quarta-feira, 31 de maio de 2023

ARTIGO - Ironia trágica: um dos acusados do assassinato de Sashira fica livre em seu aniversário de 21 anos. (Padre Carlos)



A Justiça que decepciona e a dor de um pai

 


Em 31 de maio de 2023, Sashira Camilly Cunha completaria 21 anos. Porém, no dia de seu aniversário, um dos responsáveis ​​por sua morte prematura foi liberado por meio de Habeas Corpus concedido pelo Supremo Tribunal de Justiça. Felipe Gusmão, apontado como o elo entre o ex-namorado de Sashira, Rafael Souza, e o mandante do golpe fatal, Marcos Vinícius Fernandes, deixou o Conjunto Penal pela segunda vez, menos de dois anos após o trágico 15 de setembro de 2021. Em entrevista exclusiva ao Blog do Sena, o pai de Sashira, Edilvânio Alves, também conhecido como Seis Dedos, expressou sua profunda angústia, raiva e tristeza.

 

Nesta entrevista ao blog, o pai de Sashira falou: “A dor hoje já seria imensurável por não ter a Sashira aqui conosco, tendo sua vida abreviada aos 19 anos. Hoje nós temos esse presente, esse presente que a Justiça deu não só para a gente, mas para toda a sociedade, que é esse assassino, esse assassino de alta periculosidade como um todo — a presença desse perigoso assassino nas ruas. Parabéns à Justiça!" ele expressou amargamente.

 

O pai da jovem vítima revelou ainda a sua desilusão com a justiça após a libertação de um dos indivíduos envolvidos no crime. "Esses assassinos lincharam minha filha. Não acreditamos mais nesse sistema de justiça. Estamos surpresos com essa reviravolta. Menos de dois anos, e é isso que o sistema de justiça faz. Esses criminosos ainda nem foram julgados. Este foi o presente de aniversário da minha filha", enfatizou.

 

Segundo o empresário, a forma como a Justiça tem tratado o caso coloca a filha dele na posição de acusada. "Com base nas circunstâncias atuais, minha filha é a ré, e esses assassinos são retratados como heróis. Minha filha foi torturada", lembrou.

 

Filipe havia sido solto em agosto do ano passado, poucos dias antes de o crime completar um ano. Ele voltou para a prisão em março deste ano. O tribunal considerou que ele não estava presente na cena do crime e não era o mentor por trás disso.

 

A libertação de um dos supostos assassinos no caso Sashira levanta preocupações significativas sobre as falhas e inconsistências no sistema de justiça. Embora a decisão tenha sido tomada com base em um tecnicismo legal, ela negligencia o impacto emocional na família da vítima, que agora deve suportar a dolorosa realidade de ver o suposto assassino de sua filha sair em liberdade.

 

Este caso é mais um lembrete da necessidade urgente de uma reforma judicial abrangente em nosso país. O sistema de justiça deve priorizar os direitos e o bem-estar das vítimas e suas famílias, garantindo que a justiça seja feita e que os culpados sejam responsabilizados por suas ações. É desanimador testemunhar o sofrimento e a decepção experimentados pelas famílias que depositaram sua confiança no sistema legal, apenas para serem decepcionadas repetidas vezes.

 

Devemos exigir mudanças. Devemos exigir um sistema de justiça que valorize as vidas perdidas, que reconheça a dor das famílias deixadas para trás e que trabalhe incansavelmente para evitar mais injustiças. É essencial que nossa sociedade se una para apoiar os afetados por tais tragédias e lutar por um sistema de justiça que realmente faça justiça.

 

        Ao refletirmos sobre o aniversário de Sashira, não esqueçamos sua vida, seus sonhos e o futuro promissor que lhe foi roubado. Que sua memória sirva de lembrete da necessidade urgente da reforma da justiça e da responsabilidade de todos nós para que não mais famílias sofram a dor e a angústia sentidas por Edilvânio Alves. 

ARTIGO - A Operação Faroeste é apenas a ponta do iceberg. (Padre Carlos)

 



A necessidade de uma reforma no judiciário




          O Brasil é um país que se orgulha de ser uma democracia, onde todos são iguais perante a lei e onde os direitos e deveres dos cidadãos são garantidos pela Constituição. No entanto, a realidade nem sempre corresponde a esse ideal, especialmente quando se trata do poder judiciário, que deveria ser o guardião da legalidade e da justiça.

          Um exemplo recente e escandaloso de como o judiciário pode ser corrompido e servir aos interesses de grupos econômicos e políticos é a Operação Faroeste, que apura o envolvimento de membros do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em um suposto esquema de venda de sentenças, formação de quadrilha, grilagem de terras na região Oeste do estado, entre outros crimes.

    Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, desembargadores e juízes teriam recebido propinas milionárias para favorecer disputas de terras envolvendo empresas agropecuárias e falsos cônsules. Além disso, os magistrados teriam praticado lavagem de dinheiro, evasão de divisas, organização criminosa e tráfico de influência.

          A Operação Faroeste foi deflagrada em novembro de 2019 e já teve sete fases, resultando no afastamento e na prisão de vários envolvidos, incluindo o ex-presidente do TJ-BA, Gesivaldo Britto, e outras cinco desembargadoras. No entanto, apesar da gravidade dos fatos e das provas apresentadas pelo MPF, os processos ainda tramitam em segredo de justiça no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sem que haja uma definição sobre a responsabilização dos acusados.

          Esse caso revela não apenas a falta de ética e de moralidade de alguns membros do judiciário, mas também a fragilidade do sistema de controle e fiscalização desse poder. Afinal, como é possível que um esquema criminoso dessa magnitude tenha se instalado e se mantido por tanto tempo sem que nenhuma instância superior ou órgão de controle tenha tomado providências?

    É evidente que o Brasil precisa urgentemente de uma reforma no judiciário, que fortaleça os mecanismos de transparência, fiscalização e combate à corrupção. É preciso que haja uma maior independência e autonomia dos órgãos responsáveis pela investigação e pelo julgamento dos crimes praticados por magistrados, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o próprio STJ. É preciso também que haja uma maior participação da sociedade civil na escolha e na avaliação dos membros do judiciário, garantindo a representatividade e a diversidade desse poder.

           A reforma no judiciário é uma questão de cidadania e de democracia. Não podemos aceitar que um poder tão importante para a garantia dos direitos humanos e para a consolidação do Estado Democrático de Direito seja dominado por interesses escusos e ilegítimos. Não podemos tolerar que alguns magistrados sejam privilegiados em detrimento da maioria da população, que sofre com a morosidade, a ineficiência e a injustiça do judiciário.

           A Operação Faroeste é um alerta para a sociedade brasileira sobre os riscos que corremos se não exigirmos uma mudança profunda no nosso sistema judicial. É preciso que todos se mobilizem em defesa da ética, da legalidade e da igualdade perante a lei. Só assim poderemos construir um país mais justo, mais livre e mais democrático.


