terça-feira, 29 de outubro de 2019

ARTIGO - O Bairro Pituba (Padre Carlos)





O Bairro Pituba


Quando a velha Fazenda Pituba, foi adquirida no início do século passado pelo baiano Manoel Dias da Silva e pelo seu cunhado mineiro, Joventino Pereira da Silva, já havia na localidade uma colônia de pescadores e uma comunidade que poderíamos hoje identificar como remanescentes de quilombos, esta área passou a ser na época disputada a partir da primeira metade do século passado por uma  população de renda média que  passaram a construir casas de veraneio. Com a expansão imobiliária, cada vez mais avançando no litoral e a criação de uma avenida que cortava toda a facha litorânea até o aeroporto, substituindo assim a antiga estrada de Ipiranga,que até então, era o único acesso ao bairro de Itapoã. Foram acontecimentos como estes, que proporcionaram esta estância de veraneio da classe média e alta a se tornar um bairro da grande Salvador. Em 1969 o então prefeito Antonio Carlos Magalhães (ACM), determinou a demolição de cerca de 300 casas acabando assim com o Bico de Ferro e como não havia interesse dos poderes públicos em documentar a história daquela comunidade, jamais saberemos a história daquela colónia. No local onde era o Bico de Ferro, hoje se encontra o Jardim dos Namorados.  
Desta forma, a Pituba foi o primeiro loteamento planejado em Salvador. Com isto, em 1919, o novo balneário dos soteropolitano, foi criada com régua e compasso a partir da experiência de Belo Horizonte, a primeira capital planejada do Brasil. Inicialmente a Pituba funcionou como um bairro de veraneio, onde a classe média e alta passava com a família o verão. No pós-guerra, passou a se torna um local de segundas residências, como são hoje muitas cidades do litoral de São Paulo e Santa Catarina.
Mas o antigo local de veraneio, com enormes casas da elite baiana, passou a se desenvolver rapidamente a partir da década de 1960 e foi justamente neste ano que eu nasci em uma dessas residências. Não que fizesse parte desta elite, nascia ali o filho do caseiro. Éramos vizinhos dos Meireles, dos Ferreiras e Machados, brincávamos e não havia naquela época distinção de classe. A transformação de balneário para um bairro de classe média, se dá em menos de uma década. Entre o final da década de cinquenta e o início o início dos anos sessenta, passamos a presenciar a instalação de restaurantes e bares, o Clube Português, o Colégio Militar e o Colégio das Irmãs Mercedária para educar as filhas destes moradores a Igreja Nossa Senhora da Luz e todo um ambiente boêmio que o bairro proporcionava. Quando vieram os centros comerciais, lojas de rua, agências bancárias, tivemos que nos mudar. O nome do sócio baiano da antiga fazenda batizou uma das três maiores avenidas do bairro (junto com a ACM e Paulo VI), a Manoel Dias da Silva. E o mineiro Joventino Silva que tive oportunidade quando era menino de conhecer, deu nome ao Parque da Cidade, na Av. ACM.
Assim nasceu a Pituba, como um balneário e bairro que encantou toda uma geração com os carnavais do Clube português e a Festa de Largo. Saudade daqueles tempos!

Padre Carlos


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