terça-feira, 19 de janeiro de 2021

ARTIGO - O PT de mudanças ou crises? (Padre Carlos)

 


     Durante as ultimas décadas não produzimos novas ideias. A meu ver, o partido tem de ouvir mais os militantes, principalmente depois de uma derrota como esta.

 

 





Faltando menos de trinta dias para o Partido dos Trabalhadores completar quarenta e um anos, voltamos neste curto espaço de tempo para que antes de apagarmos as velas, possamos conhecer verdadeiramente nossa realidade.




A tremenda derrota política da democracia e do PT, acumulada com o golpe e o fim do circulo de vinte anos de governo em nossa cidade em 2016 até às eleições de 2020, reconfigura a realidade de uma nova conjuntura não só a nível nacional, mas também em nível local e delimita o arco de possibilidades para relançar um novo ciclo das forças democráticas. O período impôs ao PT e os partidos de esquerda, uma dinâmica frentista, que não conseguimos visualizar, isto é, a reinvenção das formas de luta e de organização dos movimentos sociais, e uma reformulação estratégica do PT como partido de massas. Durante as ultimas décadas
não produzimos novas ideias. A meu ver, o partido tem de ouvir mais os militantes, principalmente depois de uma derrota como esta.

 Sobre a renovação do partido, algumas questões centrais precisam ser enfrentadas: a) não cabem mais a antiga lógica burocrática da atual estrutura partidária; b) o antipetismo, tendo como base a histérica criminalização do partido, tomou uma dimensão social e simbólica que precisa ser compreendida e enfrentada; c) sem a reorganização política do PT, será inviável a reconstrução de uma alternativa popular capaz de organizar e hegemonizar uma frente de partidos não só de esquerda, mas que estejamos abertos para acolher e deslocar parte da base aliada da direita; d) o período aberto com a vitória de Guilherme Menezes em 1996 e os vintes anos de governo, que permitiu a vitória petista e o ciclo de desenvolvimento regional, está encerrado. Assim, hoje constatamos que durante 20 anos a frente da Prefeitura da nossa cidade, o PT pareceu ignorar o papel de classe que lhe foi confiado em nosso município, atuamos como se fossemos um instrumento neutro sem fazer  distinção básica entre governo e poder (erros que hoje tem nos custado muito caro).

 O PT e as forças populares da nossa cidade foram mais uma vez derrotado por este projeto de direita. Isto não quer dizer que ele não continua representando a luta pela igualdade, a justiça social, a democracia e o lado certo da história. Mas para isto é preciso formular uma política que possa motivar a nossa militância e a população em geral. A criação de debates políticos internos, ouvindo os militantes sem se limitar a copiar e colar, poderia ser uma forma de oxigenar o partido.

 Durante os vinte anos de PT em conquista qual política e esquerda foi implantada em nosso município?  Precisam perceber a emergência do novo (ele sempre vem, mas nem sempre é bom). É verdade que a reorganização estratégica do PT enfrenta algum ceticismo sobre a efetiva possibilidade de desburocratizar e renovar a máquina partidária. Como conviver com os mandatos sem sofre o peso da estrutura política e financeira destes seguimentos. Se tivermos respostas para tudo isto, poderemos transformar a burocracia do partido em um movimento político, atuando a partir de fora e de dentro da estrutura partidária institucionalizada.

Precisamos entender o que esta se passando com o PT de Vitória da Conquista e para isto chegamos as seguintes conclusões que  nos levaram há dois grandes problemas: primeiro que o partido deixou de ser urbano na nossa cidade e começa a migrar para as áreas rurais aonde o antipetismo ainda não chegou.

         O segundo ponto e não menos importantes é que todo partido de massa tem lastro no movimento sindical e popular e este foi uma das grandes perdas da sigla nos últimos tempos.

 


Temos que admitir que nós não fizéssemos o nosso trabalho - intelectual ideológico e político - sobre o papel que precisamos desempenhar neste projeto e como ampliar nossas bases sem perder o caráter reformista. Por isto, estamos  pagando um alto  preço.

Os companheiros, dirigentes ou não, precisão entender que o momento hoje é outro e ficar achando que o PT de conquista sem uma ampla frente pode desbancar esta direita, é não enxergar a nova conjuntura e com esta cegueira termina criando dificuldades para que o partido possa “escrever uma nova página”.

 

 


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