O Papa e a boa política
A crítica simplista dos políticos
abre caminho aos populismos que crescem não só no Brasil, mas em todo o Mundo.
Estes, como sabemos, começam por denunciar os defeitos
das democracias para justificar o seu autoritarismo e, quase sempre, terminam em ditadura.
Por isso, sempre fico preocupado com as referências às
críticas aos políticos, acho que a nossa imprensa teve e tem uma parcela de
culpa em tudo que aconteceu em nosso país. Quando um seguimento da sociedade
entra no caminho dos que exploram os descontentamentos com a classe política
para impor ideias, semear a xenofobia, agitar a bandeira do nacionalismo e
capitalizar receios em benefício dos seus projetos totalitários, poderemos
admitir que chegamos ao fundo do poço.
Assim, ao levantar estas questões, não quero esconder nem ser
conivente com os vícios da política atual. Desde logo, coloco aqui a corrupção
- nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de
instrumentalização das pessoas -, a negação do direito, a falta de respeito
pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, como as maiores agressões a
democracia que alguns políticos praticam.
Não quero aqui falar dos desmandos dos políticos. Aliás,
gostaria de dizer que nosso objetivo é falar da "boa política".
Assim, gostaria de lembrar para os leitores, que a função e a responsabilidade
política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o
mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que moram nele e trabalhar
para criar as condições de um futuro digno e justo. Se for implementada no
respeito fundamental pela vida, pela liberdade e pela dignidade das pessoas, a
política pode tornar-se uma forma eminente de caridade.
O próprio Papa reconhece a importância da classe
política, quando declara “bem-aventurados os políticos que têm uma alta noção e
uma profunda consciência do seu papel". Os políticos que gozam de
credibilidade, que trabalham para o bem comum, que realizam a unidade, que
estão comprometidos na mudança, que sabem escutar e que não têm medo. São esses
os atores da "boa política" e os verdadeiros guardiões da paz no
Mundo.
Os outros são os que recorrem à "estratégia do
medo", de dividir para reinar. O Papa denuncia que "não são
sustentáveis os discursos políticos que tende a acusar os migrantes de todos os
males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a
paz se baseia no respeito por toda a pessoa (...), no respeito pelo Direito e o
bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida
pelas gerações passadas".
Vamos pedir ao Santo Padre, que coloque os nossos
políticos nas suas orações e que o nosso bom Deus, favoreça os políticos de
hoje, iluminando-os nos caminhos da "boa política"!
Padre Carlos
Nenhum comentário:
Postar um comentário