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sexta-feira, 24 de julho de 2020
ARTIGO - Vale tudo contra o PT (Padre Carlos)
Vale tudo contra o PT
Acabo de completar quarenta anos que me filiei ao Partido dos
Trabalhadores, durante todo este tempo, pude constatar que o PT não é um
partido perfeito, longe disso. O PT cometeu erros como muitos partidos neste
pais. Mas, uma coisa eu tenho certeza, sua derrota nas últimas eleições se deu
muito mais pelos seus acertos e não pelos seus erros. A elite brasileira e a
imprensa que a representa odeiam o PT não porque o partido esteve envolvido em
denúncias de corrupção, mas, porque este proporcionou a ascensão da classe C e
D e por ter priorizado pela primeira vez neste país as camadas mais pobres da
população. Diante disto, estas forças buscam a mais de uma década destruir este
projeto e as suas lideranças.
Assim, os meios de comunicações vem buscando nos últimos tempos, isolar o ex-presidente
da mídia corporativa bem como tudo que diz respeito às suas realizações. Outro
fato importante e que tem deixado estas” forças ocultas” muito preocupadas, é que
com a péssima administração de Bolsonaro e a crise econômica que assola o Brasil,
possa trazer de volta no imaginário coletivo a lembrança do barbudo e da
estrela vermelha. Para completar, no mês de agosto o ministro Gilmar Mendes vai
colocar na pauta da segunda turma, o pedido para o Juiz Mouro ser considerado
suspeito, nos processos de Lula, isto faz com que estes voltam à fase de
denúncia e ele possa assim, disputar as eleições de 2022.
Desesperada com esta conjuntura, estas
forças buscam sua última cartada e para isto passam a criar através de seus
agentes um clima de disputa no campo da esquerda. Dividir o campo popular e
enfraquecer politicamente para que não chegue ao segundo turno. Vem da
Antiguidade Clássica a linha de pensamento “dividir para reinar”. Quando um
ataque frontal como estes que vem sendo aplicado ao partido não surte efeito,
promover a fragmentação das concentrações de poder para enfraquecer o
adversário é uma solução. Assim, dividir internamente o adversário e afastar
seus aliados, são as únicas formas de abalar a sua solidez, enfraquecendo-o. Ao
longo dos séculos, esta estratégia foi usada abundantemente – quer em gloriosas
e importantes conquistas militares, quer em intrigas palacianas.
E, apesar de ser de todos amplamente conhecida e mesmo facilmente
identificável, continua sendo usada pelos estrategistas. Um dos mais recentes
exemplos parece ser a atuação da esquerda do partido no caso do mensalão e o
PED de 2005. A nível interno, a polarização foi clara: dividiu o campo hegemônico
dentro do partido e a esquerda dele, numa lógica de “nós contra eles”. Mas,
também na relação dando mostras de querer dividir para chegar ao poder.
Como isto, eles trabalharão em duas
frentes, dividir internamente o partido, colocando alguns grupos contra Lula e
sua liderança e fortalecendo os antigos aliados para que possam buscar uma independência
política longe da hegemonia petista. Nossos aliados precisam se fortalecer
politicamente principalmente depois que o Congresso instituiu uma cláusula de
barreira ao funcionamento partidário e sabendo disto as elites podem tentar
tirar proveito.
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