ARTIGO - Afastamento de Appio: uma decisão controversa e questionável. (Padre Carlos)

 


Appio, que pede a suspensão imediata.



      O juiz Eduardo Appio, que assumiu a 13ª Vara Federal de Curitiba em fevereiro deste ano, foi afastado do cargo na semana passada pelo Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sob a alegação de que ele teria feito uma ligação intimidatória ao filho do desembargador Marcelo Malucelli, que se declarou suspeito de julgar processos da Lava Jato por ter vínculos com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Appio nega ser o autor do telefonema e recorreu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para tentar reverter a decisão.

       A medida cautelar do TRF-4, que afastou Appio sem sequer instaurar um processo disciplinar contra ele, é controversa e questionável por vários motivos. Em primeiro lugar, porque se baseia em indícios frágeis e inconclusivos, como o acesso do juiz a um processo que continha o contato do filho do desembargador e a suposta semelhança entre a voz de Appio e a do interlocutor da ligação, que não foi identificada com certeza pela perícia. Em segundo lugar, porque viola o princípio da presunção de inocência e o direito ao contraditório e à ampla defesa, garantidos pela Constituição Federal. Em terceiro lugar, porque revela uma falta de imparcialidade e isonomia do órgão administrativo, que no passado absolveu Moro de acusações mais graves, como a divulgação ilegal de interceptações telefônicas e a importação irregular de provas da Suíça.

        O afastamento de Appio também tem implicações políticas e jurídicas relevantes, pois interfere na condução dos processos da Lava Jato, que estão sob sua responsabilidade desde que ele substituiu o juiz Luiz Antonio Bonat, eleito desembargador federal. Appio é conhecido por ser um magistrado crítico aos métodos e abusos da operação, tendo anulado decisões de Moro contra o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral por falta de imparcialidade. Com sua saída temporária da 13ª Vara, os processos ficam paralisados ou podem ser redistribuídos para outro juiz, o que pode gerar novas nulidades e questionamentos.

        Diante desse cenário, cabe ao CNJ analisar com rigor e celeridade o recurso de Appio, que pede a suspensão imediata da decisão do TRF-4, a avocação dos expedientes disciplinares em curso no tribunal e a realização de uma correição extraordinária na 13ª Vara Federal de Curitiba. Somente assim será possível garantir a legalidade, a transparência e a independência do Poder Judiciário, que não pode se submeter a pressões ou interesses políticos ou corporativos.

 

terça-feira, 30 de maio de 2023

ARTIGO - PGR denuncia Moro por calúnia ao STF após fala do senador sobre o ministro Gilmar Mende. (Padre Carlos)

 


Moro não se retrata e se complica no STF


 

 

Em vídeo gravado em evento social, Moro fala em 'comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes'. Em nota, Moro afirmou que vídeo com a fala é um fragmento editado e que não fez acusação contra o ministro.

  

O senador Sergio Moro (União-PR) foi denunciado por calúnia ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria Geral da República (PGR) por uma declaração sobre o ministro Gilmar Mendes. O caso será relatado pela ministra Cármen Lúcia.

 

Segundo a denúncia, assinada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, Moro teria ofendido a honra de Mendes ao insinuar que ele venderia habeas corpus. A PGR pede que Moro seja condenado com base no artigo 138 do Código Penal, que prevê pena de seis meses a dois anos de detenção e multa para quem caluniar alguém.

 

A PGR também aponta como agravantes o fato de o suposto crime ter sido cometido contra funcionário público, na presença de várias pessoas e contra pessoa com mais de 60 anos. Nesse caso, a pena pode ser aumentada de um terço até metade.

 

Além disso, a PGR requer que Moro perca o mandato de senador se for condenado a uma pena privativa de liberdade superior a quatro anos.

 

A denúncia tem origem em uma representação feita pelo próprio Mendes à PGR na última sexta-feira (14), após a revista Veja divulgar um vídeo em que Moro aparece em um evento social falando sobre o ministro.

 

No vídeo, Moro responde a uma fala que menciona um possível "suborno" a alguém. Moro diz: "Não, isso é fiança... instituto... para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes."

 

Em nota, Moro negou que tenha feito qualquer acusação contra Mendes e afirmou que o vídeo foi editado por terceiros. Ele disse que sempre se pronunciou de forma respeitosa em relação ao STF e seus ministros e que repudia a denúncia apresentada pela PGR.


segunda-feira, 29 de maio de 2023

ARTIGO - É fundamental que o CNJ apure as suspeitas sobre a conduta do desembargador. (Padre Carlos)

 

 

A suspeição do desembargador Marcelo Malucelli e o caso Tacla Duran

 



       O desembargador federal Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), está no centro de uma polêmica que envolve o advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, e o senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz responsável pela operação em primeira instância. O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, intimou Malucelli e a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para prestarem esclarecimentos em três casos que levantam suspeitas sobre a conduta do desembargador.


     O primeiro caso se refere a um pedido de prisão contra Tacla Duran, feito pelo Ministério Público Federal e acatado por Malucelli em abril deste ano, mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender as apurações sobre o advogado e fixar a competência do caso para a Corte Suprema. Tacla Duran, que vive na Espanha e tem dupla nacionalidade, alega ser vítima de perseguição política e denuncia supostas irregularidades na condução da Lava Jato por Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol.


    O segundo caso diz respeito à relação familiar entre Malucelli e Moro. O desembargador é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio do escritório de advocacia de Moro e da esposa do senador, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP). João também namora a filha do casal de parlamentares.  Esses vínculos levantam dúvidas sobre a imparcialidade de Malucelli para julgar os processos da Lava Jato que envolvem Moro, especialmente o de Tacla Duran.


    O terceiro caso se baseia em uma reclamação do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que pede o afastamento de Malucelli do TRF-4 e a suspensão das decisões já tomadas por ele que envolvem o advogado João Malucelli – filho do desembargador e sócio de Moro – em um processo sobre fraudes em licitações no Paraná. Renan Calheiros também solicita a instauração de um processo administrativo disciplinar contra o desembargador por suposta falta funcional com repercussão disciplinar.


     Diante desses fatos, cabe questionar se o desembargador Marcelo Malucelli agiu com ética e transparência ao julgar os casos da Lava Jato no TRF-4. Afinal, ele tinha o dever de se declarar suspeito por motivo de foro íntimo, como fez somente na semana passada, após a abertura do procedimento no CNJ. Ao permanecer nos processos que envolviam seu filho e seu sócio Moro, ele colocou em risco a credibilidade da Justiça e a confiança da sociedade.


