O Estado brasileiro e a sua
face
Repensar
o Estado não significa, só por si, acabar ou criar novas entidades e diminuir a
máquina. É conferir dimensão, relevância e significado às instituições
públicas.
Estamos há mais de uma década reclamando
que o Estado não nos dá a resposta devida perante as necessidades coletivas, ou
melhor, ao conjunto das necessidades individuais.
Hoje mais do que nunca é urgente o
combate à corrupção face aos sucessivos casos – mediáticos e intermináveis.
Porém, não basta combater é preciso agir dentro do Estado de Direito e em nome
desta cruzada aos corruptos não se pode cometer trafico de influência nem se corromper.
Assim, quando
presenciamos procuradores e juízes sendo investigados por seus próprios pares,
tememos pela impunidade diante do forte corporativismo dentro do estado e
diante de tantos casos que chegam à imprensa, acreditamos que a certeza da
impunidade seja a grande causa do aumento destes desvios.
Diante disto, escandalizarmos quando alguém afirma que os fins justificam os
meios, contrariando a regra geral. Os
brasileiros querem transparência, frontalidade e rapidez nas respostas às suas
necessidades e desejos. Claro que querem respostas às suas necessidades
individuais. As necessidades coletivas têm de ser assumidas por quem tem a
responsabilidade de pensar o país, a sociedade e o futuro. Daí ser tão
relevante saber exigir responsabilidade, ponderação e visão a médio e longo
prazo.
A solução política atual do Brasil
da coligação de extrema direita, bem como todos os populistas de centro, não demonstra
esta capacidade, enredados na necessidade de demonstrar uma resposta
imediatista nunca pensada em termos de país, mas meramente para obter
reconhecimento imediato.
Exigimos transparência e clareza,
mas não esperamos pela resposta e infelizmente, não condenamos em tempo hábil
quem prevarica. Esperamos que o sistema judicial dê resposta a tudo e em tempo
real – sendo que, normalmente, este não tem tempo para desempenhar este papel.
Esperar uma resposta do Estado para
uma crise que ele mesmo criou seria ingenuidade nossa. Se não houver uma mudança
profunda as instituições manterão as mesmas lógicas mesmo com nomes diferentes.
A resposta está mais ao nível da eficácia de responsabilizar do que da
alteração de modelos nunca testados. O paradigma público centra-se na afinação
e concentração de esforços nas pessoas, na formação e responsabilidade
individual. O problema no Brasil não é legislativo e sim formativo.
Repensar o Estado não é elaborar uma
nova Carta Magna em decorrência da criação de uma nova instituição. Repensar o
Estado não significa, só por si, acabar ou criar novas entidades e reduzir a
máquina. É conferir dimensão, relevância e significado às instituições
públicas.
A reforma do Estado não se proclama
por decreto. É necessário um grande pacto na sua produção e seus resultados devem
levar ao combate à burocracia, na luta contra os pequenos poderes e na
responsabilização individual dos seus agentes. Esperar respostas do Estado é
acreditar que a lei é para ser cumprida por todos.
Padre Carlos
Nenhum comentário:
Postar um comentário