domingo, 20 de fevereiro de 2022

ARTIGO - Homenagem ao amigo Zezéu Ribeiro (Padre Carlos)

 


Homenagem ao amigo Zezéu Ribeiro

 


 

Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre a sua bondade é também enterrado com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu, pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.

Como resgatar a nossas lembranças como seria uma abordagem junguiana da nossa memória coletiva e histórica, através do retrato de uma geração da qual fizeram parte muitos dos líderes estudantis, de uma juventude forjada no movimento político.

A geração da utopia era constituída por estudantes de uma elite e da classe média que se encontravam nas metrópoles, muitos dos quais vivendo em residências estudantil e apesar da militância não traduzir na verdade um rompimento de classe lutava por democracia e todas as bandeiras que levaram ao fim do regime. Eram jovens promissores que pretendia através da profissão que assumiria fazer a diferença, mesmo fazendo parte da elite local. No entanto, parte desta geração tinha ambições de natureza sociopolíticas completamente diferentes da sua classe e foi este universo coletivo, que incorporado aos novos movimentos operário, passaram a fazer parte de uma nova narrativa para o país. Assim, fizeram dos seus sonhos uma utopia política.

Gostaria de afirmar, que as utopias que nortearam nossas ações são lembranças destes jovens que se despedem do picadeiro da vida. Foi pensando em um destes companheiros que na sexta feira fará sete anos que se despediu desta vida, que resolvi escrever este texto.

 

Como disse Emiliano José: Zezéu era homem de partido, em sentido amplo. Tinha o olhar na história, visão abrangente.” A sua risada e seu jeito de beijar os amigos era uma característica própria que refletia como um espelho a sua bondade, e a ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este, a esquerda também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da humanidade”.
            Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha para dep. estadual em 1990 e mesmo na vida sacerdotal, tínhamos o nosso momento quando retornava a Salvador. Meu amigo morreu em 2015, sexta-feira vai fazer sete anos que ele partiu para casa do Pai. Na oração desta manhã, rezei pela sua alma e pedir a Deus força e coragem para dar continuidade as suas lutas.

 

 

José Eduardo  Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador21 de novembro de 1949 — São Paulo25 de fevereiro de 2015).

 

 


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