quinta-feira, 7 de maio de 2020

ARTIGO - A graça de ser mãe (Padre Carlos)





A graça de ser mãe




Todos os anos, o comercio, a igreja as escolas, chama a atenção dos seus clientes e fiéis, para prestarem homenagem às mães. Apesar das lembranças e gestos de carinhos, ficamos sem entender a sentido verdadeiro da maternidade.  Toda mãe conhece profundamente o carisma do martírio, escolhe o esquecimento de si para estar à serviço dos filhos e da família.
 Na relação maternal, os filhos são frequentes destinatários de um amor que se entrega e que afugenta o individualismo e o egoísmo. Uma mulher que, verdadeiramente acolhe o dom da maternidade, conhece bem a prontidão do sacrifício pelos filhos e jamais calcula os seus atos e esforços.
Podemos afirmar que diversos elementos foram e são estesias para nos tornarmos humanos a cada dia e o dom da maternidade é com certeza um destes. Aprendi com duas mulheres, a que me gerou e a minha companheira que mãe é a arte do carinho e do cuidado constantes. No geral, todos nós fomos marcados pela linguagem concreta do amor que passa pelas mãos dedicadas de nossas mães. A cultura que nos toca não apresenta claramente o papel fundamental da maternidade. Vemos constantemente a figura da mãe, principalmente no final da vida, sendo sutilmente desprezada.
Não basta ser mulher para se tornar mãe, por isto em alguns momentos da vida elas precisarão tomar decisões, principalmente quando se trata de maternidade. Ser mãe demanda esforço, sacrifícios, mas que sempre valem a pena. Não podemos esquecer que os sacrifícios fazem parte do amor.
Nossas sociedades reclamam pela cultura da maternidade marcada pelo sacrifício, pois “uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. Quando exerci a direção do Presídio na nossa cidade, pude presenciar nos dias de visita a presença misericordiosa das mãe na fila das visitas para ver seus filhos. As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, é inscrito no valor da fé na vida de um ser humano” (Papa Francisco).
Uma mulher que, verdadeiramente acolhe o dom da maternidade, conhece bem a prontidão do sacrifício pelos filhos e jamais calcula os seus atos e esforços. Para Dom Oscar Romero, o comportamento maternal confunde-se com uma espécie de “martírio materno”; a graça de ser mãe revela ostensivamente as páginas de sangue do Evangelho de Jesus: o silencio que acompanha, a renúncia cotidiana e a misericórdia que permanece sempre. Estas são marcas inconfundíveis da vida dos mártires. Por isto, toda mãe conhece profundamente o carisma do martírio, escolhe o esquecimento de si para estar à serviço dos filhos e da família. Na relação maternal, os filhos são frequentes destinatários de um amor que se entrega e que afugenta o individualismo e o egoísmo.
Na tradição cristã, o martírio, que é a entrega livre da vida por causa do Evangelho, indo até as vias da morte, sempre acompanhou os homens e as mulheres de fé. A decisão pelo Evangelho de Jesus Cristo foi, ao longo dos anos, consolidando uma fileira incontável de mártires que testemunharam a seriedade da fé e da confissão católica. Por se tratar de uma entrega livre e incondicional, busquei traçar este paralelo e descrever o martírio e a maternidade como um dom de Deus. Sei que esta afirmação poderia escandalizar vocês e os gentios de um modo em geral. Sim   parece ser um absurdo desmedido, mas devemos trazer aqui aquela palavra de Jesus: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente” (Jo 10, 18).
Assim como os mártires, as mães entregaram suas vidas livremente porque carregavam consigo o dom do amor e este milagre, permanece e nos acompanha em qualquer circunstância da vida.











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