     O caso Tacla Duran é emblemático nesse sentido, pois revela as contradições e os interesses que permeiam a Lava Jato. O advogado é acusado de crimes graves, mas também traz à tona denúncias graves contra Moro e Dallagnol, que precisam ser investigadas com rigor e isenção. Não se pode ignorar nem condenar previamente nenhuma das partes envolvidas. É preciso garantir o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal.


     Por isso, é fundamental que o CNJ apure as suspeitas sobre a conduta do desembargador Marcelo Malucelli e que o STF assuma o julgamento do caso Tacla Duran. Somente assim será possível preservar a integridade da Justiça e evitar que ela seja usada como instrumento de perseguição ou proteção política.


 


 

ARTIGO - O Legado do Amor Eterno: Reflexões sobre a Carta de Thamar para seu Filho Lucas. (Padre Carlos)



Carta de Amor Eterno.




          A história de Thamar e seu filho Lucas nos envolve em um turbilhão de emoções, nos levando a refletir sobre a fragilidade da vida e a força do amor. A carta que ela escreveu para seu filho, que completou quatro anos de sua partida, é um testemunho comovente de uma mãe que encontrou esperança e inspiração em meio à tragédia.

          Em um mundo muitas vezes marcado por histórias tristes e dolorosas, a carta de Thamar nos transporta para um lugar de luz e renovação. Ela nos mostra que a morte não é o fim absoluto, mas sim uma transformação, e que o amor verdadeiro é capaz de transcender os limites físicos e temporais.

          Ao ler cada palavra escrita com o coração, somos tocados pela imensa coragem de Thamar ao enfrentar a perda de seu filho. Ela nos mostra que, embora a jornada de luto seja desafiadora, a lembrança e o amor permanecem como fontes de esperança em meio à escuridão.

          A carta de Thamar é um lembrete poderoso de que devemos expressar nosso amor e apreço pelas pessoas enquanto elas estão ao nosso lado. Ela nos chama a refletir sobre nossas próprias vidas e relacionamentos, questionando se temos sido suficientemente amorosos e gratos com aqueles que nos rodeiam.

          Através da vulnerabilidade de Thamar, somos inspirados a abraçar a vida de maneira mais profunda e significativa. Ela nos encoraja a encontrar paz interior mesmo em meio à dor, e a buscar consolo nas memórias preciosas que mantemos em nossos corações.

          A história de amor e luto de Thamar também nos lembra que todos nós enfrentaremos a partida de entes queridos em algum momento de nossas vidas. É uma realidade inevitável, mas ela nos mostra que somos capazes de encontrar força e esperança mesmo nos momentos mais difíceis.

          Ao compartilhar sua experiência, Thamar nos convida a sermos mais compassivos e solidários com aqueles que estão passando por situações semelhantes. Ela nos lembra da importância de oferecer apoio e estender uma mão amiga durante os períodos mais sombrios da vida.

          A carta para Lucas nos toca profundamente, pois nos faz refletir sobre nossas próprias vidas e prioridades. Ela nos incita a valorizar cada momento com aqueles que amamos e a buscar uma conexão emocional mais profunda com eles.

          Diante da partida de Lucas, Thamar descobriu uma paz interior que a ajudou a seguir em frente com amor e gratidão. Sua jornada emocional nos mostra que, mesmo na tristeza, há espaço para a cura e para encontrar um novo significado na vida.

          Nessa carta repleta de amor e saudade, Thamar nos presenteia com uma lição inestimável: o amor verdadeiro jamais morre. Ele transcende a separação física e continua a iluminar nossas vidas mesmo quando nossos entes queridos não estão mais ao nosso lado.

          Ao concluir a leitura dessa carta emocionante, somos lembrados da preciosidade da vida e da importância de honrar e celebrar aqueles que já partiram. O legado de amor deixado por Lucas vive através das palavras e do amor eterno de sua mãe. Essa história nos desafia a refletir sobre como podemos manter viva a memória daqueles que amamos e como podemos honrar seu legado.

domingo, 28 de maio de 2023

ARTIGO - A importância de experiências pessoais na transformação social. (Padre Carlos)


Lula e sua luta contra a fome!





        A experiência da pobreza e miséria na infância deixa marcas profundas em qualquer indivíduo. A sensação de passar fome é algo que nunca se esquece, moldando a perspectiva de vida e impulsionando a busca por soluções efetivas. Nesse sentido, a persistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em combater a fome no Brasil encontra suas raízes nas vivências de sua própria história. Ao destinar uma parcela modesta do orçamento nacional para esse propósito, Lula conseguiu saciar a fome de milhões de brasileiros, o que levantou questões sobre a distribuição de recursos e a responsabilidade da elite em relação à situação atual do país.
     É inegável que o Brasil enfrenta sérios desafios sociais, com uma parcela significativa da população vivendo em condições precárias. A fome, assim como as doenças decorrentes dessa realidade, assola mais da metade dos brasileiros. Essa é uma triste realidade que precisa ser enfrentada e combatida de forma energética.
       Lula, um dos líderes políticos mais influentes do país, carrega consigo uma vivência pessoal marcada pela pobreza e pela fome. Essa experiência moldou sua visão política e impulsionou sua luta incessantemente para melhorar as condições de vida dos mais desfavorecidos. Ao destinar apenas 0,5% do orçamento para esse combate, Lula conseguiu aliviar a fome de mais de trinta milhões de pessoas. Essa conquista é inegável e merece reconhecimento.
      No entanto, é importante reconhecer que a responsabilidade pelo agravamento da situação recai sobre os ombros da elite brasileira. A destinação de 50% do orçamento nacional para pagar os juros da dívida e o beneficiário do mercado revela uma distração gritante nas prioridades do país. Essa realidade mostra a falta de compromisso da elite com as necessidades básicas da população, como a alimentação e as condições de vida dignas.
          Os banqueiros, como atores-chave do sistema financeiro, exercem um papel de influência na economia nacional. Ao priorizar o lucro e negligenciar as necessidades sociais, eles originaram diretamente para a perpetuação da fome e das doenças no Brasil. Além disso, a mídia corporativa desempenha um papel importante ao direcionar o foco da sociedade para assuntos muitas vezes irrelevantes, enquanto negligencia a urgência das questões sociais.
          A experiência da fome na infância é algo que nunca se esquece. Diante disso, compreende-se a persistência de Lula em combater a fome no Brasil e buscar soluções eficazes. Sua conquista em milhões de almas alimentares com uma pequena parcela do orçamento demonstra que é possível enfrentar essa problemática de maneira pragmática e responsável.
          No entanto, é necessário questionar a responsabilidade da elite brasileira nesse cenário. A destinação desproporcional de recursos para o pagamento de juros da dívida e o enriquecimento mercado revela uma falta de compromisso com as necessidades básicas da população. Os banqueiros e a mídia corporativa têm um papel crucial nessa dinâmica, confiantes para a perpetuação da fome e das péssimas condições de vida.
É fundamental que a elite brasileira assuma sua responsabilidade e repense suas prioridades. A saúde e o bem-estar da população devem estar acima dos fundos financeiros individuais. É necessário investir em políticas públicas efetivamente, que visam garantir o acesso à alimentação, à saúde e à educação de qualidade para todos os brasileiros.
     O combate à fome não é uma questão apenas de assistencialismo, mas sim de justiça social e direitos humanos. É inaceitável que em um país com vastos recursos naturais e biológicos, uma parcela significativa da população ainda enfrente a fome e viva em condições de extrema pobreza.
      É preciso fortalecer a participação da sociedade civil, das organizações não governamentais e dos movimentos sociais nesse processo de transformação. A pressão popular e o apoio em prol de políticas inclusivas e equitativas são fundamentais para garantir a superação da fome e das desigualdades.
        Enquanto as nações desenvolveram investimentos em programas de combate à pobreza e à fome, o Brasil ainda enfrenta um longo caminho para garantir uma vida digna para todos os seus cidadãos. O exemplo de Lula e sua trajetória pessoal nos lembra que a empatia, a sensibilidade e a vontade política podem fazer a diferença na vida daqueles que mais precisam.
Portanto, é preciso encarar a realidade de frente, reconhecendo que a fome é uma violação dos direitos humanos e uma vergonha para uma nação com o potencial do Brasil. É necessário que a elite assuma sua responsabilidade e se comprometa de forma superior com o combate à fome e à miséria, colocando as necessidades da população em primeiro lugar.
    Somente assim será possível construir um país mais justo, solidário e próspero para todos os brasileiros. A hora de agir é agora. A fome não pode ser mais negligente. É urgente combater essa realidade e garantir que nenhuma criança tenha que experimentar a dor e a privação da fome.

