segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Carta de Solidariedade ao Frei Sebastião Dias Mendes (Padre Carlos)

 

Vitória da Conquista, BA.

22 de fevereiro 2021-02-22

Prezado Frei Sebastião Dias Mendes

 

Escrevo para falar sobre a emoção que senti ao tomar conhecimento do gesto corajoso do irmão em assumir as palavras do Papa Francisco quando diz: "O missionário não é um mercenário da fé nem um gerador de prosélitos. A evangelização não consiste em somar o número de membros nem aparecer como poderosos, mas em abrir portas para viver e partilhar o abraço, misericordioso e que cura, de Deus Pai, que nos faz família." É isto que setores que criticaram e ofenderam o Senhor não entendem.


Assim meu irmão, uma das coisas que me chamaram a atenção nos naqueles que tentaram lhe ofender, foi à surpresa ao ver, estes segmentos mais conservadores do catolicismo tomar a iniciativa e “saíram do armário,” eles sabem que este é o momento e que está pra chegar um novo Aggiornamento e por isto, são obrigados a deixarem os abrigos das sacristias e revelar de forma clara, qual o formato de Igreja que eles defendem para o conjunto da comunidade de fé. Completam esse bloco grupos tradicionalistas já conhecidos, como, Opus Dei, a Canção Nova e o Pai Eterno entre todos aqui no Brasil, talvez sejam os de maior poder financeiro e influência política. Têm ligações com governantes, juristas, além de espaço garantido na grande imprensa.

Eles sabem que não podem mais se esconder ou omitir suas posições, sabemos que grupos ultraconservadores sempre tiveram livre trânsito em algumas dioceses, mas o que vemos agora é um protagonismo que não se via na Igreja do Brasil, salvo em poucos lugares até 25 anos atrás. Esse caldo de cultura religiosa acabou por formar uma geração inteira de leigos dentro de uma visão estreita da fé cristã e do seguimento de Jesus.


Desta forma, o gesto e o discurso profético do Frei Sebastião, apontando os desvios desta ala da Igreja, chamou a atenção destes defensores da cristandade. Diante dos problemas mais urgentes deste momento, me pergunto, onde ficou no tempo a Igreja da expressão mais concretizada da mensagem central de Jesus: o amor só se realiza na partilha, no movimento que realizamos na direção do outro, da outra. Não há cristianismo quando vige a insensibilidade diante da miséria e da fome, das doenças que as acompanham, da opressão e humilhação dos mais pobres. Diante deste fato e das epidemias sem vacinas, com tantos irmãos partindo por falta de tratamento médico. Sendo assim, o profeta não pode se calar naquele domingo 14 de fevereiro, mostrando para sua comunidade de fé, que
Os profetas e a profecia são caminhos de denúncia e de esperança.

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...