sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Os Irmãos do CONIC e os novos Coliseus (Padre Carlos)

 


 

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Os Irmãos do CONIC e os novos Coliseus

 


Uma das coisas que chamaram minha atenção neste início da quaresma foi à forma que alguns católicos se mobilizam para criticar os membros do CONIC (Conselho de Igreja Cristã do Brasil) diante de posições políticas defendidas por alguns membros. Os católicos tem uma capacidade de mobilização para criticar e lutar por questões como o aborto e a eutanásia: Como seria bom que isso não fosse somente bandeira sem olhar para o todo que a nossa Igreja prega. Será que os católicos estão conscientemente do lado da vida. Desta forma, gostaria de ver estes irmãos também mobilizados e erguendo suas vozes para defender ou condenar muitas outras opções políticas e sociais que nossa Igreja defende ou condena.


São muitas as questões para as quais a Igreja Católica tem chamado à atenção e para as quais o Papa Francisco tem apontado no seu magistério. São os casos da opção preferencial pelos mais pobres, das questões ambientais ou dos sistemas políticos e econômicos injustos, que não protegem os mais fracos, que discriminam e que segregam.

Sendo a vida um direito inegociável que mobiliza os católicos contra o aborto e a eutanásia, também deveria mobilizar esta parcela de fieis na luta contra a morte de jovens nas periferias pelos órgãos de repressão policial e a fome que assola o país, que também é um atentado à vida. Ou o desemprego e a política econômica, ou a pena de morte que Bolsonaro propõe: diz que juiz isente de pena todo policial que matar, se o ato for cometido por 'medo' ou 'violenta emoção. Isto representa uma sentença de morte encapotada, o que levou o Papa a mandar retirar a sua admissibilidade do Catecismo da Igreja Católica. O mesmo se diga de uma "economia que mata", como Francisco tem tido a coragem de denunciar.

 Mesmo sendo poucos, os cristãos comprometidos com o Evangelho de Jesus Cristo e com os mais pobres e excluídos, se unem para denunciar determinadas propostas políticas que são contrárias aos ensinamentos de Jesus Cristo.

Cristãos de diferentes igrejas cristãs que a história separou, uniram-se, através de um Conselho, para exprimir uma forte oposição a qualquer projeto político que se fundamente em princípios xenófobos, racistas, homofóbicos, autoritários e de ataque aos pobres. Diante de tais fatos, consideramos particularmente grave a instrumentalização de algo tão precioso como a fé, colocando-a ao serviço de projetos políticos claramente contrários ao Evangelho, a reboque de discursos providencialistas.

 


Fatos como este que aconteceram este ano com os irmãos do CONIC, servem para realçar, à partida, a unidade entre os cristãos e a atenção que demonstram o amor da partilha que traz a certeza que não devemos nos calar ou deixar nenhum seguidor de Jesus Cristo sozinho no coliseu.

 

 

 


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