ARTIGO - Entre sonhos e saudades: as melodias que ecoam a alma dos brasileiros. (Padre Carlos)

 


Retratos musicais de uma era em transformação:



          Ah, sabe aqueles dias em que você acorda com um turbilhão de pensamentos na cabeça e sente uma urgência em colocá-los no papel? Pois é, hoje foi um desses dias! E é justamente nessa vibe que eu gostaria de compartilhar com vocês um pouco do universo em que Adoniran Barbosa compôs "Trem das Onze" e Mário Lago deu vida à música "Amélia". Vamos voltar no tempo e explorar um Brasil dos anos cinquenta, cheio de transformações sociais, políticas e culturais. Vamos criar aqueles imaginários, aqueles sonhos, aquele universo que habitava o coração dos paulistanos e cariocas da época.

          Adoniran Barbosa, ah, esse poeta que aprendeu como ninguém interpreta o cotidiano das mais humildes da população urbana em suas colaborações. "Trem das Onze" é uma daquelas músicas que ficaram marcadas na memória de todos, lançada em 1964, mas composta lá em 1942. Essa canção conta a história de um homem que, para pegar o último trem rumo a Jaçanã, um bairro distante de São Paulo, precisa se despedir de sua amada. A música revela as dificuldades de locomoção na cidade, a influência dos imigrantes italianos na linguagem e na cultura paulistana e uma nostalgia pelos tempos que se perdiam com a modernização.

      Já Mário Lago, esse homem multifacetado, um verdadeiro camaleão que transitava entre a advocacia, a poesia, o rádio, a composição, a escrita e até a atuação. Ele era um sujeito cheio de dons, mas também um militante político e um boêmio de primeira. Sua sensibilidade para as causas populares o levou a compor sambas populares como "Ai! Que Saudade da Amélia" e "Atire a Primeira Pedra", ambos em parceria com Ataulfo ​​Alves. "Amélia" foi lançada em 1942 e se tornou um sucesso nacional, retratando uma mulher que se submetia e era companheira do homem em todas as dificuldades, sem vaidades ou exigências. Essa música acabou criando na sociedade um conceito de "Amélia", como sendo a mulher ideal para os homens da época. Em acreditem se quiserem,

        Essas duas músicas viveram nos aspectos da vida brasileira na década de cinquenta, um momento em que o país um intenso processo de industrialização, urbanização e desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, havia conflitos sociais, políticos e culturais entre as diferentes classes e regiões do país. A música popular brasileira surgiu como uma forma de expressar todas essas contradições e também de criar identidades e imaginários coletivos.

           Ah, e como era o coração do paulistano na década de cinquenta? Posso dizer que era um coração que pulsava em meio a uma São Paulo em plena transformação. Era uma cidade fervilhante, com suas construções e fábricas. Acredito que estavam levantando os espelhos que Caetano falava.

      São Paulo, uma cidade em constante ebulição, com suas ruas movimentadas, prédios sendo construídos a todo vapor e uma diversidade cultural cada vez mais presente. Nas esquinas, a mistura de imigrantes italianos, que perdeu sua marca na região da Mooca e do Bixiga, com os paulistanos de nascente criaram um verdadeiro caldeirão de sotaques e tradições.

          E é nesse cenário caótico e cheio de vida que Adoniran Barbosa encontrou sua inspiração. Com seu jeito peculiar de cantar e compor, ele capturou a essência desse cotidiano agitado. Suas músicas retratavam as dificuldades e as alegrias do povo trabalhador, que enfrentava longas jornadas e condições de vida precárias. Em "Trem das Onze", Adoniran nos conta a história de um homem simples que precisa partir às onze horas da noite, no último horário do trem, deixando para trás sua amada. Essa canção é um verdadeiro retrato da dificuldade mobilidade urbana em uma cidade que ainda tentou se adaptar ao rápido crescimento.

           Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Mário Lago também encontrou inspiração para suas composições. E que cidade era essa, o Rio! Um lugar vibrante, cheio de energia e contrastes. E lá estava Mário Lago, absorvendo tudo isso e divertindo-se em música. "Amélia", sua canção mais conhecida, se tornou um hino à mulher que dedicava sua vida integralmente ao lar e à família, abrindo mão de suas próprias vontades. Em uma época em que os papéis de gênero eram rigidamente definidos, Amélia representava o ideal de esposa e mãe, sem vaidades ou ambições individuais. Essa música refletia os valores conservadores da sociedade da época, mas também despertava questionamentos sobre o papel e a posição da mulher naquele contexto.

            Tanto Adoniran Barbosa quanto Mário Lago conseguiram retratar, cada um à sua maneira, o universo da segunda metade da década de quarenta e dos anos cinquenta . Suas composições capturaram as dores e os amores daquela época, revelando a essência dos espaços urbanos em que viviam. São Paulo e Rio de Janeiro eram cidades em constante transformação, cheias de particularidades e contrastes. As melodias e essas letras artistas se tornaram verdadeiras porta-vozes de uma geração, ecoando a esperança e os desafios de um Brasil em evolução.

