A caixa de pandora.
Quando o PT chegou ao governo,
buscou uma forma de não dialogar somente com suas bases e construindo um canal
menos ideológico e mais republicano, fechou o canal com seus eleitores e sem
eles, cometeu o erro de fazer política sem retaguarda. Já o governo que se
encontra hoje no planalto, além de manter seu discurso e programa ideológico,
cria com todos os meios e o aparato que o estado possa lhe proporcionar, um regime
de mobilização permanente.
Se
prestarmos atenção às falas do presidente, podemos constatar que tem a intenção
de levar o público a pensar que ele não é radical: ele tenta se parecer com o
fascista francês Jean-Marie Le Pen do que com sua filha, a populista de direita
Marine. Mas, não podemos nos enganar, atrás de cada gesto e frases aparentemente
bobas, se esconde uma intenção e um objetivo dentro de um projeto político.
É importante diferenciar o tipo de mobilização
do bolsonarismo do ativismo social saudável. Uma sociedade civil forte impõe
limites ao poder. A mobilização em favor do Poder Executivo contra o
Legislativo e o Judiciário tenta retirar esses limites.
Bolsonaro
não pertence a corrente dos militares que aceitaram o fim da ditadura e a
abertura democrática. Por isso a tortura e seus torturadores são motivos para
culto. Podemos dizer que o Mito é fruto de uma ideologia dos porões do que
existiu de mais sombrio da ditadura, não é fruto de Golbery, não é uma herança dos presidentes militares. É a
visão de mundo dos bastidores do DOI, CODI e CINIMAR, dos agentes que torturava
comunistas e depois entrou para o esquadrão da morte, na visão urbana e os Curió
na visão rural, com os garimpos ilegais, além é claro, do jogo do bicho. Assim,
podemos entender os elogios e os reconhecimentos às pessoas ligados as
milícias.
Acho que a maior parte da imprensa,
dos políticos de centro direita e o povo brasileiro não descobriram ou não tem
coragem de admitir que para o PT não voltar ao poder, abriram com seu ódio e
sua omissão uma caixa de pandora.
Padre Carlos
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