sábado, 10 de agosto de 2019

ARTIGO - O Papa e o sonho feliz de cidade ( Padre Carlos )




O Papa e o sonho feliz de cidade

            Faz dois anos que li uma reportagem, em que o Papa falava aos Prefeitos e chamava à atenção  da importância de governar uma cidade com o coração.  Ao falar para todos os administradores municipais, o Pontífice se dirigiu para estes políticos afirmando que quem governa deve ter a virtude da prudência, da coragem e da ternura. Quando li aquele texto pensei: como seria bom se o nosso Papa falasse estas palavras para os representantes das nossas cidades. Disse Francisco: “Um prefeito deve ter a virtude de prudência para governar, mas também a virtude da coragem para avançar e a virtude da ternura para se aproximar dos mais fracos”, afirmou o Papa no texto.
   
         Para o Papa é necessário “uma política e uma nova economia centrada na ética” e os líderes das várias cidades devem “visitar as periferias”, O prefeito não deve ficar preso no centro e nos bairros nobres “o ponto de vista deve ser o todo” indica melhor as “necessidades reais” das populações e afasta “soluções aparentes”. Francisco propôs aos prefeitos a construção de uma cidade que “não admite os sentidos únicos do individualismo exasperado”, onde nunca se dissociam “o interesse privado do público” e que não suporte os “becos cegos da corrupção”.
            Na fala aos membros do executivo municipal, o Papa desafiou à construção de “comunidades onde cada um se sinta reconhecido como pessoa e cidadão, titular de direitos e deveres”.
            “O que contribui para o bem de todos, concorre também para o bem do indivíduo”, sublinhou. O Papa referiu-se também à necessidade de “uma política de acolhimento e de integração” que “não deixe à margem” os que chegam às várias cidades. “Construir esta cidade exige de vós não um ascendente pretensioso sobre os outros, mas um compromisso humilde e quotidiano a partir dos últimos”, disse o Papa. “Para abraçar e servir esta cidade é necessário um coração bom e grande, para aí guardar a paixão pelo bem comum”, sublinhou Francisco.
   
         Guardando estas palavras do Pontífice me lembrei da nossa cidade e acredito que o combate à desigualdade deveria ser o principal objetivo do nosso futuro prefeito. Desta forma podemos dizer que o maior desafio para os novos administradores municipal que assumirão em janeiro de 2021 ou os que continuarão em seus cargos, será a desigualdade. Os prefeitos precisam mudar o pensamento sobre as cidades e enxergar a pobreza como questão central, e não residual. E se a União depois do golpe parlamentar, não cumpre mais com suas obrigações mais básicas, estas terminam ficando a cargo dos poderes municipais, por isto, é preciso ir fundo na questão. Os maiores desafios estão nos bolsões de pobreza. É urgente reduzir as diferenças entre os que têm mais e os que têm menos, e isto só conseguiremos com políticas públicas de esquerda. Temos que concentrar esforços no resgate social do município, levando a infraestrutura para onde estão os mais carentes e trazendo estas pessoas ao convívio da sua dignidade. Esta é a verdadeira administração.

Padre Carlos




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