             No coração do paulistano e do carioca do final da década de quarenta e de toda a década de cinquenta, pulsavam os sonhos de um país em constante movimento. Eram tempos de esperança, desafios e muita música. Adoniran Barbosa e Mário Lago foram artistas visionários, capazes de capturar a essência de uma época e transmiti-la através de suas composições atemporais. Suas músicas continuam ecoando até os dias de hoje, transportando os ouvintes para aquele universo repleto de imaginação, sonhos e saudades.

 

sábado, 27 de maio de 2023

ARTIGO - Temos de garantir a Appio o direito de defesa: o afastamento do Juiz é uma afronta à Justiça, a Democracia e ao Estado de Direito. (Padre Carlos)

 


Temos que garantir a Appio o direito de se defender

 




          O afastamento do juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato, é uma afronta à Justiça e à operação que desvendou o maior esquema de corrupção da história do país. Appio foi afastado na última segunda-feira 22 pelo Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sob a acusação de ter intimidado o filho do desembargador Marcelo Malucelli, que se declarou suspeito de julgar casos da Lava Jato por ter seu filho sócio do ex-juiz Sergio Moro em um escritório de advocacia.

          A decisão do TRF-4 é arbitrária, ilegal e baseada em indícios frágeis e inconclusivos. Não há provas de que Appio tenha feito a ligação telefônica para o filho de Malucelli, apenas uma suposta semelhança de voz. Além disso, não há nada de ameaçador na conversa, apenas uma tentativa de obter o contato do desembargador para tratar de um assunto administrativo. O próprio Appio nega ter feito a ligação e diz que não sabe de nada.

          O afastamento de Appio é uma violação ao seu direito ao contraditório e à ampla defesa, pois ele não foi ouvido previamente nem teve acesso ao processo. É também uma violação à sua independência funcional, pois ele foi punido por exercer sua atividade jurisdicional com rigor e imparcialidade. Appio é um juiz sério, competente e crítico dos abusos cometidos pela Lava Jato sob o comando de Moro. Ele anulou decisões de Moro contra o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, por considerar que o ex-juiz foi parcial e violou o princípio do juiz natural.

          Appio é um defensor da legalidade e da democracia, que busca corrigir os erros e as ilegalidades praticadas pela Lava Jato. Ele não merece ser afastado por uma denúncia infundada e motivada por interesses pessoais e políticos. Ele merece ser respeitado e apoiado por todos os que defendem a Justiça e o combate à corrupção sem violar os direitos e as garantias fundamentais.

          Por isso, a defesa de Appio pede que o corregedor-nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, submeta a representação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão competente para julgar os magistrados federais. A defesa alega que o TRF-4 não tem imparcialidade nem isenção para prosseguir com o procedimento disciplinar contra Appio, pois está envolvido no caso e tem interesse em afastá-lo da Lava Jato.

          O CNJ deve acolher o pedido da defesa e garantir a Appio o direito de se defender das acusações e de retornar à 13ª Vara Federal de Curitiba. O afastamento de Appio é uma tentativa de enfraquecer a Lava Jato e de proteger os interesses de Moro e seus aliados. É uma tentativa de impedir que a verdade sobre a Lava Jato venha à tona e que os responsáveis pelos crimes cometidos na operação sejam punidos.

          A sociedade brasileira não pode aceitar esse ataque à Justiça e à Lava Jato. É preciso apoiar Appio e exigir que ele seja reconduzido ao seu cargo. É preciso defender a Lava Jato como uma operação que busca combater a corrupção com respeito à lei e aos direitos humanos. É preciso defender a democracia e o Estado de Direito contra os que querem subvertê-los em nome de interesses escusos.

          

 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

ARTIGO - O ministro que não se intimida com as tentativas da oposição.( Padre Carlos)

 

Flávio Dino: o ministro que desafia a oposição




          O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tem se destacado no governo Lula pela sua competência, firmeza e coragem. Em menos de um ano à frente da pasta, ele já realizou importantes ações para combater a corrupção, o crime organizado, o terrorismo e as violações de direitos humanos. Além disso, ele tem defendido a democracia, a Constituição e o Estado de Direito diante das constantes ameaças e ataques da oposição.

     Um exemplo dessa postura foi a sua participação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, no dia 28 de março. Na ocasião, ele foi convocado pelos parlamentares da oposição para prestar esclarecimentos sobre as investigações da Polícia Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. O que se viu foi um verdadeiro show de conhecimento jurídico, político e histórico por parte do ministro, que respondeu com tranquilidade e embasamento a todas as perguntas e provocações dos deputados.

         O resultado foi que os parlamentares da oposição saíram frustrados e constrangidos da audiência, sem conseguir desestabilizar ou desqualificar o ministro. O próprio deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), um dos mais ferrenhos aliados de Bolsonaro, reconheceu que Flávio Dino “moeu” e “destruiu” os deputados da oposiçãoEm um podcast, ele disse que a razão pela qual os parlamentares não convocaram o ministro para mais comissões na Câmara foi porque ele “engoliu uns 10” na CCJ.

         Essa declaração revela o respeito e o temor que Flávio Dino inspira nos seus adversários políticos. Ele é um ministro que não se intimida com as tentativas de intimidação, que não se rende às pressões e que não se omite diante dos desafios. Ele é um ministro que honra o cargo que ocupa e que representa os anseios da maioria do povo brasileiro por justiça, segurança e democracia.

          Flávio Dino é, sem dúvida, um dos maiores nomes do governo Lula e do cenário político nacional. Ele é um exemplo de que é possível fazer política com ética, competência e compromisso social. Ele é um ministro que desafia a oposição e que merece o nosso reconhecimento e apoio.

ARTIGO - Um Reflexo da Intolerância Presente em Nossa Sociedade.

 


 

Racismo só no Futebol?

 


No mundo do futebol, rivalidades intensas e apaixonadas são uma característica marcante. Contudo, em meio a essa competição saudável, encontramos momentos em que a linha que separa o entusiasmo esportivo do preconceito se torna tênue. Recentemente, o caso envolvendo o jogador do Real Madrid, Vinicius Júnior, chamou a atenção para a questão do racismo e da intolerância. É alarmante perceber que mesmo um atleta prestigiado, rico e com posição privilegiada na sociedade ainda seja vítima desse tipo de ocorrência. Isso nos faz refletir sobre a realidade dos negros na periferia, que não possuem os mesmos recursos e estão ainda mais expostos à intolerância. Vivemos um momento crucial na história, onde as máscaras caem e o preconceito com negros e pobres se torna visível.

O futebol, como um uma parte da sociedade, reflete as tensões e desigualdades existentes em nosso mundo. Através dos estádios, das arquibancadas e dos campos, é possível observar a manifestação de preconceitos arraigados, muitas vezes disfarçados de rivalidade entre os clubes. No entanto, o sentimento envolvendo Vinicius Júnior demonstra que a demonstração racial não se limita apenas a esse contexto e atinge até mesmo aqueles que alcançaram fortuna e o sucesso.

