O Papa e o sonho feliz de cidade
Faz dois anos que li uma reportagem, em que o Papa falava aos Prefeitos e chamava à atenção da importância de governar uma cidade com o
coração. Ao falar para todos os
administradores municipais, o Pontífice se dirigiu para estes políticos afirmando que quem
governa deve ter a virtude da prudência, da coragem e da ternura. Quando li
aquele texto pensei: como seria bom se o nosso Papa falasse estas palavras para
os representantes das nossas cidades. Disse Francisco: “Um prefeito deve ter a
virtude de prudência para governar, mas também a virtude da coragem para
avançar e a virtude da ternura para se aproximar dos mais fracos”, afirmou o
Papa no texto.
Para o Papa é necessário “uma
política e uma nova economia centrada na ética” e os líderes das várias cidades
devem “visitar as periferias”, O prefeito não deve ficar preso no centro e nos
bairros nobres “o ponto de vista deve ser o todo” indica melhor as
“necessidades reais” das populações e afasta “soluções aparentes”. Francisco
propôs aos prefeitos a construção de uma cidade que “não admite os sentidos
únicos do individualismo exasperado”, onde nunca se dissociam “o interesse
privado do público” e que não suporte os “becos cegos da corrupção”.
Na fala aos membros do executivo
municipal, o Papa desafiou à construção de “comunidades onde cada um se sinta
reconhecido como pessoa e cidadão, titular de direitos e deveres”.
“O que contribui para o bem de
todos, concorre também para o bem do indivíduo”, sublinhou. O Papa referiu-se
também à necessidade de “uma política de acolhimento e de integração” que “não
deixe à margem” os que chegam às várias cidades. “Construir esta cidade exige
de vós não um ascendente pretensioso sobre os outros, mas um compromisso
humilde e quotidiano a partir dos últimos”, disse o Papa. “Para abraçar e
servir esta cidade é necessário um coração bom e grande, para aí guardar a
paixão pelo bem comum”, sublinhou Francisco.
Guardando estas palavras do Pontífice
me lembrei da nossa cidade e acredito que o
combate à desigualdade deveria ser o principal objetivo do nosso futuro prefeito.
Desta forma podemos dizer que o maior desafio para os novos administradores
municipal que assumirão em janeiro de 2021 ou os que continuarão em seus cargos,
será a desigualdade. Os prefeitos precisam mudar o pensamento sobre as cidades
e enxergar a pobreza como questão central, e não residual. E se a União depois
do golpe parlamentar, não cumpre mais com suas obrigações mais básicas, estas
terminam ficando a cargo dos poderes municipais, por isto, é preciso ir fundo
na questão. Os maiores desafios estão nos bolsões de pobreza. É urgente reduzir
as diferenças entre os que têm mais e os que têm menos, e isto só conseguiremos
com políticas públicas de esquerda. Temos que concentrar esforços no resgate
social do município, levando a infraestrutura para onde estão os mais carentes
e trazendo estas pessoas ao convívio da sua dignidade. Esta é a verdadeira
administração.
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