segunda-feira, 28 de outubro de 2019

ARTIGO - Por que o PT é a bola da vez? (Padre Carlos)




Por que o PT é a bola da vez?


Temos a tradição de minimizar a verdadeira importância que os partidos exercem sobre o eleitor brasileiro. Podemos afirmar, que para quase 50% dos eleitores do país as escolhas políticas não são feitas apenas de forma personalista em torno dos candidatos nem por interesses pessoais. O que guia o brasileiro que vai às urnas é em grande parte a relação dele com os partidos políticos. Ou com pelo menos uma das siglas, o Partido dos Trabalhadores (PT), que gera sentimentos de amor e ódio na população.
Em tempos de polarização política na disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista, entre apoiadores do atual prefeito , Herzem Gusmão (MDB), e do deputado estadual José Raimundo e o ex-prefeito Guilherme Menezes (PT), quem vai acabar se beneficiando disso, pelo menos em nossa cidade, será os candidatos a vereador pelos partidos de ambos.
Na cabeça dos eleitores, conquistense a divisão entre petistas e antipetistas é uma força poderosa, que pode moldar o resultado da eleição, independentemente da (popularidade do atual prefeito) e do ex-prefeito Guilherme Menezes ser candidato ou não.
Entre 25% e 30% da população não vai votar no PT de jeito nenhum, estes votos da direita são velhos conhecidos dos nossos analistas. Mas também sabemos que entre 20% e 25% dos eleitores têm uma probabilidade extrema de votar em qualquer candidato e sabemos que tudo vai depender do PT conseguir trazer o senário nacional para que se torne o pano de fundo desta eleição. Para entender o caminho da política eleitoral conquistense desde a redemocratização, é particularmente importante entender como a emergência do PT moldou as atitudes políticas e o comportamento dos eleitores nestes últimos trinta anos e destes, vinte no governo.
Não podemos negar que o PT sempre apresentou um chapa para proporcional com candidatos forte de densidade eleitoral e dependendo da forma como o partido irá motivar estes quadros, poderemos sair com uma bancada fortalecida.
A direita não tem partido e engana-se que pensa que Bolsonaro terá influencia nesta eleição em nossa cidade. O que conta mesmo, é como as elites se agruparão e como a máquina pública será usada. Desta forma, em outros país, o partidarismo costuma funcionar como uma lente positiva ao olhar qualquer coisa que o partido faça. As pessoas só veem seu partido de forma positiva e os outros partidos de forma negativa. No caso do Brasil, entretanto, a divisão se dá em torno de um único partido: Há o grupo que só vê tudo dê certo e o que vê tudo de errado no PT.
Outro fator que irá ajudar bastante o PT, é sem dúvida a nova regra, ela determina que não mais existirão coligações partidárias para eleições proporcionais, que são aquelas utilizadas para a escolha de  vereadores, isto prejudica muito os pequenos partidos, obrigando estes candidatos a procurarem partidos com capacidade de obterem nas urnas o quociente eleitoral, diminuindo assim as chances dos pequenos partidos terem representação.  As coligações passam a existir apenas para as eleições majoritárias (prefeitos, governadores e presidente).
É difícil dizer o que leva uma pessoa a se tornar petista ou antipetista. O mesmo vale para o partidarismo em outros países, e é difícil saber por que uma pessoa vira republicana ou democrata nos EUA. Sabemos que Vitória da Conquista sempre teve a vocação de ser uma cidade vanguarda politicamente. Porém, e difícil compreender o que leva este comportamento. Como diz o poeta Sergio Natureza: “As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver”
Ontem foi o aniversário de Lula e muita gente acredita que exista um lulismo como postura psicológica. Muita gente gosta de Lula, pode admirar ele, e pode haver quem gosta dele sem ser petista. Nem todo lulista é petista, mas quem é petista sempre vai gostar de Lula. A postura psicológica mais profunda é o petismo e isto se expressa profundamente em nossa cidade é a ligação ao partido e ao que ele representa, não à pessoa. O PT não vai desaparecer quando Lula desaparecer. É uma ligação mais longa e duradoura do que a relação com Lula.
            Seja qual for o resultado da eleição, veremos uma parcela grande desta cidade esperando e lutando pela volta da estrela vermelha.

Padre Carlos

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