quarta-feira, 21 de outubro de 2020

ARTIGO - O caso Robinho e a cultura do estupro ( Padre Carlos )

 

O caso Robinho e a cultura do estupro

 


Será que existe uma cultura que influencia o estupro de mulheres aqui mesmo no Brasil? O termo cultura do estupro voltou à tona após a enorme repercussão com as novas informações conseguidas através de uma escuta telefônica.  Este caso de estupro coletivo ocorrido em 22 de janeiro de 2013 teve como protagonista o jogador Robinho com mais cinco brasileiros em Milão. 

 


Nesta última sexta-feira, o "ge" publicou uma reportagem revelando trechos da conversas de Robinho com amigos que estão anexadas neste processo. Mas, o que chocou a população e deixou todos envolvidos ou não com o futebol revoltados, foi o diálogo deste jogador e seus comparsas debochando do caso e confessando que praticou sexo oral com a vítima, além de presenciar o ato sexual de seus amigos e a situação indefesa que se encontrava sua vítima.

Este caso foi fundamental para a gente desmistificar o conceito do estupro e seu algoz. Quando falamos em estupro, vem no nosso imaginário que por trás dessa ação que é quase cinematográfico se encontra sempre um delinquente. É mais fácil imaginar que os praticantes desse crime são monstros, pessoas mentalmente desequilibrada.

Para quem vê de fora, a impunidade seletiva, termina se  assombrando com a forma que estas pessoas se acham acima do bem e do mal . Figuras públicas do futebol costumam ser acolhidas em um véu de tolerância e aparente impunidade. Isto não é só com jogadores, mas com todos aqueles que acham que podem tudo, que o dinheiro e a fama lhes protegem.

Apesar de ter conhecimento do processo que o jogador está respondendo na Itália, o clube só tomou uma posição neste caso quando este escândalo se tornou público. Assim, de forma a contragosto, a agremiação publicou um comunicado suspendendo o vínculo contratual com o jogador. O Santos só tomou esta decisão, porque sofreu pressão de torcedores e até dos patrocinadores, que ameaçaram cancelar seus contratos caso o time se omitisse diante deste caso.


No lugar inalcançável da figura pública, o jogador não pode ser acolhido no silêncio dos compadres da bola. Como poderia justificar suas indiferenças com este caso?  A maioria teve que discordar publicamente da atitude do colega, não escolher o silêncio perante qualquer violência, no nível que seja, é a postura correta para não sedimentar a continuidade dela. Ouvir publicamente o repúdio de um parceiro talvez causasse desconforto, raiva, mas o que é isso perto das marcas no corpo da mulher estuprada pelos sujeitos que acreditavamos ser referencia para a juventude da Vila Belmiro?

 

 

 


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