Vinicius Júnior, um jovem talento do futebol brasileiro, chegou ao Real Madrid com uma promissora carreira pela frente. Sua trajetória, entretanto, tem sido marcada por atos de racismo. Insultos e manifestações preconceituosas foram dirigidas a ele tanto dentro quanto fora dos campos. É inaceitável que um atleta, independentemente de sua cor de pele, precise lidar com tais comportamentos em pleno século XXI.

    Esse triste episódio nos faz questionar: se um jogador de futebol com todo o prestígio, dinheiro e posição na sociedade sofre com o racismo, o que acontece com os outros negros que vivem na periferia, sem os mesmos recursos e oportunidades? A resposta é angustiante: esses indivíduos ainda são mais exposto ao preconceito. São marginalizados, excluídos e tratados de forma desumana em um sistema que perpetua desigualdades socioeconômicas e raciais.

         O caso de Vinicius Júnior é apenas uma pequena amostra de um problema estrutural e enraizado em nossa sociedade. O racismo não se limita ao futebol, ele se manifesta nas instituições, nas relações cotidianas e nos discursos de ódio disseminados nas redes sociais. É necessário um esforço coletivo para combater essa realidade e promover a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos, independentemente de sua cor de pele.

      Felizmente, há iniciativas que buscam enfrentar o racismo no futebol. Clubes, entidades esportivas e jogadores influentes têm levantado suas vozes contra o preconceito racial, utilizando sua visibilidade para conscientizar e promover mudanças. Além disso, é importante ressaltar a importância do papel das autoridades esportivas e governos na implementação de medidas efetivas de combate ao racismo.

    No entanto, é fundamental compreender que a luta contra o racismo não pode se limitar apenas ao âmbito esportivo. O racismo é um reflexo de uma sociedade desigual, permeada por preconceitos e discriminações. Portanto, é necessário um esforço conjunto para promover uma mudança real e duradoura.

         A educação desempenha um papel fundamental nesse processo. É necessário incentivar a conscientização desde cedo, nas escolas e nas famílias, sobre a importância da segurança racial e da valorização da diversidade. Além disso, é preciso investir em programas de inclusão social, proporcionando oportunidades iguais para todos, independentemente de sua origem étnica.

    Outro aspecto relevante é a conscientização e responsabilização dos agressores. É preciso que a sociedade condene de forma veemente os atos racistas, seja nos estádios, nas ruas ou nas redes sociais. As leis devem ser rigorosas e aplicadas de forma efetiva, punindo aqueles que perpetuam o racismo.

        No entanto, a luta contra o racismo não se resume apenas à esfera jurídica. É necessário um trabalho profundo de desconstrução de estereótipos e preconceitos arraigados em nossa sociedade. Isso envolve uma mudança de mentalidade, uma reflexão individual e coletiva sobre nossos próprios preconceitos e busca por uma convivência mais respeitosa e inclusiva.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

ARTIGO - A Belle Époque do movimento estudantil. (Padre Carlos)





Uma era de liberdade e transformação




          Na década de 1970, um encontro em Salvador marcou o início de uma era dourada para o movimento estudantil no Brasil. Essa época, que se estendeu até meados da década de 1980, é lembrada por muitos como os melhores dias de suas vidas. Nessa fase, o saudosismo se faz presente em grande parte devido à transição para as liberdades democráticas que estavam retornando ao país, após anos de ditadura militar que só chegariam ao fim em 1985. Foram duas décadas de castração social e política, em que a juventude ansiava por mudanças e encontrava nas ruas a voz para reivindicá-las.
          Os jovens daquela época ostentavam cabelos compridos, calças azuis e desbotadas, e tinham o rock'n'roll e a MPB como trilha sonora de suas vidas. Eram tempos de efervescência cultural, de questionamento e de luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Os estudantes tomaram as ruas, e as ruas se tornaram o palco de suas reivindicações e festividades.
         As ruas do Canela, da Federação e da Cardial da Silva eram frequentemente tomadas  de pessoas que subiam e desciam, em um vai e vem constante. Festas promovidas por grupos políticos e pelas chapas dos Diretórios Acadêmicos (DAs) foram o ponto de encontro dessa juventude ávida por transformação. Os barzinhos da região se tornaram verdadeiros templos de encontros e debates, onde ideias eram compartilhadas, amizades se formavam e estratégias de luta eram toleradas.
          A Belle Époque do movimento estudantil foi marcada por uma efervescência política e cultural sem precedentes. As assembleias estudantis eram frequentes e ganhavam cada vez mais assistidas, mobilizando milhares de jovens em prol de pautas como a liberdade de expressão, a democratização do ensino e a extensão dos direitos estudantis. As passeatas tomavam as ruas, com cartazes, faixas e palavras de ordem, em um movimento vibrante e cheio de energia.
               Essa época também foi marcada pela criatividade e pela contestação artística. O movimento estudantil estava diretamente ligado às manifestações culturais da época, como o teatro de rua, a poesia engajada e as apresentações musicais em espaços públicos. A arte se tornou uma forma de expressão política, de denúncia e de resistência. Os alunos não apenas falavam, mas também cantavam, pintavam e interpretavam suas ideias e anseios.
          
      No entanto, a Belle Époque do movimento estudantil não foi apenas uma fase de festividades e celebrações. A repressão do regime militar ainda se fazia presente, mesmo que em declínio. A juventude começou momentos de tensão, com confrontos com a polícia e vigilância constante dos órgãos de segurança. Ainda assim, a vontade de lutar por uma sociedade mais justa e democrática prevaleceu, impulsionando o movimento estudantil a persistir em suas demandas.
  
