domingo, 17 de janeiro de 2021

ARTIGO - Francisco e as reformas da Igreja (Padre Carlos)

 

Francisco e as reformas da Igreja

 


Não podemos negar que algo mudou na nossa Igreja. Hoje estava aqui pensando  com meus botões, como esta comunidade de fé tem buscado se adaptar aos novos tempos. Precisamos entender que o passado não está morto e o futuro não está pronto. Vivemos mudanças que são fruto de uma transformação profunda no modo como ser Igreja.


O que podemos dizer, é que nunca um Papa tinha feito uma oposição à cúria romana de forma tão aberta na história dos pontificados, como Francisco vem fazendo. Quando o Papa acenou para a possibilidade de autorizar a comunhão para os divorciados recasados, Francisco foi claro: "Eu posso dizer: sim. Ponto”.

Quando um Papa busca com suas posições reformistas trazer a Igreja para uma realidade contemporânea do mundo, as vozes do passado manifestam a abertura a um debate na Igreja sobre o dogma da infalibilidade. O interessante é que Francisco conhecendo a Cúria se antecipou e já colocou na ordem do dia a questão.

 Mesmo sendo claro nas suas posições, o cardeal G. L. Müller, prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, veio corrigir Francisco, dizendo que os divorciados recasados não podem, em caso algum, aproximar-se da comunhão e o máximo a que podem aspirar, depois da confissão, é viverem "em castidade total, como irmãos". Hannah Arendt, diz que na luta entre dois homens, o que decide é a força e entre dois pensamentos? 

       Quando Francisco declarou há quase cinco anos atrás que iria  instituir  uma comissão para estudar a possibilidade de ordenar mulheres como diaconisas. O cardeal W. Kasper  veio logo  prevenir que muitos se oporão: "Creio que agora se abrirá uma discussão feroz. Sobre este tema a Igreja está dividida entre os que pensam que o diaconado permanente feminino é um regresso à Igreja primitiva e os que crêem que é um primeiro passo para as mulheres sacerdotes e que, por isso, não pode ser possível."

 

O certo é que a visão eclesiológica de Francisco vem fazendo com que esta visão de Igreja saia dos armários onde estavam escondidos este tempo todos. Estamos assistindo a um assalto orquestrado por cardeais da Cúria e outras vozes que começaram a dizer coisas como estas: que este Papa não sabe teologia (sabe o Evangelho!), que está rompendo com a Lei Natural (a que eles creem da sua natureza!), que está destruindo a Igreja, de modo que não levará muito tempo para deixar de existir.


Este é um comportamento próprio da lei do medo, próprio daqueles que não acreditam de verdade no evangelho da conversão, da forma nova de pensar e agir de Jesus. Uma manifestação humana dos que têm medo da sua própria liberdade, da sua responsabilidade pessoal. Para libertar-se do seu medo (sem conseguir), impõem duras obrigações legais aos outros, cargas que eles próprios são incapazes de carregar. O grande medo dos "controladores da Igreja" é perder a sua função e ficando na rua. Por isto, procuram a lei do "curral" fechado, controlado, pois temem que os cristãos sejam livres e "explorem de verdade a vida segundo o Evangelho".

 

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...