quarta-feira, 25 de setembro de 2019

ARTIGO - Volta prás curva do rio (Padre Carlos)

Volta prás curva do rio



Uma das grandes verdades que descobrimos ao longo da nossa caminhada fruto dos nossos cabelos brancos é a certeza que a história segue seu rumo, com avanços e retrocessos, em direção à eficiência e à justiça. O papel dos políticos de direita e conservadores aqui no Brasil e no mundo, sempre foi dificultar essa marcha, como fizeram adiando as conquistas abolicionistas, republicanas, das mulheres, as conquistas trabalhistas e todos aos avanços que a humanidade vem ganhando e perdendo.
Nosso papel como político de esquerda e progressista é apressar essa marcha na busca de Liberdade, Igualdade e Fraternidade", esse tem sido nosso lema nesta luta que marcou a história e que até hoje determina as diretrizes do que entendemos por justiça e democracia. Como fala o menestrel conquistense, Elomar Figueira  sobre as curvas do rio, também nossa história tem as suas. Assim, podemos afirmar que a história faz curvas, independentemente da vontade dos políticos. Nos últimos anos, o avanço técnico forçou uma curva com o surgimento do computador, da inteligência artificial. Estes avanços são frutos de conquistas técnicas mas, provoca curvas no caminhar.
Presenciamos a todo momento as mudanças da realidade que nos cerca sem perceber as curvas feitas pela história. Nossa economia e a nossa lógica não está relacionada a uma cultura de engrenagem mas, há uma realidade ligada a inteligência artificial, ao mundo da robótica e das comunicações instantâneas. Mas, apesar da clareza dessas mudanças na realidade, muitos ainda não querem aceitar as curvas feita pela história; continuam prisioneiros de idéias anteriores, querem um avanço em uma linha reta que já não existe.
Precisamos entender que a justiça social e o bem-estar só podem ser construídos sobre economia eficiente. Até recentemente, a justiça se fazia dentro da economia, na repartição entre salário e lucro. Hoje a maior parte da população está fora da chance de ser incluída na economia formal, porque a curva da história eliminou empregos e exige formação profissional dos empregados. O desafio dos que buscam justiça social é desfazer a apartação, que separa de um lado os incluídos e, de outro, os excluídos.
A curva não pode esquecer os analfabetos e os que não terminaram o ensino médio com qualidade. Temos que defender a universidade para todos, sem esquecer os que ficaram pelo caminho, sem deixar de lutar pela erradicação do analfabetismo, pela educação de base de qualidade igual para todos e por uma reforma na universidade para que seus formandos estejam preparados para o dinâmico mundo do conhecimento em marcha.
Nós os progressistas, temos que construir um pacto que possa construir sustentabilidade para as próximas gerações sem penalizar quem mais sofre. Precisamos eliminar privilégios de alguns grupos e colaborar para dinamizar a economia, somos contra reformas que tiram de quem já está sendo penalizado. Ficar contra as reformas que foram apresentadas exige da esquerda e do campo progressista a criação uma proposta humana e que não penalize quem não tem mais nada para oferecer ao Estado.
               A esquerda não pode cair na tentação que a direita caiu na busca do populismo, por oportunismo eleitoral ou por falta de conhecimento e de percepção da história e suas curvas. Foram muitos os erros que levaram os democratas-progressistas brasileiros a apoiarem o golpe e com certeza estão sendo agora derrotados, mas o maior erro destes pseudos esquerdistas foi não perceber a curva da história nas últimas décadas no mundo.
Nosso discurso jamais poderá aceitar a desigualdade dentro de quaisquer limites. Só conseguiremos oferecer o mínimo para uma vida digna a todos se acabarmos com a desigualdade. Este discurso da Nova Esquerda foi feito para defender privilégios e uma parcela da burguesia.

Padre Carlos








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