A riqueza que não procuramos
Na nossa vida há situações que nos marcam para sempre são
estes casos que recordamos de vez em quando, devido a sua importância e seus
gestos que fogem da rotina normal do nosso dia-a-dia.
De
um modo geral, é curioso constatar que, apesar de nos marcarem muito, esses
casos passam muitas vezes despercebidos e pouco falamos deles. Isto se deve a
correria e as coisas que priorizamos em nossas vidas; são estas atitudes que
nos desvia a atenção daquilo que é essencial.
Este
caso que vou apresentar a vocês hoje é um exemplo clássico que toda regra tem
suas exceções. Mostra precisamente os
valores defendidos por um pobre homem, pobre aos olhos dos homens, mas rico no
seu íntimo, que visitei em uma comunidade rural quando exercia o ministério
sacerdotal.
O dito senhor, através de outra pessoa, perguntou-me se podia levar a Comunhão e se confessar na sua casa, visto já não podia deslocar-se até a igreja para receber os sacramentos. É importante aqui esclarecer que o sacramento da comunhão é assistido pelos ministros, mas, se tratando do sacramento da reconciliação, fiz algumas mudanças na minha agenda e fui atender aquele homem.
O dito senhor, através de outra pessoa, perguntou-me se podia levar a Comunhão e se confessar na sua casa, visto já não podia deslocar-se até a igreja para receber os sacramentos. É importante aqui esclarecer que o sacramento da comunhão é assistido pelos ministros, mas, se tratando do sacramento da reconciliação, fiz algumas mudanças na minha agenda e fui atender aquele homem.
Quando cheguei ao destino, o Sr. Joaquim – que participou
de tantos encontros da CEB,s, tantas vezes participou das celebrações e que
agora já não pode sair de casa devido a problemas de locomoção – recebeu-me de
lágrimas nos olhos. E, em dada altura, disse-me isto: «Padre Carlos, sou um
pobre, como vê, mas sou dono da maior riqueza que Deus me podia dar». «Como,
sim?», perguntei-lhe, com curiosidade. «Fui eu que durante dez anos cuidei da
minha irmã que não podia sair de casa e também tratei sozinho da minha mulher,
nos últimos três anos de vida, aqui nesta casa. Esta dupla riqueza ninguém
poderá me tirar ». Sem conseguir articular bem as palavras, disse-lhe apenas:
«Que orgulho! Aprecio o seu exemplo! Fantástico!».
Quando
voltei para casa paroquial, aquelas palavras não me saíam da cabeça. Só pensava
na lição que este grande homem me tinha dado e na quais todos devemos refletir.
Por isso, aqui deixo mais este caso da vida real, especialmente à consideração
dos que procuram ver «o essencial invisível aos olhos».
E nós? De que lados
nos colocaram?
Padre Carlos
Nenhum comentário:
Postar um comentário