Nossa
cultura do medo e as eleições
Não é
preciso ser filósofo, psicanalista ou historiador para saber que o “Medo” sempre
teve um papel importante na história da humanidade.
Ao contrário
do que se pensa o medo sempre desempenhou um papel fundamental no inconsciente
coletivo e diante disso tem sua importância no controle das nossas emoções. Ele
sempre foi essencial para a sobrevivência do homem e da evolução da humanidade,
pois levou-nos em momentos decisivos a evitar desafios que eram insuperáveis ou
mesmo a fugir deles com a certeza e intenção da preservação da nossa espécie.
Mesmo assim, não podemos esquecer que o medo
pede proteção, cria dependência, reforça o isolamento, afasta do “outro”, do
“diferente”, gera tribalismo e violência, numa palavra afeta a nossa saúde
mental, fazendo libertar núcleos psicóticos controlados ou adormecidos.
Foi sempre assim: quantos crimes e horrores
se sustentaram no medo paranoico do inexistente como: comunismo, fascismo ou
capitalismo, quantas vezes reciprocamente instrumentalizadas para horrores por
Estados Totalitários. O que isto demonstra é que quem sabe manipular o medo,
quem não tem escrúpulos em fazê-lo, quem acha que vale a pena arriscar, pode
condicionar e até dominar os outros.
Diante
disso, tenho chegado à conclusão que o medo pode ter sido o elemento determinante
na ascensão do extremismo de direita aqui no Brasil, como se demonstrou ao
longo da eleição há quatro anos. Em concreto, estou preocupado com a
proliferação das condições que este fenômeno se propagou, condicionando e,
manipulando nosso consciente ou inconsciente explorando assim o nosso medo, com
finalidades condenáveis ou ao menos não saudáveis.
Quando em 2002 o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), em sua primeira entrevista depois de confirmada a sua eleição, disse que
o Brasil está mudando como país e, "mais importante, a esperança venceu o
medo e hoje eu posso dizer para vocês que o Brasil mudou sem medo de ser
feliz", ele buscava desconstruir todo o medo que as elites e o mercado financeiro
construíram ao longo da campanha.
Os
perigos, reais, que podemos ver no bolsonarismo e no lavajatismo tem muito
haver com a defesa do estado democrático e para isto, precisamos resistir à
propaganda paranoica do medo. Não podemos aceitar uma imprensa que busca a cada
dia, injetar pânico atrás de pânico, como se fosse um partido político.
Hoje entendo as palavras
do presidente há vinte anos: “Quero agradecer a alguns companheiros que sem
vocês eu não teria sido o "Lulinha paz e amor" dessa campanha".
Nenhum comentário:
Postar um comentário