Não a autocritica!
Deixa-me regressar ao assunto da
autocritica que parte dos setores da burguesia quer impor ao partido. Não
podemos esconder da grande militância, que o agrupamento
a direita do partido, vem pressionando para que o PT faça uma “autocrítica”,
isto é, aceite as calúnias despejadas pela imprensa burguesia contra o partido
e as assuma publicamente que errou e participou dos crimes cometidos contra o
povo e a Nação. Essa política significaria uma total desmoralização do
partido.
Na forma como se tem feito este debate tudo remete
para a barbárie e para a civilização, dependendo do ponto de vista do
dirigente. . É natural que parcelas do partido, que convivem com este
seguimento burguês, acredite que o discurso político da autocritica se tente
apresentar como progresso para o bem. Eu
próprio não acredito, se abrimos a guarda, daremos argumentos para a direita
fascista, pedir a suspenção do registro partidário. Não podemos esquecer que
não é de hoje, que as forças reacionária deste país tenta aniquilar o partido.
Mas, apesar de achar que não faz sentido, devemos ter humildade de admitir que
alguns membros se envolveram nestes esquemas e se for comprovados, tem que
responder pelos seus atos.
Diante
disto, podemos dizer que estas autocriticas que querem impor ao partido, não
raras vezes ela é mesmo usado para mostrar a supremacia de uns em relação a
outros, tomando como universais valores que são discutíveis que o sejam.
Parece-me que é o caso. E assim, quem o usa imagina-se, antes do tempo, do lado
certo da história. Herdeiros e precursores da verdade. Como se a história
seguisse um caminho certo e a humanidade não fosse mais do que a parteira do
futuro. Quem acreditou nisso acabou desmoralizado e entrando para história,
pela porta dos fundos.
Não
podemos negar, que em todo governo há bem e mal. Sabíamos dos riscos que uma
coalizão partidária poderia causar ao nosso projeto. Mas cada avanço da
história carrega pesadamente os dois, nas suas causas e nas suas consequências.
A história não segue uma estrada, perde-se em milhões de caminhos que nem à
distância conseguimos mapear. A guerra trouxe Auschwitz e o progresso
tecnológico. O progresso tecnológico trouxe a vacina e o nuclear. A libertação
da mulher trouxe liberdade e lares de idosos. As máquinas trouxeram o conforto
e o desemprego. Há certo e errado, não há uma caminhada para o bem. Vejam
quantos avanços o nosso governo proporcionou a este país em quatorze anos de
governo.
Todas
as lutas acreditam numa evolução em progresso. É o caso da luta pela igualdade:
dos escravos em relação aos senhores, dos trabalhadores em relação aos patrões,
das mulheres em relação aos homens, dos homossexuais em relação aos heterossexuais.
Mas este rio tem uma fonte: a luta contra o privilégio e a ideia de que todos
as pessoas nascem livres e iguais em deveres e direitos. É nisto que o PT e a
esquerda acredita.
Sendo
legítima a nossa luta, gostaria de falar para o conjunto do partido, o PT
jamais deve se envergonhar de ter tirado milhões da linha da miséria e ter dado
dignidade a este povo. Não faz sentido ser contra a autocritica, se não
repudiar tudo que nos levou a esta encruzilhada da história, as alianças com
setores da burguesia e com partidos fisiológico, levaram a abrir mão de alguns
princípios e isto a gente tem que aprender. Mas não podem reescrever uma
história de luta, mas para concluir, gostaria de dizer que tudo que fizemos só
foi possível porque, muitos companheiros deram suas vidas para que chegássemos
aqui.
Como diz o poeta português,
Adriano Correia na sua obra a Trova do
Vento que Passa:
“Mesmo na noite mais
triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que
resiste
há sempre alguém que diz
não.”
Padre
Carlos
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