          À medida que a ditadura militar perdia força, os estudantes se tornavam  protagonistas de um processo de transição política e social. Aos poucos, o desejo por mudanças encontrou eco na sociedade civil, despertando um sentimento de esperança e renovação. As vozes dos estudantes ecoavam além dos campi universitários, conquistando o apoio de diversos setores da população.
             A participação dos estudantes na política nacional era cada vez mais evidente. Suas demandas e reivindicações ganham espaço nos debates públicos, influenciando a agenda política e confiantes para a consolidação de um ambiente desejado à democratização do país. Nesse contexto, o movimento estudantil se firmou como uma importante força de transformação social, exercendo pressão sobre as estruturas de poder e abrindo caminhos para a construção de uma sociedade mais inclusiva e participativa.
          A Belle Époque do movimento estudantil não se restringe apenas às questões políticas e sociais. Era uma época de efervescência cultural, em que o rock'n'roll e a MPB se entrelaçavam, ecoando os anseios e as aspirações da juventude da época. O rock, com suas letras de contestação e rebeldia, se tornou um símbolo de resistência, enquanto a MPB, com suas melodias marcantes e letras poéticas, emocionava e unia os jovens em torno de causas comuns.
          Os barzinhos da região se transformaram em verdadeiros pontos de encontro e manifestação cultural. Ali, músicos, poetas e artistas se reúnem para compartilhar suas criações, expressar suas opiniões e fortalecer os laços de camaradagem e solidariedade. Esses espaços eram o refúgio onde a juventude se encontrava alento no meio às adversidades, onde os sonhos de um futuro melhor eram alimentados e onde novas amizades surgiam.
          Olhando para trás, é compreensível o saudosismo que permeia as memórias daqueles dias. A Belle Époque do movimento estudantil representou não apenas uma era de lutas e conquistas, mas também um momento de união e transformação pessoal. Os jovens daquela época se tornaram agentes ativos na construção de um país mais livre e democrático, e o impacto de suas ações reverbera até os dias de hoje.
          Embora os tempos tenham mudado e novos desafios tenham surgido, a essência daqueles dias permanece viva nas mentes e nos corações daqueles que viveram essa época única. A Belle Époque do movimento estudantil foi um capítulo marcante da história do Brasil, um período em que a juventude encontrou sua voz e lutou por seus ideais. E é importante que essa memória seja preservada, para que as gerações futuras possam compreender a importância da transmissão social e buscar a inspiração naqueles que vieram antes, construindo um futuro mais justo e igualitário.



ARTIGO - O legado de Aurino Cajaíba: O acervo do Museu que resgata a história nacional e local. (Padre Carlos)

 

Um patrimônio cultural em meio ao abandono




O acervo do Museu Cajaíba, composto por mais de 180 obras históricas, é um verdadeiro tesouro que testemunha o passado nacional e local. Localizado na cidade de Vitória da Conquista, o museu foi construído a partir da década de 1960 e tem despertado interesse não só entre estudiosos, mas também entre educadores da região, que enxergam o potencial do acervo como recurso de aprendizagem para os alunos das escolas públicas.

O responsável pela criação desse espaço singular foi o renomado escultor Aurino Cajaíba, nascido na cidade de Itaquara, na Bahia, e radicado em Vitória da Conquista desde 1950. Com sua habilidade artística e uma visão única, Cajaíba utilizou restos de materiais da construção civil encontrados na cidade para transformar objetos aparentemente sem valor em verdadeiras obras de arte. Essas obras, que compõem o acervo do Museu Cajaíba, conferem ao espaço uma importância cultural e histórica inestimável.

Durante seu auge, o Museu Cajaíba foi considerado o maior museu a céu aberto da América Latina, atraindo visitantes e pesquisadores interessados em explorar suas obras e desvendar as histórias por trás delas. No entanto, o cenário atual é de abandono. A família Cajaíba enfrenta dificuldades financeiras para manter o museu ativo e, por isso, busca o apoio do poder público para preservar esse patrimônio cultural.

Ana Gonçalves, uma professora e pesquisadora dedicada, está conduzindo um estudo sobre o Museu Cajaíba. Seu objetivo vai além de despertar o interesse das autoridades em cuidar e valorizar esse espaço único. Ela também busca apresentar a memória histórica ali presente para a região e, principalmente, para a comunidade estudantil. Vitória da Conquista é uma cidade que recebe muitos turistas, e o Museu Cajaíba poderia se tornar um ponto de destaque no circuito turístico local, contribuindo para o enriquecimento cultural e histórico da região.

O desejo de Ana Gonçalves é resgatar não apenas a figura do artista Aurino Cajaíba e sua produção cultural, mas também as narrativas relacionadas à história nacional e local, enriquecendo o conhecimento da comunidade. Através desse resgate, o Museu Cajaíba poderá se tornar um espaço de aprendizagem e reflexão, onde visitantes e estudantes poderão mergulhar nas ricas histórias que as obras contam, compreendendo a importância do patrimônio cultural para a identidade de uma sociedade.

Com ações efetivas do poder público e o envolvimento da comunidade, é possível vislumbrar um futuro promissor para o Museu Cajaíba. Ao valorizar esse espaço cultural e histórico, a cidade de Vitória da Conquista não apenas preserva sua memória, mas também fortalece seu potencial turístico e enriquece a vida dos seus habitantes.

 


quarta-feira, 24 de maio de 2023

ARTIGO - A Importância de Respeitar a Decisão do TSE na Cassação de Dallagnol. (Padre Carlos)

 


Dallagnol, não está acima da lei.


Em um momento em que a autoridade das instituições públicas é constantemente questionada, é essencial fortalecer a importância de um tribunal e acatar as decisões judiciais, especialmente quando se trata de um caso envolvendo um representante público. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandatário do ex-deputado Dallagnol, condenado por crimes e atos de improbidade administrativa. No entanto, há parlamentares que buscam salvar o mandato de Dallagnol, o que configura um desrespeito à vontade popular e uma agressão à democracia.

Ele deve responder pelos seus atos perante a justiça, sem esperar por privilégios indevidos concedidos pelo Congresso. Permitir que os parlamentares salve o mandato de Dallagnol seria um claro desrespeito à democracia e à moralidade pública.

Ao cassar o mandato de Dallagnol, o TSE não está fazendo nada mais que o seu papel que é cumprir a lei e garantir a integridade do processo eleitoral. Agora, cabe ao Congresso fazer a sua parte e respeitar a decisão da Corte. A democracia se baseia na separação dos poderes e no respeito às decisões judiciais. Tentar anular uma decisão legítima e soberana do TSE seria um golpe contra a democracia e contra a própria República.

Neste momento de crise, é fundamental que a sociedade esteja vigilante e exija dos seus representantes que comprem a lei e defendam os interesses coletivos. Devemos nos unir em defesa dos nossos direitos e das nossas instituições, impedindo que os interesses particulares se sobreponham aos interesses coletivos.

O respeito às decisões de julgamento é essencial para a estabilidade e a confiança no sistema democrático. Quando as instituições são desafiadas e desrespeitadas, a confiança do povo é abalada, e o tecido democrático se fragiliza. Devemos reafirmar o compromisso com a legalidade e a transparência, mostrando que ninguém está acima da lei, inclusive aqueles que ocupam cargos públicos.

Diante de tais fatos, é necessário que os parlamentares respeitem a decisão do TSE na cassação do mandato de Dallagnol. A Lei da Ficha Limpa representa a vontade da sociedade em ter representantes íntegros e comprometidos com o bem comum. Não podemos permitir que particulares se sobreponham aos interesses coletivos e à democracia. A defesa dos nossos direitos e das nossas instituições é essencial para garantir a estabilidade democrática e o fortalecimento do Estado de Direito. É papel do Congresso Nacional zelar pela integridade das instituições democráticas e agir de acordo com os princípios da ética e da moralidade pública.

