sexta-feira, 30 de agosto de 2019

ARTIGO - 40 anos - Minha história, minha vida! ( Padre Carlos )




Minha história, minha vida!


     Quando Rosa Luxemburgo, disse que a liberdade é sempre a liberdade de quem pensa diferente, queria dizer, que as minorias e/ou maiorias que impeçam a livre manifestação do pensamento divergente contribuem para fortalecer o caldo cultural autoritário – também presente na esquerda brasileira. A liberdade de expressão é uma conquista e os militantes tem o direito de ser reconhecido pela direção partidária e portar seus símbolos ideológicos. Talvez a insistência surta mais efeitos negativos do que positivos, afinal o constrangimento pode afastar seus quadros, mas é uma questão de estratégia política a ser avaliada por eles.
    
        Não é paradoxal que sob a democracia e em nome da democracia sejam impedidos de participar e fazer parte do projeto político que ajudou construir? Como posso disputar uma maioria me considerando antipartidário e impedindo o direito e impondo meus sentimentos e valores de rejeição à minoria? É democrático impedir a livre manifestação dos que escolhem outros caminhos? Por outro lado, é preciso levar em conta que o sentimento de exclusão é difuso e nem sempre considera as diferenças substanciais entre as diversas correntes de pensamento dentro do partido, colocando todos sob o mesmo balaio. A ojeriza a algumas correntes do partido não é legítima nem salutar, na medida em que questiona a estrutura basilar da democracia representativa. Que o PT aprenda a lição das ruas e possa vivenciar primeiro a liberdade e a democracia nas suas fileiras.
            Estou no PT porque me reconheço na prática política do partido. Foi, sobretudo, uma opção ideológica. Com o tempo, outras experiências e leituras me conduziram cada vez mais, na direção à organização partidária. Durante a década de setenta, militei nas fileiras do Partido Comunista do Brasil, mesmo no tempo em que militava no PCdoB não me atraía o tipo de organização vanguardista, o partido de quadros, mesmo sabendo que se tratava de uma expressa necessidade daquela geração. Também aprendi com eles e, mesmo com as divergências que nos separam, mantive relacionamentos, pautados pelo respeito mútuo, que perduraram.
Sou, portanto, “Com Partido”. Reconheço-me no Partido dos Trabalhadores! É uma opção político-ideológica tão legítima construída nestes trinta e nove anos que dediquei da minha vida. Sim, dediquei os melhores anos da minha juventude na construção deste projeto.
             Reconheço, porém, a contribuição que minha geração deu na construção do partido e na militância política partidária. Sou de uma época em que não podiam expressar-se livremente, tinha que viver na clandestinidade. Não podíamos na reunião dos DAs ou DCEs, expressar nosso pensamento. Era uma questão de segurança, de sobrevivência, a integridade física e a vida estavam em risco. A ditadura civil-militar perdurava. Quando o PT surgiu, muitos de nós aderiram. Com o tempo alguns companheiros seriam convidados a sair ou foram sumariamente expulsos. Então, formaram seus próprios partidos. Outros permaneceram sob o biombo do MDB/PMDB. Dentro ou fora do PT, minha geração contribuiu para o processo de redemocratização do país.

       
    
Desta forma, quando comecei militar na esquerda, os jovens que hoje fazem parte do partido ainda não tinham nascido e mesmo não participando das lutas travadas neste quase meio século de resistência, pude constatar que coragem e senso de justiça nada tem haver com idade ou tempo de militância. Quando li a reportagem do candidato à presidência do PT de Conquista, Isaac, reconhecendo as forças que fazem parte do partido e chamando para si a responsabilidade de reconhecer as lideranças que fazem parte deste projeto, mostrou que tem capacidade de ser presidente do PT e que com certeza está surgindo uma forte liderança.

 

Padre Carlos








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