sábado, 10 de agosto de 2019

ARTIGO - Nostalgia ( Padre Carlos )




Nostalgia


       Não. Não vou falar do governo de Bolsonaro nem das suas maldades e das suas causas profundas. Não vou falar da crise da democracia e da representação dos poderes. Não vou falar do momento complexo que o Brasil vive pós-golpe e da falta de esperança no campo democrático. Também não vou falar da vergonha do Ministro Sergio Mouro e do Ministério Público com as revelações que estão vindo a público e das responsabilidades políticas e criminais de quem as cometeu e compactuou com todas as agressões a democracia e a nossa Constituição.     Não vou falar em nada disto porque os meios de comunicação estão cheios destes  artigos e os comentários proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar o seu desfecho – bons ou maus – se confirmem e esperar que a realidade das coisas nos surpreenda.
  
     Se vocês permitirem, hoje vou falar do sentimento de perda que esta semana registei ao encontrar no facebook a foto de um companheiro que a muito não tinha notícias, amigo e irmão dos anos de chumbo. É uma geração que vai desaparecendo e, com ela, certa forma de estar, de ser, de se relacionar, de escrever, de cantar, mas, também de lutar e acima de tudo de amar. Foi uma semana em que minhas lembranças da fundação do PT, da primeira campanha em 82 com voto vinculado, da propaganda politica que parecia uma página policial, afinal a maioria tinha sido preso político, do grupo de jovens, da militância e dos amigos da infância.
       Todo mundo tem momentos da vida que lembra com carinho, como os que eu descrevi nos primeiros parágrafos. Um lugar que você ia, coisas que fazia pessoas que já não convive mais. Lembro-me do que passou com ternura e muito emocionado. E muitas vezes desejamos que tudo aquilo voltasse, nem que só por alguns momentos. "Como era bom", pensamos.
     
  Como se quisesse reencontrar um mundo que parece ter acabado. Como se conseguisse rebobinar a vida e reencontrar-me com certa forma de ser e de estar que estes últimos 60 anos de tanta voracidade consumiram. E ressuscitar tempos, valores, sentimentos, modelos de sociedade que sucumbiram a esta loucura cujo destino ignoramos, mas tememos!
       Ao completar neste vinte e sete de janeiro sessenta anos, temos que agradecer a Deus por esta conquista! Outro fato inportante é poder festejar também neste dez de fevereito os quarenta anos do Partido dos Trabalhadores. Assim, convoco os menestréis   e os poetas para expressar o que eu sinto neste dia: “Chega de saudade
A realidade
É que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza
E a melancolia 
Que não sai de mim
Não sai de mim, não sai”.

Padre Carlos




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