DE REPENTE, SESSENTA…
Quando cheguei aos 60 no ano passado descobrir que ao contrario dos sexagenários da época em
que era pequeno não me considerava o único dono da verdade, assim com esta
idade passei a aceitar tudo sem fazer muitas exigências.
Portanto aceito que os nossos políticos nos
mintam sempre, afinal a mentira é um recurso reconhecido como exclusivamente
humano. Passei também aceitar que os corruptos sejam sempre inocentados dos
seus crimes, que a justiça seja demasiadamente lenta, que as vacinas não sejam levadas
a sério por um grupo e que a saúde do país seja entregue aos cuidados dos
militares.
Aceito que alguém ao
fim de mais de meio século de vida perceba que andou escondido em algum armário
e saia finalmente de lá, sem saber que sua vida está findando, como aceito que
mintam quando me dizem: que estou cada vez mais novo e eu finjo que não existem
aquelas rugas e a pele que não deixa dúvidas da fase em que me encontro.
Aceito
tudo... menos ser tratado como incapaz e apesar de todo este otimismo, sinto o mercado
de trabalho fechando as portas para as pessoas da minha idade. Quando não se respeita um indivíduo em sua integridade
emocional, intelectual e material, ele é excluído da sociedade pelos governos,
pelas instituições, pelas famílias, pelas pessoas em geral. Os grupos mais
excluídos por essas práticas são os idosos.
Engana-se quem pensa
que cabelos brancos significam que é hora de parar. Eles já nem são mais um
sinônimo de velhice. O pensamento de que aos 60 anos já se aproveitou o melhor
da existência está bem longe de ser verdade. Diante disto, busco
abrir com as mãos este espaço que sociedade tem me negado.
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