imensidão desta tarefa, e a urgência de enfrenta-la, deixa claro que não
podemos dispensar ninguém.
Nenhum de
nós pode ficar de fora. Cabe-nos acender e manter viva a esperança em quem já
não acredita. Precisamos fazer tudo por aqueles que diante da fome e da pobreza
não encontra motivos para olhar de frente para a vida e se projetar no futuro.
Em cada
homem, em cada mulher, em cada criança que eu via esmagado os seus direitos
mais básico de cidadania, eu encontrava força e a determinação para continuar
militando e lutando pela minha gente. Foi assim que eu me entreguei com paixão
a esta causa. O respeito pela dignidade da pessoa e pelos direitos humanos é a
única forma de respeitarmos a nossa fé e a própria condição humana.
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