Porque as reformas do Papa Francisco não avançam
Nos últimos dias venho me perguntando por que a
reforma que o Papa Francisco deseja tanto não tem avançado? Por que alguns
tribunais estão hesitando em colocar em prática estas mudanças? Dois fatores
estão claros para mim, um com certeza é por oposição a estas mudanças, já o
outro acredito, poderia ser: por ausência de ação; ociosidade; inércia.
Se estivesse escrevendo sobre outro tema, diria que era falta de vontade
política, daqueles que deveriam implementar. O Papa está
bem consciente dessas resistências e tem utilizado todos os meios à sua
disposição para desfazer todas estas investidas em relação às mudanças que
precisam ser implantadas.
Diante da demora da ação de alguns bispos, foi necessário, criar para as
dioceses italianas, uma comissão de "verificação e aplicação" da
reforma do processo matrimonial que introduziu em 2015, pelo motu proprio
"Mitis Iudex". Com essa reforma pretendia tornar mais próximos, mais
rápidos e menos onerosos os processos de declaração de nulidade dos matrimónios
católicos.
Quase sete anos após a publicação dessas normas, as quais implicaram
inclusive algumas alterações no direito processual canónico da Igreja Católica,
percebe-se que as pessoas continuam tendo dificuldades em ter acesso aos
tribunais eclesiásticos. O espírito das novas determinações do Papa ainda não
foi entendido e integrado por aquele que julga que emite um juízo ou
sentença, ou simplesmente, pelos tribunais canônicos. Muitas vezes nem os
próprios bispos, os principais responsáveis pela aplicação da justiça nas
dioceses, terminam não percebendo o que está acontecendo a sua volta.
Assim como em Roma, aqui no Brasil, existem juízes que, em vez de
seguirem as determinações e a inspiração do Papa, procuram ao máximo dificultar
a declaração da nulidade dos matrimónios. Parece até que, para afirmar a sua
importância e poder, têm prazer em manter as pessoas presos a um matrimónio
nulo, os quais se recusam, ou demoram muito tempo, para reconhecer.
Só assim é que se entende que, apesar dos esforços do Papa nos tribunais
eclesiásticos italianos, os processos continuem se arrastando durante vários
anos, tal como no Brasil, sem chegar a uma sentença de nulidade. Como disse o
papa Gregório IX: “justiça retardada é justiça negada". Segundo a
determinação do Vaticano, estes processos não podem durar mais de 12 meses e os
custos que chegavam a cinco mil reais não mais se aplicam a tramitação nestes
tribunais. Será que aqui no Brasil isto está acontecendo?
O Papa começou pela Itália a verificação da "proximidade, celeridade e gratuidade" que esta sua reforma deve ter. Exige-se, segundo o Papa, "uma conversão das estruturas e das pessoas" para que o espírito da mudança não seja letra morta. "A letra mata, enquanto o Espírito vivifica" (2 Cor. 3, 6)
Um comentário:
Interessante, Padre Carlos...
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