O Bairro Pituba
Quando a velha Fazenda Pituba, foi adquirida
no início do século passado pelo baiano Manoel Dias da Silva e pelo seu cunhado
mineiro, Joventino Pereira da Silva, já havia na localidade uma colônia de
pescadores e uma comunidade que poderíamos hoje identificar como remanescentes de
quilombos, esta área passou a ser na época disputada a partir da primeira
metade do século passado por uma população de renda média que passaram a construir casas de veraneio. Com a
expansão imobiliária, cada vez mais avançando no litoral e a criação de uma
avenida que cortava toda a facha litorânea até o aeroporto, substituindo assim
a antiga estrada de Ipiranga,que até então, era o único acesso ao bairro de Itapoã. Foram acontecimentos como estes, que proporcionaram esta estância de veraneio da classe média e alta a se tornar um bairro da grande Salvador. Em
1969 o então prefeito Antonio Carlos Magalhães (ACM), determinou a demolição de
cerca de 300 casas acabando assim com o Bico de Ferro e como não havia interesse
dos poderes públicos em documentar a história daquela comunidade, jamais
saberemos a história daquela colónia. No local onde era o Bico de Ferro, hoje
se encontra o Jardim dos Namorados.
Desta forma, a Pituba foi o
primeiro loteamento planejado em Salvador. Com isto, em 1919, o novo balneário
dos soteropolitano, foi criada com régua e compasso a partir da experiência de
Belo Horizonte, a primeira capital planejada do Brasil. Inicialmente a Pituba
funcionou como um bairro de veraneio, onde a classe média e alta passava com a
família o verão. No pós-guerra, passou a se torna um local de segundas
residências, como são hoje muitas cidades do litoral de São Paulo e Santa
Catarina.
Mas o
antigo local de veraneio, com enormes casas da elite baiana, passou a se
desenvolver rapidamente a partir da década de 1960 e foi justamente neste ano
que eu nasci em uma dessas residências. Não que fizesse parte desta elite,
nascia ali o filho do caseiro. Éramos vizinhos dos Meireles, dos Ferreiras e
Machados, brincávamos e não havia naquela época distinção de classe. A
transformação de balneário para um bairro de classe média, se dá em menos de uma
década. Entre o final da década de cinquenta e o início o início dos anos sessenta,
passamos a presenciar a instalação de restaurantes e bares, o Clube Português,
o Colégio Militar e o Colégio das Irmãs Mercedária para educar as filhas destes
moradores a Igreja Nossa Senhora da Luz e todo um ambiente boêmio que o bairro proporcionava.
Quando vieram os centros comerciais, lojas de rua, agências bancárias, tivemos
que nos mudar. O nome do sócio baiano da antiga fazenda batizou uma das três
maiores avenidas do bairro (junto com a ACM e Paulo VI), a Manoel Dias da
Silva. E o mineiro Joventino Silva que tive oportunidade quando era menino de
conhecer, deu nome ao Parque da Cidade, na Av. ACM.
Assim
nasceu a Pituba, como um balneário e bairro que encantou toda uma geração com
os carnavais do Clube português e a Festa de Largo. Saudade daqueles tempos!
Padre
Carlos
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