A
Justiça que decepciona e a dor de um pai
Em 31 de maio de 2023, Sashira Camilly
Cunha completaria 21 anos. Porém, no dia de seu aniversário, um dos
responsáveis por sua morte prematura foi liberado por
meio de Habeas Corpus concedido pelo Supremo Tribunal de Justiça. Felipe Gusmão, apontado como o elo entre o ex-namorado
de Sashira, Rafael Souza, e o mandante do golpe fatal, Marcos Vinícius
Fernandes, deixou o Conjunto Penal pela segunda vez, menos de dois anos após o
trágico 15 de setembro de 2021. Em entrevista exclusiva ao Blog do Sena, o pai
de Sashira, Edilvânio Alves, também conhecido como Seis Dedos, expressou sua
profunda angústia, raiva e tristeza.
Nesta entrevista ao blog, o pai de Sashira falou: “A dor hoje já seria imensurável por não ter a Sashira
aqui conosco, tendo sua vida abreviada aos 19 anos. Hoje nós temos esse
presente, esse presente que a Justiça deu não só para a gente, mas para toda a
sociedade, que é esse assassino, esse assassino de alta periculosidade como um
todo — a presença desse perigoso assassino nas ruas. Parabéns à Justiça!"
ele expressou amargamente.
O pai da jovem vítima revelou ainda a sua
desilusão com a justiça após a libertação de um dos indivíduos envolvidos no
crime. "Esses assassinos lincharam minha filha. Não acreditamos mais nesse
sistema de justiça. Estamos surpresos com essa reviravolta. Menos de dois anos,
e é isso que o sistema de justiça faz. Esses criminosos ainda nem foram
julgados. Este foi o presente de aniversário da minha filha", enfatizou.
Segundo o empresário, a forma como a
Justiça tem tratado o caso coloca a filha dele na posição de acusada. "Com
base nas circunstâncias atuais, minha filha é a ré, e esses assassinos são
retratados como heróis. Minha filha foi torturada", lembrou.
Filipe havia sido solto em agosto do ano
passado, poucos dias antes de o crime completar um ano. Ele voltou para a
prisão em março deste ano. O tribunal considerou que ele não estava presente na
cena do crime e não era o mentor por trás disso.
A libertação de um dos supostos assassinos
no caso Sashira levanta preocupações significativas sobre as falhas e
inconsistências no sistema de justiça. Embora a decisão tenha sido tomada com
base em um tecnicismo legal, ela negligencia o impacto emocional na família da
vítima, que agora deve suportar a dolorosa realidade de ver o suposto assassino
de sua filha sair em liberdade.
Este caso é mais um lembrete da necessidade
urgente de uma reforma judicial abrangente em nosso país. O sistema de justiça
deve priorizar os direitos e o bem-estar das vítimas e suas famílias,
garantindo que a justiça seja feita e que os culpados sejam responsabilizados
por suas ações. É desanimador testemunhar o sofrimento e a decepção
experimentados pelas famílias que depositaram sua confiança no sistema legal,
apenas para serem decepcionadas repetidas vezes.
Devemos exigir mudanças. Devemos exigir um
sistema de justiça que valorize as vidas perdidas, que reconheça a dor das
famílias deixadas para trás e que trabalhe incansavelmente para evitar mais
injustiças. É essencial que nossa sociedade se una para apoiar os afetados por
tais tragédias e lutar por um sistema de justiça que realmente faça justiça.
Ao refletirmos sobre o aniversário de Sashira, não esqueçamos sua vida, seus sonhos e o futuro promissor que lhe foi roubado. Que sua memória sirva de lembrete da necessidade urgente da reforma da justiça e da responsabilidade de todos nós para que não mais famílias sofram a dor e a angústia sentidas por Edilvânio Alves.
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