Faltando menos de
trinta dias para o Partido dos Trabalhadores completar quarenta e um anos,
voltamos neste curto espaço de tempo para que antes de apagarmos as velas,
possamos conhecer verdadeiramente nossa realidade.
A tremenda derrota política da democracia e do PT, acumulada com o golpe e o fim do circulo de vinte anos de governo em nossa cidade em 2016 até às eleições de 2020, reconfigura a realidade de uma nova conjuntura não só a nível nacional, mas também em nível local e delimita o arco de possibilidades para relançar um novo ciclo das forças democráticas. O período impôs ao PT e os partidos de esquerda, uma dinâmica frentista, que não conseguimos visualizar, isto é, a reinvenção das formas de luta e de organização dos movimentos sociais, e uma reformulação estratégica do PT como partido de massas. Durante as ultimas décadas não produzimos novas ideias. A meu ver, o partido tem de ouvir mais os militantes, principalmente depois de uma derrota como esta.
Sobre a renovação
do partido, algumas questões centrais precisam ser enfrentadas: a) não cabem mais
a antiga lógica burocrática da
atual estrutura partidária; b) o antipetismo, tendo como base a histérica
criminalização do partido, tomou uma dimensão social e simbólica que precisa
ser compreendida e enfrentada; c) sem a reorganização política do PT, será
inviável a reconstrução de uma alternativa popular capaz de organizar e
hegemonizar uma frente de partidos não só de esquerda, mas que estejamos abertos para acolher e deslocar parte da base aliada da direita; d) o período aberto com a vitória
de Guilherme Menezes em 1996 e os vintes anos de governo, que permitiu a
vitória petista e o ciclo de desenvolvimento regional, está encerrado. Assim,
hoje constatamos que durante 20 anos a
frente da Prefeitura da nossa cidade, o PT pareceu ignorar o papel de classe
que lhe foi confiado em nosso município, atuamos
como se fossemos um instrumento neutro sem fazer distinção básica entre governo e poder (erros
que hoje tem nos custado muito caro).
O PT e
as forças populares da nossa cidade foram mais uma vez derrotado por este
projeto de direita. Isto não quer dizer que ele não continua representando a
luta pela igualdade, a justiça social, a democracia e o lado certo da história.
Mas para isto é preciso formular uma política que possa motivar a nossa
militância e a população em geral. A criação de debates políticos internos,
ouvindo os militantes sem se limitar a copiar e colar, poderia ser uma forma de
oxigenar o partido.
Durante os vinte anos de PT em conquista qual
política e esquerda foi implantada em nosso município? Precisam perceber a emergência do novo (ele
sempre vem, mas nem sempre é bom). É verdade que a reorganização estratégica do
PT enfrenta algum ceticismo sobre a efetiva possibilidade de desburocratizar e
renovar a máquina partidária. Como conviver com os mandatos sem sofre o peso da
estrutura política e financeira destes seguimentos. Se tivermos respostas para
tudo isto, poderemos transformar a burocracia do partido em um movimento
político, atuando a partir de fora e de dentro da estrutura partidária
institucionalizada.
Precisamos entender o que esta se passando
com o PT de Vitória da Conquista e para isto chegamos as seguintes conclusões
que nos levaram há dois grandes problemas:
primeiro que o partido deixou de ser urbano na nossa cidade e começa a migrar
para as áreas rurais aonde o antipetismo ainda não chegou.
O
segundo ponto e não menos importantes é que todo partido de massa tem lastro no
movimento sindical e popular e este foi uma das grandes perdas da sigla nos
últimos tempos.
Os companheiros, dirigentes ou não,
precisão entender que o momento hoje é outro e ficar achando que o PT de
conquista sem uma ampla frente pode desbancar esta direita, é não enxergar a
nova conjuntura e com esta cegueira termina criando dificuldades para que o partido
possa “escrever uma nova página”.
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