A Teologia da Libertação é resgatada
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Quando fiquei sabendo através da imprensa sobre o convite
feito pala Pontifícia Comissão para a América Latina convidando o padre peruano
Gustavo Gutiérrez para, no congresso comemorativo dos 40 anos da Conferência de
Puebla (no Vaticano de 2 a 4 de outubro), falar sobre a opção preferencial
pelos pobres, na hora passou um filme na minha mente e agradeci a Deus por ter
me dado esta oportunidade de poder assistir o grande encontro da Igreja com os
oprimidos.
As coisas não acontecem
por acaso, em setembro de 2013, o Papa já havia recebido Gustavo Gutiérrez na
Casa de S. Marta e foi justamente naquele encontro ou poderia dizer, naquele abraço
fraterno que o Pontífice lhe dera, que me chamou a atenção para a possibilidade
deste fato. Na sua visita pastoral a Lima, voltou a se encontrar com este teólogo,
no início de 2018. Ainda no ano passado, quando o teólogo peruano completou 90
anos, o Papa endereçou-lhe uma afetuosa carta: "Uno-me à tua ação de
graças a Deus e agradeço-te pela tua contribuição à Igreja e à humanidade
através do teu serviço teológico e do teu amor preferencial pelos pobres e
descartados da sociedade", escreveu o Papa. Nessa carta auforia, Francisco
agradeceu também a Gutiérrez os seus esforços e a sua "forma de interpelar
a consciência de cada um, para que ninguém fique indiferente perante o drama da
pobreza e da exclusão".
O convite a Gutiérrez
para falar em Roma põe fim a décadas de condenação do seu pensamento teológico
e salvaguarda o aspeto mais relevante da Teologia da Libertação: a opção
preferencial pelos pobres. Um conceito a que o Concílio Vaticano II abriu caminho
e que as Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano consolidaram. A
terceira delas decorreu em 1979, na cidade de Puebla de Los Angeles, no México.
É verdade que a
Teologia da Libertação, ao fazer uma leitura marxismo, defendeu postulados que
a Igreja não podia acolher – é justamente daí que vinheram as sucessivas
condenações por parte da Congregação da Doutrina da Fé. Nem tudo, porém, está
errado nesta teologia. E essa parece ser a mensagem que o Vaticano e o Papa
pretendem agora passar ao acolher e louvar um dos seus proeminentes teólogos.
A Teologia da Libertação
sempre deu muita relevância, para algumas ferramentas de pesquisas, são estas às
ciências humanas e sociais. A antropologia, a psicologia, a sociologia foram
durante anos olhadas com desconfiança ela instituição, mas a Igreja não pode
descartar o seu interesse para a sua ação pastoral. Pelo contrário, deve acolher
as suas contribuições e utilizar tudo aquilo que ajude a compreender melhor o
homem, a cultura e a sociedade para melhor anunciar o Evangelho.
Diante disto tudo,
podemos hoje afirmar, que a filosofia marxista tem conceitos válidos para serem
utilizados pela teologia na proclamação do Evangelho, como tem também outros
que são inaceitáveis. A Teologia da Libertação terá que entender que esta
filosofia é mais uma ferramenta de estudo e interpretação. Só assim poderá ser
útil a uma Igreja ao serviço dos pobres.
Padre Carlos
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