A Rolinha Fogo-Pagou
Eu faço artigos, crônicas e escrevo de tudo que vejo, tudo que sinto, tudo que eu ouço, tudo que leio, tudo que me disserem... e tudo sempre me dá motivo pra escrever.
Essa história, por exemplo, eu escrevi depois que li um pequeno texto no Face de uma amiga.
O sol se punha majestoso no horizonte, tingindo o céu de laranja. Do meu quarto, eu admirava a copa da palmeira do jardim, onde pousavam as Asas Brancas para sua refeição noturna. Pontualmente, todos os dias ao entardecer, aquele bando de pombas elegantes vinha até ali, arrulhando suavemente enquanto bicavam as sementes.
Neste cenário tranquilo, encontrávamos a beleza que transcende o efêmero. Naqueles momentos, o mundo exterior se tornava um quadro vivo de serenidade e harmonia. A simplicidade da natureza revelava-se em sua plenitude, como se o universo tivesse decidido fazer uma pausa para apreciarmos sua majestade.
Você nunca perdia esse espetáculo. Parava o que estivesse fazendo apenas para apreciar o canto cristalino daquelas aves, encantado com sua beleza e graça. Eu me lembro como se fosse hoje o brilho do seu olhar, a sua expressão de tranquilidade ao observar o voo cadenciado delas.
Mas hoje, algo foi diferente. Assim que as pombas terminaram sua refeição e alçaram voo, uma rolinha Fogo-apagou solitária pousou na palmeira. Sozinha, ela iniciou seu canto alto e vibrante, tão característico da espécie. Você adorava imitar aquele som peculiar. Acho que aquela ave veio fazer um afago especial em você, saudosa do seu riso cristalino.
Foi um momento efêmero, mas que se eternizou em nossos corações. A rolinha trouxe consigo a mensagem silenciosa da natureza: a beleza está nas pequenas coisas, nos gestos inesperados, nas melodias singelas que nos surpreendem quando menos esperamos.
Sinto um aperto no peito só de lembrar. Tenho certeza que foi um presente que ela trouxe, um último adeus. É como se ainda pudesse ver seu sorriso doce, ouvir sua voz carinhosa chamando por mim. Mas agora resta apenas a saudade, e as doces memórias que nunca desaparecerão.
Assim como a rolinha, você nos presenteou com sua presença e sua capacidade de enxergar a beleza nas coisas mais simples. E é nessa lembrança que encontramos conforto, na certeza de que a verdadeira beleza nunca se apaga, mesmo quando o sol se põe.
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