terça-feira, 13 de agosto de 2019

ARTIGO - O Papa e a boa política ( Padre Carlos )




O Papa e a boa política


            A crítica simplista dos políticos abre caminho aos populismos que crescem não só no Brasil, mas em todo o Mundo.
            Estes, como sabemos, começam por denunciar os defeitos das democracias para justificar o seu autoritarismo e, quase sempre, terminam em ditadura.
            Por isso, sempre fico preocupado com as referências às críticas aos políticos, acho que a nossa imprensa teve e tem uma parcela de culpa em tudo que aconteceu em nosso país. Quando um seguimento da sociedade entra no caminho dos que exploram os descontentamentos com a classe política para impor ideias, semear a xenofobia, agitar a bandeira do nacionalismo e capitalizar receios em benefício dos seus projetos totalitários, poderemos admitir que chegamos ao fundo do poço.
            Assim, ao levantar estas questões, não quero esconder nem ser conivente com os vícios da política atual. Desde logo, coloco aqui a corrupção - nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas -, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, como as maiores agressões a democracia que alguns políticos praticam.

           Porem, não se justifica um poder imposto, arbitrário com tendência a perpetuar-se no poder, com elementos de xenofobia e de racismo, devastando a florestas e recusando-se a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio à morte e a tortura, não podem ser soluções nem alternativa para a democracia e o estado de direito.
            Não quero aqui falar dos desmandos dos políticos. Aliás, gostaria de dizer que nosso objetivo é falar da "boa política". Assim, gostaria de lembrar para os leitores, que a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que moram nele e trabalhar para criar as condições de um futuro digno e justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, pela liberdade e pela dignidade das pessoas, a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade.
            O próprio Papa reconhece a importância da classe política, quando declara “bem-aventurados os políticos que têm uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel". Os políticos que gozam de credibilidade, que trabalham para o bem comum, que realizam a unidade, que estão comprometidos na mudança, que sabem escutar e que não têm medo. São esses os atores da "boa política" e os verdadeiros guardiões da paz no Mundo.
            Os outros são os que recorrem à "estratégia do medo", de dividir para reinar. O Papa denuncia que "não são sustentáveis os discursos políticos que tende a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa (...), no respeito pelo Direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas".
      
      Conclui o Papa que "a paz é fruto de um grande projeto político!" O Mundo precisam de grandes estadistas que se movam assim na política, políticos com a dimensão continentais.
            Vamos pedir ao Santo Padre, que coloque os nossos políticos nas suas orações e que o nosso bom Deus, favoreça os políticos de hoje, iluminando-os nos caminhos da "boa política"!
Padre Carlos



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