quarta-feira, 3 de julho de 2019

ARTIGO - O país dos Sergios e Deltans da vida (Padre Carlos )




O país dos Sergios e Deltans da vida


            Daqui a uns anos - quando a História puder ser contada, veremos que aquilo que alguns denunciavam como foi o caso do jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, a respeito da força Tarefa contra a corrupção - facilmente se perceberá que o Brasil viveu um dos seus momentos mais tenebrosos no que diz respeito à falta de imparcialidade e que definitivamente despida da toga a justiça se vestiu com a pele de justiceiro, isto, devido às suspeitas da forma como foram geridos alguns dos processos da Operação como começa a ser revelado pelo site The Intercept.
            Já assumir funções na vida pública, onde tive que assinar vários documentos referentes ao funcionamento dos órgãos: sejam folgas de funcionários, planilhas, entrada de novos funcionários e por aí fora. Não deve haver, seguramente, nenhum documento importante assinado por mim que não me lembre dele, mesmo que tenha sido há mais de 15 anos. É óbvio que não me refiro aos documentos de gestão diária, mas sim os mais importantes. Diante disto é muito estranho saber que o ex-juiz Sergio Mouro, não se lembra de conversas com os procuradores da Lava-Jato e não reconheça, mais uma vez, a autenticidade de um material que ele diz não ter mais. Segundo ele, o que se tem presente é que não tem nada ali de conteúdo ilícito e acrescentou: “Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário jurídico”. O pior é que nos diálogos que o Ministro diz que é trivial, há violação da Constituição, do Código de Processo Penal e do Código de Ética da Magistratura. Há uma violação imensa na legalidade da tradição jurídica brasileira
            O que está vindo a Público é como o ministro se comportou, ele como juiz, foi "sócio da acusação" nas supostas conversas divulgadas pelo siteThe Intercept. Tudo isto veio confirmar aquilo que a defesa do Presidente, já vinha denunciando: a falta de imparcialidade no processo de Lula.
            O ex-juiz, que tem uma mente brilhante, infelizmente canalizou toda esta sabedoria para o seu projeto de poder, se for confirmada as conversas, poderemos então afirmar que toda a força Tarefa tinha uma única função, conduzir seu maestro ao Palácio do Planalto.
            Todos aqueles que têm tido ataques de amnésia quando são questionados sobre as conversas divulgadas pelo site The Intercept, têm de ser lembrado do mal que fizeram ao país. Mouro e Deltan vão voltar a falar com o Parlamento e se provar que mentiu então o Ministério Público tem de entrar em ação, mas qual Ministério Público?  É bom lembramos que não são só estes os atores e figurantes desse período tenebroso da nossa História, a operação tem muitos tentáculos. É conhecida a aliança entre os órgãos no que diz respeito às grandes investigações, mas esperemos que ainda haja respeito à Constituição e que o combate à corrupção passe a ser o verdadeiro objetivo.

Padre Carlos


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