quarta-feira, 20 de maio de 2020

ARTIGO - Como provocar sonhos coletivos nos jovens (Padre Carlos)




Como provocar sonhos coletivos nos jovens

Como professor de filosofia, tenho chamado a atenção dos meus pares e da comunidade de um modo geral, que a principal tarefa dos filósofos e dos políticos de hoje é provocar sonhos coletivos nos jovens para que eles queiram mudar o Brasil e o mundo; e dar exemplo de vida para legitimar os sonhos.
Sabendo desta minha preocupação, um amigo dos anos de chumbo me recomendou o livro Borboletas e Lobisomens, de Hugo Studart. Confesso que esta obra chegou em boa hora, se trata de uma excelente reportagem sobre a Guerrilha do Araguaia; o livro de Studart descreve a aventura de jovens da cidade embrenhados na selva amazônica, lutando para sobreviver e apesar da superioridade do adversário, partiram para luta. Não se tratava de soldado, eram jovens sonhadores,  sim,  71 guerrilheiros, entre homens e mulheres que sonhavam em derrotar um poderoso exército, fazer uma revolução e implantar o socialismo. Na medida em que eles lutavam, suas ideologias eram consumidas por um novo mundo que estava se formando. Suas ideias de revoluções ficavam cada vez mais velhas, nesse meio-tempo em que eles lutavam por elas. Enquanto lia aquele livro, veio à tona todas as divergências que nosso grupo, travou com o Comitê Central, sobre a guerrilha do Araguaia e a consolidação do movimento estudantil como política de massa.
No mesmo tempo em que eles lutavam pela revolução social, outros jovens em universidades ao redor do mundo faziam a revolução pelas vias democrática tentavam transformar sua realidade e fazia críticas as ideias do Partido Comunista da URSS e dos líderes chineses. Estes já se preparavam para novos tempos: globalização, O livro de Studart nos permite perceber como aqueles jovens queriam fazer história, sem perceber o rumo que ela tomava, independentemente deles e dos militares que enfrentavam. Mostra também o heroísmo e a capacidade de sonhar dos guerrilheiros. O autor trata da importância dos sonhos como o alicerce para formar cada guerrilheiro e uni-los na selva com armas na mão. Isso nos faz especular quais os sonhos que motivariam os jovens de hoje para lutar pela construção de um mundo melhor, mais pacífico e mais justo, mais eficiente e mais acolhedor.
Eles nos deram o exemplo de heroísmo e de luta a ser seguido hoje, com novas ideias e novos métodos. Não mais as armas, mas as urnas; não mais estatizar a economia e a sociedade, mas promover a liberdade, construindo uma economia eficiente e assegurando igualdade no acesso à educação e à saúde, respeitando o meio ambiente e com democracia.




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