terça-feira, 20 de agosto de 2019

ARTIGO - Já são tratadas como “crime” ( Padre Carlos )




Já são tratadas como “crime”




            Quando o jornalista do site The Intercept Brasil, Gleen Greenwald, começou divulgar os diálogos entre o Procurador Deltan Dallagnol e o ministro da justiça Sérgio Moro, passamos a entender o tamanho do esquema que se tratava esta operação e os seus desdobramentos. Já chegamos ao ponto que o próprio Dallagnol admite que a condenação de Lula no caso triplex era inconsistente e que teriam que forjar crimes contra o ex-presidente.
            Uma coisa, no entanto, é evidente para os brasileiros e uma lição para os envolvidos neste escândalo que arrastou todo o sistema judicial do país: não é fácil resistir ao encantamento do mercado com suas “propinas palestras”. A fama e o poder, não deveria ser o objetivo final, do juiz nem dos membros do Ministério Público.     Podemos dizer que esta operação foi a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Foi comprovado que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, estava na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolveu a companhia.
     
       Não estamos aqui questionando o seu valor mais a forma como agiram os agentes públicos. Bem como não interessa levantar questões jurídicas ou operacionais, o que queremos é chamar atenção para as questões éticas e morais que estão relacionadas a tal ação dos agentes públicos.
            O Papa Francisco já classificou a vaidade o dinheiro como o "esterco do Diabo", recuperando uma expressão de Basílio de Cesareia, um padre da Igreja do século IV, que S. Francisco de Assis utilizava frequentemente. "Quando a vaidade a busca da fama a qualquer preço (reconhecimento), e o dinheiro se torna um ídolo, então ela passa comandar as escolhas do homem. E então arruína o homem e condena-o", disse o Papa numa audiência no dia 28 de fevereiro de 2015.
            Enquanto a fama é assumida como um meio ou uma oportunidade para fazer justiça, ela é ótima. Quando se torna num objetivo a alcançar só para benefício próprio, alimentando a vaidade e se tornando um meio para lucrar com palestras e vantagens pessoais, então ele corrompe e degrada. O mesmo se pode dizer do poder, da fama, ou de tantos outros valores que foram perseguidos pelos membros desta força tarefa. Buscaram tudo, menos a justiça.
            As revelações feitas na série de reportagens da Vaza Jato, divulgadas pelo site The Intercept em parceria com diversos veículos da imprensa, já são tratadas como “crime” entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta forma, fica claro para a sociedade como é difícil combater o poder sem se corromper. Não é uma tarefa fácil assumir a defesa da justiça do combate a grandes corporações sem se envolver com as elites proprietária destas e de tantas outras. Mas mais difícil ainda é não perder o pé e não embarcar nos jogos dos poderosos, os quais estão treinados a esmagar e aniquilar quem não compactua com eles.

           Agora podemos entender como as ações e as omissões, da Força Tarefa, estavam presente nas eleições para presidente, governadores e até para os cargos proporcionais nas últimas eleições. Sendo certo que ninguém pode estar acima da lei - nem mesmo um juiz que fez tanto pelo combate a corrupção -, Mais importante que combater estes crimes é garantir que todas as pessoas tenham direito a um julgamento justo, imparcial e equitativo. A justiça tem de ser justa e proporcional - não pode ser uma arma usada por tribunais manipulados pelo poder económico e pelas elites.
            Veremos  a partir das novas informações qual as providencias que Supremo Tribunal Federal poderá tomar sobre este caso.
PADRE CARLOS


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