O
celular de Cid é uma bomba-relógio
Apesar das medidas implantadas pelo novo
governo para minimizar os efeitos da recessão que tem abalado o mundo nos
últimos anos, não podemos negar que o Brasil ainda vive um momento de
crise política, econômica e sanitária sem precedentes. A pandemia que matou
mais de 600 mil pessoas no país e deixou milhões de desempregados, pobres e
famintos precisa ser encarada com responsabilidade. A inflação disparou, o
dólar subiu e a energia elétrica ficou mais cara. A popularidade do
ex-presidente Jair Bolsonaro despencou e ele enfrenta vários processos no STF
que podem levar a sua perda de diretos políticos até quem sabe a prisão.
Mas o que pode ser a gota d'água para o seu
destino político não são os inúmeros processos que vem respondendo, mas um
simples e pequeno aparelho eletrônico: o celular de Mauro Cid, seu ex-assessor
e braço direito. Cid foi preso pela Polícia Federal na semana passada, acusado
de participar de um esquema que fraudava os dados de vacinação contra a
covid-19 no Ministério da Saúde. A PF também fez busca e apreensão na casa de
Bolsonaro em Brasília, mas ele não foi encontrado.
O celular de Cid é uma caixa-preta que pode
revelar os bastidores do poder nos últimos quatro anos. Ele era o responsável
por filtrar quem falava ou não com Bolsonaro, e tinha acesso privilegiado às
suas decisões, interesses e segredos. No seu aparelho, podem estar registradas
conversas comprometedoras com políticos, empresários, militares, assessores e
familiares do ex-presidente.
Entre os assuntos que podem vir à tona
estão: a interferência na Polícia Federal, às rachadinhas no gabinete de Flávio
Bolsonaro, o envolvimento com milícias no Rio de Janeiro, as fake news nas
redes sociais, os atos antidemocráticos contra o Supremo Tribunal Federal e o
Congresso Nacional, as denúncias de corrupção na compra de vacinas, a
negligência no combate à pandemia, a propagação de remédios ineficazes como a
cloroquina e a ivermectina, e até mesmo uma possível pista sobre o assassinato
da vereadora Marielle Franco.
O celular de Cid é uma bomba-relógio que
pode explodir a qualquer momento e causar um estrago irreparável na imagem e na
carreira política de Bolsonaro. Ele também pode ser uma prova contundente para
as investigações em andamento e para os processos judiciais que o ex-presidente
enfrenta na Justiça. Por isso, é fundamental que a PF faça uma perícia rigorosa
e transparente nos dados do aparelho, e que a sociedade civil e a imprensa
acompanhem de perto esse caso.
O Brasil merece saber a verdade sobre o que
aconteceu nos bastidores do poder nos últimos quatro anos. O celular de Cid
pode ser a chave para desvendar esse mistério e para fazer justiça aos milhões
de brasileiros que sofreram com as consequências das ações e das omissões do
ex-presidente Bolsonaro.
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