Ao desconsiderar a decisão do TSE e tentar salvar o mandato de Dallagnol, os parlamentares terminam enviando uma mensagem negativa a sociedade que a lei só vale para o povo.  Isso demonstra uma postura de conivência com atos ilícitos e uma falta de compromisso com a justiça e a transparência. É necessário reforçar que a democracia não se sustenta sem a confiança da população em suas instituições. Quando os cidadãos percebem que as leis são ignoradas e as decisões judiciais são desconsideradas, a aprovação do sistema é colocada em xeque. Isso pode gerar descontentamento, desilusão e até mesmo um sentimento de impunidade, minando os pilares fundamentais da democracia.

A atuação dos parlamentares deve estar pautada pelo respeito às leis e à independência dos poderes. É fundamental que eles ajam em consonância com os interesses da sociedade e ajam como verdadeiros representantes do povo. Isso implica em cumprir com o seu dever de fiscalizar, legislar e, principalmente, acompanhar as decisões judiciais.

A tentativa de anular a cassação do mandato de Dallagnol por parte do Congresso seria um retrocesso significativo no combate à corrupção e à impunidade.  Desta forma, é fundamental que a sociedade esteja atenta e mobilizada para exigir dos parlamentares o cumprimento da lei e o respeito às decisões judiciais. Devemos reafirmar a importância da democracia, da transparência e da justiça como pilares fundamentais do nosso sistema político. Só assim poderemos avançar no fortalecimento das instituições e na construção de um país mais justo e ético para todos os cidadãos.

 


ARTIGO - O PT e a nova esquerda: entre a mobilização e a cooptação. (Padre Carlos)

 



O PT e a nova esquerda no Brasil




       O Partido dos Trabalhadores (PT) surgiu na década de 1980 como uma expressão das lutas sociais e políticas dos trabalhadores, dos movimentos populares e das forças de esquerda contra a ditadura militar e o neoliberalismo. O PT se apresentava como um partido diferente dos demais, que buscava construir uma alternativa socialista, democrática e popular ao modelo de desenvolvimento excludente e dependente do capitalismo brasileiro.

     Ao longo de sua trajetória, o PT enfrentou diversos desafios e dilemas, que envolveram tanto a sua relação com as classes dominantes e as instituições do Estado, quanto a sua capacidade de manter a sua identidade e coerência programática, ética e ideológica. O PT passou por processos de transformação interna, que envolveram disputas entre diferentes tendências ou correntes, que expressavam distintas concepções sobre o papel do partido, a estratégia de mudança social e o projeto de sociedade.

   Nesse contexto, emergiu o que se convencionou chamar de nova esquerda, uma forças políticas e sociais que se opunham ao comunismo de estilo soviético e buscavam renovar o pensamento e a prática da esquerda no Brasil e no mundo. A nova esquerda se caracterizava por defender uma abordagem mais democrática, pluralista, participativa e emancipatória do socialismo, que valorizava a diversidade de sujeitos, demandas e movimentos sociais, bem como a autonomia da sociedade civil em relação ao Estado.

     A nova esquerda teve uma influência importante na formação do PT, que incorporou em seu programa e em sua organização elementos dessa visão. No entanto, a nova esquerda também enfrentou limites e contradições, que se manifestaram na dificuldade de articular uma proposta consistente e viável de superação do capitalismo, na tendência à fragmentação e à dispersão das lutas sociais e na vulnerabilidade às pressões e às seduções do sistema político institucional.

   Um dos principais problemas que se colocou para o PT e para a nova esquerda foi o de como conciliar a participação nas eleições e nos governos com a manutenção da mobilização social e da radicalidade política. O PT conseguiu chegar ao poder em diversos níveis da federação, culminando com a eleição de Lula à presidência da República em 2002. No entanto, esse processo também implicou em concessões, alianças, compromissos e adaptações que afetaram o caráter original do partido.

   Como analistas tenho presenciando nestas quatro décadas a perda e a capacidade de mobilização do PT de apresentar uma utopia onde os militantes se entreguem ao projeto sem que necessariamente tenha na pauta cargos e compensação financeira. Na minha visão, o PT passou por um processo de burocratização, se institucionalizado e se perseber foi sendo cooptado pelo sistema político dominante, transformando os sindicalistas, os antigos militantes dos partidos comunistas e das organizações de esquerda em verdadeiros cabos eleitorais.Foi também como analistas que presenciei o PT  realizar avanços significativos na melhoria das condições de vida da população mais pobre, na ampliação dos direitos sociais e na promoção da participação popular nos espaços públicos. 

     Acredito que o PT conseguiu apesar de tudo, manter uma postura crítica e transformadora diante das estruturas do poder, quando buscou construir um projeto nacional-popular que combinasse desenvolvimento econômico com distribuição de renda e democracia.

    Apesar destas duas perspectivas que testemunhei expressarem aspectos reais e contraditórios da trajetória do PT e da nova esquerda no Brasil, vejo neste partido um pragmatismo e a falta daquele combustível utópico que tanto embalou minha geração. Não se trata aqui de negar ou exaltar acriticamente os erros ou os acertos do partido, mas de compreender os seus limites e as suas potencialidades no contexto histórico em que atuou e atua. O PT não é nem o salvador nem o traidor da esquerda brasileira. O PT é um partido em disputa, que reflete as tensões e os conflitos da sociedade brasileira.

   A crise política atual coloca novos desafios para o PT e para a nova esquerda. Diante do golpe parlamentar-judicial-midiático que afastou Dilma Rousseff da presidência em 2016, da prisão arbitrária de Lula em 2018 e da ascensão do governo autoritário e ultraliberal de Jair Bolsonaro em 2019 e a volta de Lula, não e possível que não tenhamos aprendido nada. É preciso reafirmar a defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional como bandeiras fundamentais da esquerda.

     Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer os erros cometidos pelo PT nos seus governos, fazer uma autocrítica sincera e profunda das suas práticas políticas e éticas e renovar o seu programa e a sua organização para recuperar a confiança e a esperança da classe trabalhadora e dos setores populares. A Federação foi e está sendo inpotente para fortalecer a unidade da esquerda em torno de um projeto comum que seja capaz de enfrentar as ameaças do neoliberalismo, do fascismo e do imperialismo.

      O PT tem um papel importante a cumprir nessa tarefa histórica. Mas não pode fazê-lo sozinho nem isolado. É preciso dialogar com as outras forças políticas progressistas, com os movimentos sociais organizados, com as novas formas de resistência popular que emergem nas ruas, nas redes sociais, nas periferias, nas favelas, nos campos. É preciso construir uma nova esquerda que não seja capa preta ou de sapato auto, ela precisa ser plural, diversa, criativa, democrática e socialista.

       Esse é o desafio que se coloca para o PT no século XXI: ser um partido capaz de conquistar com o coração sua militância, antes de tentar mobilizar as massas para transformar o Brasil.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...