Homenagem
ao amigo Zezéu Ribeiro
Shakespeare
(O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre a sua
bondade é também enterrado com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu,
pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua
humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e
político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.
Como
resgatar a nossas lembranças como seria uma abordagem junguiana da
nossa memória coletiva e histórica, através do retrato de uma geração da qual
fizeram parte muitos dos líderes estudantis, de uma juventude forjada no
movimento político.
A
geração da utopia era constituída por estudantes de uma elite e da classe média
que se encontravam nas metrópoles, muitos dos quais vivendo em residências
estudantil e apesar da militância não traduzir na verdade um rompimento de
classe lutava por democracia e todas as bandeiras que levaram ao fim do regime.
Eram jovens promissores que pretendia através da profissão que assumiria fazer
a diferença, mesmo fazendo parte da elite local. No entanto, parte desta
geração tinha ambições de natureza sociopolíticas completamente diferentes da
sua classe e foi este universo coletivo, que incorporado aos novos movimentos
operário, passaram a fazer parte de uma nova narrativa para o país. Assim,
fizeram dos seus sonhos uma utopia política.
Gostaria
de afirmar, que as utopias que nortearam nossas ações são lembranças destes
jovens que se despedem do picadeiro da vida. Foi pensando em um destes
companheiros que na sexta feira fará sete anos que se despediu desta vida, que resolvi
escrever este texto.
Como
disse Emiliano José: “Zezéu era homem de partido, em sentido amplo. Tinha o olhar
na história, visão abrangente.” A sua risada e seu jeito de
beijar os amigos era uma característica própria que refletia como um espelho a
sua bondade, e a ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre
um companheiro de luta como este, a esquerda também morre um pouco e como disse
o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da
humanidade”.
Tive
oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles
meninos. Coordenei sua campanha para dep. estadual em 1990 e mesmo na vida
sacerdotal, tínhamos o nosso momento quando retornava a Salvador. Meu amigo morreu
em 2015, sexta-feira vai fazer sete anos que ele partiu para casa do Pai. Na
oração desta manhã, rezei pela sua alma e pedir a Deus força e coragem para dar
continuidade as suas lutas.
José Eduardo Zezéu Vieira
Ribeiro (Salvador, 21
de novembro de 1949 — São Paulo, 25
de fevereiro de 2015).
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