A morte não é o fim
“Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a
vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.” João 11:25 (NVI)
Uma das questões que tem me chamado
atenção nestes últimos tempos é como temos nos relacionamos com a morte e com a
vida, com o existir e com o partir.
Podemos constatar nos últimos anos, uma
enorme crise na sociedade ocidental. O pós-guerra marcou no inconsciente desta
geração que sobreviveu aquela barbárie a uma busca incessante de um espetáculo,
voltada para tê-lo, para consumi-lo sem limites, e a necessidade de viver de
forma intensa o presente, o existencial.
A partir daí, ficou uma grande lacuna um verdadeiro vazio e o partir e a
morte? Da qual se fez tabu!
A um agora se segue outro agora... e
assim sucessivamente. E é preciso viver com ansiedade o instante, consumir, correr,
afirmar-se até esgotar todas as nossas forças, porque, depois, não há mais
nada. Este é hoje o nosso problema maior. Não sou a favor do pensamento mórbido
sobre a morte - infelizmente, a própria Igreja também utilizou o medo da morte
para exercer o poder -, mas penso que o pensamento sadio sobre a morte traz
sabedoria ao viver.
Não
podemos esquecer que o poder é fundamental para entendermos as grandes questões
que envolveram e envolve a problemática em torno da história da Igreja,
concretamente na sua contradição com o cristianismo originário. O cristianismo tem a
ressurreição como resposta à morte, mas não sabe falar dela. O platonismo engessou
o cristianismo e não podemos conceber o ser humano como composto de duas partes diferentes e separadas: o corpo
(material) e a alma (espiritual e consciente).
A
ressurreição deve entender-se na dinâmica do corpo-pessoa aberto à
transcendência. Uma vez que a Igreja não sabe lidar com o corpo, termina falado
só da alma. Mas hoje, no quadro da antropologia, não se pode pensar em dualismo
de alma e corpo
Padre Carlos.
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