Por que sou contra o impeachment
Quando
Bolsonaro choca a classe política e as instituições da República, contando
mentiras e fazendo todo tipo de apologia a Ditadura Militar, ele não só
desrespeita a história do país, como rompe com tudo o que existe de civilidade
na sociedade brasileira. A versão sobre a morte de Fernando
Santa Cruz, já foi reconhecida pela Comissão da Verdade. Ao manter o clima de
polarização, o presidente tenta manter seu núcleo duro ao seu redor, mas
desagrada uma base que marchou com ele e não se sente à vontade com tal
comportamento. Desta forma, a perda de apoio políticos no momento em que seu
governo esta sendo bombardeado pela Vasa Jato, não é interessante nem para o
governo nem para os aliados políticos.
Apesar
de nossa indignação com o comportamento do presidente, a quebra de decoro não é
razão para impetrar a lei do impeachment, ela é clara no que diz respeito ao
afastamento do presidente e o único motivo é o crime de responsabilidade. O
decoro fica reservado aos mandatos parlamentares. Como não sou operador do
direito, vou me prender em uma abordagem política.
O impeachment não traz consigo
nenhuma solução de concreto para a nossa crise, bem como nunca foi um
instrumento da democracia tal como esta inscrito na legislação brasileira.
O
cenário atual apesar de demostrar de forma clara que as esquerdas estão
fragmentadas e a direita se fortalece, traz com sigo à necessidade de uma
aliança que transcenda o nosso métier, ela precisaria ir além das esquerdas.
Assim,
esta conjuntura de tal forma nos chama para a responsabilidade de interpretar
de forma "pedagógica" as dificuldades atuais e as crises que o país
vem enfrentando.
O
impedimento como querem alguns membros do nosso campo, é um processo extremo,
traumático, imprevisível. E o pós-impeachment só beneficia a direita e seus
representantes.
Avalio que deveríamos esperar o
governo sangrar com a Vasa Jato e buscar a nulidade da chapa como um todo.
Deixar Mourão é um perigo, ele tem capacidade de dar uma imagem de legalidade
as políticas da extrema direita. Não podemos esquecer que ele tem capacidade de
agregar à direita e o centrão em torno do projeto neoliberal.
Perplexos,
percebemos, na simples comparação entre o discurso oficial e as notícias
jornalísticas, que o Brasil se tornou um país do faz de conta. Faz de conta que
não houve um golpe parlamentar e que uma presidenta legítima, eleita com mais
de 54 milhões de votos, foi tirada do poder em um processo de impeachment sem
crime de responsabilidade. Produziu-se
neste país o maior dos escândalos político já presenciado em rede nacional, que
seus algozes não sabiam justificar seu voto nem encontrar os tais crimes de
responsabilidades.
Por
que estou falando isso? Porque da mesma forma como o nosso congresso desprezou
e rasgou os cinquenta e quatro milhões de votos da chapa do Partido dos Trabalhadores
e nós consideramos golpe este comportamento dos congressistas, os 57,7 milhões
de eleitores que votaram no Sr. Jair Bolsonaro, merece todo o nosso respeito e
é nossa obrigação mesmo não concordando com as políticas entreguistas e suas
ações em todos os campos da política, de preservar o estado de direito.
Anular a eleição mostrando que
manipulação eletrônica, midiática e elementos do judiciário, fraudaram o pleito
e por isto se trata de um governo é ilegítimo, deveria ser a nossa bandeira.
O
mal dos analistas políticos é não enxergar os verdadeiros adversários e se
conformarem com as resposta mais simplória como o impedimento. Nosso adversário
não é Bolsonaro seus filhos ou seu guru, assim como não era Collor nem PC
Farias etc.
Nossos
adversários é o capital é a burguesia e seu projeto oligárquico excludente
dirigido pela aliança das burguesias financeira e agrária. Devemos está
preparado porque com ou sem o seu capitão, estes verdadeiros representantes
políticos encontrarão novos atores para representar a sua tragédia que não é
grega, mas, com certeza usarão em conformidade com os seus projetos e reforma
as devidas mascaras.
Padre Carlos
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