Como provocar sonhos coletivos
nos jovens
Como professor de
filosofia, tenho chamado a atenção dos meus pares e da comunidade de um modo
geral, que a principal tarefa dos filósofos e dos políticos de hoje é provocar
sonhos coletivos nos jovens para que eles queiram mudar o Brasil e o mundo; e
dar exemplo de vida para legitimar os sonhos.
Sabendo desta
minha preocupação, um amigo dos anos de chumbo me recomendou o livro
Borboletas e Lobisomens, de Hugo Studart. Confesso que esta obra chegou em boa
hora, se trata de uma excelente reportagem sobre a Guerrilha do Araguaia; o livro de
Studart descreve a aventura de jovens da cidade embrenhados na selva amazônica,
lutando para sobreviver e apesar da superioridade do adversário, partiram para luta. Não se tratava de soldado, eram jovens sonhadores, sim, 71 guerrilheiros, entre homens e mulheres que sonhavam em derrotar
um poderoso exército, fazer uma revolução e implantar o socialismo. Na medida
em que eles lutavam, suas ideologias eram consumidas por um novo mundo que
estava se formando. Suas ideias de revoluções ficavam cada vez mais velhas, nesse meio-tempo em que eles lutavam por elas. Enquanto lia aquele livro, veio à tona todas as
divergências que nosso grupo, travou
com o Comitê Central, sobre a guerrilha do Araguaia e a consolidação do
movimento estudantil como política de massa.
No mesmo tempo em
que eles lutavam pela revolução social, outros jovens em universidades ao redor
do mundo faziam a revolução pelas vias democrática tentavam transformar sua
realidade e fazia críticas as ideias do Partido Comunista da URSS e dos líderes
chineses. Estes já se preparavam para novos tempos: globalização, O livro de
Studart nos permite perceber como aqueles jovens queriam fazer história, sem
perceber o rumo que ela tomava, independentemente deles e dos militares que
enfrentavam. Mostra também o heroísmo e a capacidade de sonhar dos
guerrilheiros. O autor trata da importância dos sonhos como o alicerce para
formar cada guerrilheiro e uni-los na selva com armas na mão. Isso nos faz
especular quais os sonhos que motivariam os jovens de hoje para lutar pela
construção de um mundo melhor, mais pacífico e mais justo, mais eficiente e
mais acolhedor.
Eles nos deram o
exemplo de heroísmo e de luta a ser seguido hoje, com novas ideias e novos
métodos. Não mais as armas, mas as urnas; não mais estatizar a economia e a
sociedade, mas promover a liberdade, construindo uma economia eficiente e
assegurando igualdade no acesso à educação e à saúde, respeitando o meio
ambiente e com democracia.
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