domingo, 19 de julho de 2020

ARTIGO - Orem pelos infectados que estão morrendo sozinhos! (Padre Carlos)





Orem pelos infectados que estão morrendo sozinhos!


Conversando com um amigo que acaba de perder um ente querido, vítima do covid-19, pude entender a dor e o sentimento de uma família não poder se despedi de quem ama. Lembrei naquele momento das curas aos leprosos e o que ela significava para Jesus e sua cultura. Naquele tempo, o “leproso” era excluído da sociedade e do meio familiar.

Pestes e doenças sempre causam medo à humanidade. Desde o início dos tempos, nossos antepassados tiveram que lidar com elas. A hanseníase, também conhecida como lepra é a primeira doença a qual se tem registro. Algumas culturas a descreviam como uma maldição, o que fez com que durante séculos os leprosos fossem isolados das outras pessoas. Já a peste que dizimou um terço da população da Europa no século XIV também foi vista por alguns como uma maldição ou castigo divino. Para combatê-la, médicos com roupas pretas, hoje são brancas, cetros e máscaras arriscavam suas vidas enquanto buscavam formas de tratar aquela doença. Ela se repete, não como farsa, mas como mais uma quadra da nossa história para resgatar os seus heróis e as suas vítimas.
Presenciamos a todo momento, profissionais da área da saúde trabalhando para salvar vidas e cientistas correndo contra o tempo, realizando pesquisas para criar uma vacina e a cura para esta doença. Diante de todos estes fatos, não podemos tolerar ou ser omisso aos atos de racismo. Assim, presenciamos asiáticos sendo vítimas de atos de intolerância em vários países. Lamentavelmente, o surto do Coronavírus também veio acompanhado de atos de xenofobia contra chineses, asiáticos e seus descendentes. Quando responsabilizamos, a origem da doença aos infectados, seja asiático ou brasileiro, ao mesmo tempo estamos acusando e responsabilizando esta pessoa pela transmissão do vírus e do mal que se abate sobre a nossa casa.

Assim, a dor do infectado ao estar longe da sua família, do medo das pessoas de chegarem perto dele e o grau de rejeição que estes experimentam, termina criando feridas profundas.  E quando esta rejeição e medo vem junto com um abandono, a dor é sentida na alma. Os doentes com este vírus, não estão exagerando quando falam que este sofrimento chega a ser físico. 

Orem pelos que se sentem só, mesmo que esteja cercado por médicos e enfermeiras em uma UTI, pelas lágrimas perdidas, pelos desencontros da vida, pela incerteza do amanhecer depois de intubado, por muitos que procuram palavras para encostarem ombros e não encontram.

Orem pelos profissionais de saúde que atendem estas pobres almas pela responsabilidade de servir, sem cobrar tributos de gratidão, pela mão que entrega e se esconde na invisibilidade, pelos que se tornam coberta aos que tremem no frio da solidão ou no calor da maldade.


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