terça-feira, 27 de agosto de 2019

ARTIGO - A caixa de pandora. ( Padre Carlos )




A caixa de pandora.



            Quando o PT chegou ao governo, buscou uma forma de não dialogar somente com suas bases e construindo um canal menos ideológico e mais republicano, fechou o canal com seus eleitores e sem eles, cometeu o erro de fazer política sem retaguarda. Já o governo que se encontra hoje no planalto, além de manter seu discurso e programa ideológico, cria com todos os meios e o aparato que o estado possa lhe proporcionar, um regime de mobilização permanente.
    
        Bolsonaro continua buscando e dialogando através de manifestações populares, coloca sua base contra as instituições, porque ele sabe que é a única forma de implantar seu projeto autoritário de um governo policial.
            Se prestarmos atenção às falas do presidente, podemos constatar que tem a intenção de levar o público a pensar que ele não é radical: ele tenta se parecer com o fascista francês Jean-Marie Le Pen do que com sua filha, a populista de direita Marine. Mas, não podemos nos enganar, atrás de cada gesto e frases aparentemente bobas, se esconde uma intenção e um objetivo dentro de um projeto político.
             É importante diferenciar o tipo de mobilização do bolsonarismo do ativismo social saudável. Uma sociedade civil forte impõe limites ao poder. A mobilização em favor do Poder Executivo contra o Legislativo e o Judiciário tenta retirar esses limites.
            Bolsonaro não pertence a corrente dos militares que aceitaram o fim da ditadura e a abertura democrática. Por isso a tortura e seus torturadores são motivos para culto. Podemos dizer que o Mito é fruto de uma ideologia dos porões do que existiu de mais sombrio da ditadura, não é fruto de Golbery, não é uma herança dos presidentes militares. É a visão de mundo dos bastidores do DOI, CODI e CINIMAR, dos agentes que torturava comunistas e depois entrou para o esquadrão da morte, na visão urbana e os Curió na visão rural, com os garimpos ilegais, além é claro, do jogo do bicho. Assim, podemos entender os elogios e os reconhecimentos às pessoas ligados as milícias.
       
     Quando se deu o golpe parlamentar, faltou visão aos teóricos de direita para entenderem que quebrar os partidos e o sistema político era fácil, difícil era construir outra coisa no lugar. O que sobra é conservadorismo moral e extremismo populista.

            Acho que a maior parte da imprensa, dos políticos de centro direita e o povo brasileiro não descobriram ou não tem coragem de admitir que para o PT não voltar ao poder, abriram com seu ódio e sua omissão uma caixa de pandora.

Padre Carlos





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